‘Quem não se comunica se trumbica’; escolas de samba estão prontas para a comunicação?

O carnavalesco Marco Aurélio Ruffinn traz mais um texto para os leitores do SRzd.

A coluna é publicada semanalmente, às quintas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

‘Quem não se comunica se trumbica’; escolas de samba estão prontas para comunicar-se?

Comunicação.

A ação de transmitir uma mensagem.

Composta por três elementos básicos; emissor – mensagem – receptor.

Campo do conhecimento tão importante nas relações humanas nos seus mais diversos aspectos, ela também faz parte do Carnaval, ou pelo menos, deveria.

Lá atrás, o Império Serrano inspirou-se em Abelardo Barbosa, o Chacrinha, um dos maiores comunicadores do país, ao cantar o enredo; “Com a boca no mundo, quem não se comunica se trumbica”, de Ney Ayan.

Uma década depois, em 1996, João Trinta, abordou a mesma temática em Sampa, com a Nenê de Vila Matilde.

Mas será que nossas escolas de samba, dirigentes e sambistas estão prontos para entender esse processo?

O advento da Internet revolucionou esta questão.

Recordo tempos remotos, onde o rádio e o jornal eram os canais de registro dos desfiles carnavalescos.

Depois veio a televisão. Cada um destes veículos impôs aos público e ao mundo do samba sua marca, seu estilo.

O jornal noticiava a festa e por muito tempo foi o único veículo a cobrir os eventos de Momo. Corríamos para as bancas de jornal em busca de imagens para saber como havia sido o desfile das grandes escolas.

A mídia impressa também era a grande responsável pela crítica.

Com o início das transmissões dos desfiles pelas estações de televisão, o Carnaval ganhou novo significado.

Acompanhamos essa transformação.

Com o surgimento das cores em imagens o espetáculo explodiu em audiência e emoção.

Mas tudo era cíclico. Informação mesmo, apenas no entorno dos dias da festa popular. Durante o ano todo, pouco se falava, e se fala, de Carnaval. Sambistas órfãos, ávidos por notícias.

Voltemos ao presente.

Com a Internet vivemos o agora, o imediato, estamos on line, o tempo todo.

Sabemos tudo o que acontece, ou quase tudo. 24h por dia, num turbilhão de informações e notícias.

E mais! Hoje o internauta também é um produtor de conteúdo e dissemina os fatos que envolvem esse universo em suas páginas pessoais nas redes sociais, alimentam páginas para debater o tema e até criam pequenos sites abastecidos por voluntários apaixonados pela folia.

A verdade é que os grandes grupos de comunicação ainda se interessam pouco pelo segmento.

Mas qual o motivo deste fenômeno?

Emissor – mensagem – receptor. Lembram?

Dirigentes e escolas de samba estão sabendo comunicar-se?

A cada crítica, a cada fato negativo, como reagem? Existe realmente o interesse da presença da grande imprensa na estrutura do Carnaval?

Nesse contexto, façamos uma rápida pesquisa e descobriremos que a maioria esmagadora das agremiações de São Paulo não possuem seu próprio site oficial atualizado!

Tudo é feito assim, um post no Facebook! E se um dia o face sair do ar?

Além disso, possuem as escolas departamentos de comunicação estruturados, com profissionais habilitados? Capazes de decodificar fatos, positivos ou negativos, antes de que eles cheguem ao público de forma deturpada?

Será que estão vendendo de forma atraente toda essa fascinante engrenagem do samba?

Com tantas possibilidades tecnológicas, o fato é que ninguém mais esconde a sujeira embaixo do tapete.

Portanto, é preciso preparar-se. A comunicação é uma ferramenta poderosa, e quando não usada, causa estragos.

Afinal, cantou o Império em 1986; “Quem não se comunica se trumbica”.