Rosas de Ouro divulga sinopse, formato do concurso de samba e logo do enredo 2021

Desfile 2020 da Rosas de Ouro. Foto: SRzd – Bruno Giannelli

“Sanitatem”, que significa “cura” em latim, é o título do enredo da Sociedade Rosas de Ouro para o Carnaval 2021.

Após ficar na sétima colocação do Grupo Especial paulistano em 2020 – clique aqui para relembrar o desfile – a escola buscará seu oitavo título no próximo ano.

Esse ano, em razão da pandemia da Covid-19, as eliminatórias de samba-enredo não vão acontecer no formato que a agremiação tradicionalmente faz. Foi anunciado durante a live realizada nesta sexta-feira (24), que o concurso será realizado através de audições internas, mas que haverá uma final com data, horário e formato ainda a serem definidos. A disputa será aberta para os compositores de todo o Brasil.

A azul e rosa também divulgou o logotipo e a sinopse da história desenvolvida pelo carnavalesco Paulo Menezes.

Leia a sinopse:

– Uma pequena conversa com Deus.

“Se eu quiser falar com Deus…
[…] tenho que ter mãos vazias
ter a alma e o corpo nus…”

Olá, meu Deus! Como está?
Estranhando eu falar contigo agora; né?
Mas não estranhe, pois esta nossa conversa não é para fazer um pedido; vim aqui somente para te agradecer. Sei que a sua bênção e sua proteção eu sempre terei.
A minha voz é uma entre milhares, mas sei que você me ouve.
Sabe, meu Deus, passamos por momentos difíceis, os dias não foram fáceis, porém sei que já enfrentamos coisas parecidas algumas vezes e sempre conseguimos encontrar um caminho, uma solução.
Alguns dizem que é obra de Deus; outros dizem que é a ciência, e os mais sábios dizem que é tudo isso junto, porque a cura de nossos males está nas mãos, nas mentes, na alma e na fé.
Mas sabe como é… No sofrimento, somente a cura do mal interessa.

“Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal…”

Às vezes, eu gostaria de ser como você: um Deus! E sair por aí ajudando e curando os males das pessoas. Pois, enquanto estamos curando o outro, ao mesmo tempo estamos nos curando. Pois eu creio que somos um, mas juntos somos um todo e esse todo é que faz a diferença, que faz a energia vibrar mais forte. Afinal, o homem foi destinado à alegria e assim merece ser.
Eu queria me sentir um deus, um ser mitológico, um salvador, um orixá…, cercado de mistérios, segredos, carregando meus búzios e cabaças, levando comigo fé, milagre, perdão e cura.
“Wá To To A Jú Gbé Rò”.

“E o amor é a própria cura
Remédio pra qualquer mal
Cura o amado e quem ama
O diferente e o igual…”

Desde os tempos pré-históricos, o homem se preocupava em derrotar as doenças e enfrentar a morte. Este talvez seja o maior desafio da humanidade desde então. E esse desafio, seja ele corporal, espiritual, seja sobrenatural, vai encontrando semelhanças entre várias civilizações. Para vencer esse desafio foram estabelecidos ritos, cerimônias e práticas religiosas, nas quais a participação do indivíduo o libertava dos males.
Por meio de rituais extraordinários, o homem sempre procurou se tornar o mediador entre os deuses, a natureza e a si mesmo. Em alguns momentos, tornando-se a própria divindade.
Eu queria viajar no tempo, ser sacerdote, xamã, monge ou espírito-guardião. Percorrer templos e santuários. Assistir a cerimônias, sacrifícios, banhar-me em rios sagrados, brincar com o fogo, beber águas purificadas…
Queria dançar e cantar ao som de tambores e maracas, invocando o sobrenatural e, através de oferendas, viajar a outros mundos, buscar a liberdade… Ganhar a eternidade!

“… E toda raça então experimentará
Para todo mal a cura.”

Eu queria me libertar de mim, poder me transformar em outros; ser uma entidade, bruxo, mago, pajé, feiticeiro. Enfrentar e exorcizar demônios. Encantar e dominar seres mitológicos. Levitar. Entrar em êxtase! Afastar o mal. Caminhar com a ciência, a magia, a feitiçaria, a religião e a natureza. Abrir as florestas, desvendar seus encantos e descobrir seu “ÀŞẸ”. Cercar-me e proteger com fetiches, amuletos, patuás e encantamentos. Queria unir o real e a fantasia; o mágico e o bárbaro e materializar o invisível.

“Acima de todas as crenças, ela representa uma proteção
A fé que move montanhas independe de credo ou religião
O equilíbrio existe entre o bem e o mal…”

“O homem precisa da fé até para crer na razão.”
A fé está muito além dos verbos crer, confiar ou acreditar. Ela independe de religião. Ela é a certeza da verdade; é o inexplicável.
E com fé eu queria orar, tocar, benzer, abençoar e curar. A fé nos permite isso.
A fé permite até que falsos profetas vendam a cura, ofereçam “rituais mágicos” em troca de dinheiro. A falsa fé enriquece.
A fé “opera” milagres.
Caridade, amor e doação: a fé nos leva ao bem.
Com as mãos eu posso curar, independentemente de ser um rei, um plebeu ou um padre. É a Imposição das Mãos. É o Toque Régio.
Com as mãos eu posso benzer, “tornar santo”. É como uma prece poderosa, de força e caridade, pela fé!
Mãos unidas em oração, mãos que se fecham em torno de velas. As mãos seguem um ritual de fé que se transforma em um ritual de cura. E seguem procissões, romarias, teatro, música e dança. É a luta do bem contra o mal, e com fé o bem sempre triunfa.
Mas a fé também santifica. Ela traz o silêncio, a oração, a paciência e a união, pois “ninguém se salva sozinho”.

“[…] São Rafael, saúde dos doentes, rogai por nós…
[…] São Rafael, cujo nome significa cura, rogai por nós…
[…] São Rafael, repleto da graça da cura, rogai por nós…
[…] Amém…”

Desde o início, ciência e magia caminharam junto. Misticismo, segredo, religião, astrologia e ciência em um único objetivo: a cura!
Pela religião, veremos os orixás e pajés em rituais de folhas; a alquimia, em busca da imortalidade; a medicina, buscando solução para pestes e epidemias; os cientistas, em rituais solitários nos laboratórios em busca de vacinas e remédios. São outros tempos, outros “sacerdotes”, outros rituais. Inclusive rituais de alegria para espantar a tristeza e desesperança de quem está em um hospital.
Até que ponto se separa ciência e crença?
Diversas descobertas científicas mudaram a história da humanidade e vêm salvando muitas vidas.
O ritual da ciência usa outros métodos, entretanto a essência é a mesma: a fé.
A fé em Deus, a fé no homem e a fé em si. Tudo é fé!
Afinal, a receita para a cura é… A cura!

“Pra que nossa esperança…
[…] seja mais que um caminho
que se deixa de herança.”

Sabe, meu Deus, lá no início quando eu disse que queria ser como você é porque eu também queria ser onipresente, estar pertinho abraçando cada cientista, cada médico e cada enfermeiro que lutam bravamente para curar o próximo.
Curar é um ato de amor! É esperança!
E que cada abraço tenha um desejo de: não desista!
Pois nós, sambistas, não desistiremos, afinal o carnaval é um ritual que cura os males… Os males da alma!
E agora, eu posso ver minha Roseira novamente em flor, desabrochando, feliz!
E como forma de agradecimento, deixo para você, meu Deus, uma Rosa.
Porque “Rosas” é a mais linda flor.
Venha conhecer!
Amém!

Paulo Menezes
em nome de toda a Nação Azul e Rosa.

Confira o logotipo:

Logotipo do Enredo 2021 da Rosas de Ouro. Foto: Divulgação.

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