Ativista negro, embaixador e cidadão samba paulistano de 2004, Waldir Britto, o Dicá, é compositor, batuqueiro, passista e fundador da Velha Guarda da Rosas de Ouro, junto com a embaixatriz do samba Maria Helena. É pesquisador cultural e estudioso da cultura popular brasileira e afrodescendente.
Nesta quinta-feira (26) a série “Tbt SRzd” traz um dos textos do então colunista do SRzd, publicado em 2016, que aborda a evolução dos componentes na passarela do samba.
Quando se fala em “Escola” seja ela qual for somos de imediato somos levados a pensar que lá iremos aprender ensinamentos que professores, mestres, educadores e irão nos passar.
Nas escolas de samba não é diferente ou pelo menos não deveria ser. Quando vejo uma escola de samba desfilar, sou levado a pensar que está mostrando seus mestres, e os alunos o aprendizado. Aprendizado esse que espelha na formação e na grandeza dos mestres em suas fileiras.
Muitas vezes uma escola campeã em desfile é uma escola montada, genuinamente não é a melhor escola, pois a melhor escola é aquela que forma e mantém os grandes mestres disseminando seus saberes e por consequência formando alunos para manter e mostrar as fundamentais características hereditárias de uma escola de samba, é o que chamamos de tradição!
Hoje, em função das escolas de samba terem se tornado empresas, acabam buscando no “mercado de trabalho” os melhores profissionais para a obtenção do título de campeã ou no mínimo para permanecerem em seus grupos de desfiles. Cada ano que passa aumenta a busca por esses profissionais. Portanto nem sempre podemos afirmar que a escola campeã é a melhor escola de samba que ensina e forma alunos.
Para as escolas de samba formar, manter os alunos e seu corpo docente nos dias de hoje parece inimaginável. Devido a isso, muitas vezes somos levados a pensar que alguns títulos obtidos em desfile muitas vezes não exprimem a melhor escola de samba e sim o melhor espetáculo e muitas vezes que contratou ou manteve os melhores profissionais!
Dentro desse “vai da valsa”, dificilmente conseguimos identificar uma escola de samba através de suas características hereditárias, ou escola de samba com identidade, pois esse movimento migratório acabou tornado-as idênticas no jeito de desfilar, “batucar” e de compor suas trilhas sonoras.
Pois além de obedecerem a duros padrões impostos pelas normas de julgamento, há sempre um olhar criterioso e assimilativo sobre o trabalho da escola que defende o último campeonato, o “modus operandis” é sempre bem vindo.
Por vezes ouço pessoas que estão no comando das escolas de samba falarem que o desfile está muito técnico e qualquer “coisinha fora dos padrões de avaliação” pode determinar a perda de um título.
Então os desfiles de Carnaval que antes primavam pelo lúdico, pela beleza, alegria, samba no pé e identidade, estão cada vez mais focados num título muitas vezes triste, previsível e atado as amarras de normas de quem nunca sambou, cantou ou batucou.
Denotam pessoas que expressam um sorriso impostado pela falta de ginga, alegria e centrados quase sempre nos treinamentos aeróbicos exaustivos das academias de ginástica, mas jamais de escola de samba. Mãos para o alto, corpos eretos, balancem as cadeiras e batam palmas…
Aquele samba que nasceu descalço, fazendo suas batucadas em beiras de campos que originaram muitas das atuais escolas de samba, a cada ano some. Fica cada vez mais enlatado, travestido de falsa modéstia, acaba mostrando gente que sai dos desfiles sem derramar um pingo de suor, de samba, de ginga e de nada se há, veio da academia.
Podemos chama-las de escolas de desfile talvez? Escola de samba é outra coisa…
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