Quais as juras que você já fez pela sua escola de samba?

Odirley Isidoro publica mais um texto em sua coluna no portal SRzd.

Natural de São Paulo, nasceu no bairro do Parque Peruche, na Zona Norte da cidade. Poeta, escritor, pesquisador e sambista. Ao longo de sua trajetória, foi ritmista das escolas de samba Unidos do Peruche e Morro da Casa Verde, além de ser um dos fundadores da Acadêmicos de São Paulo.

As publicações são semanais, sempre às terças-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Quais as juras você já fez pela sua escola de samba?

Você se lembra das últimas juras que fez?

“Eu pensei, não vai mais acontecer, aconteceu. E jurei, mas jurar adiantou, aqui estou de novo como pôde acontecer… Se eu jurei, mas jurar não é o que faz um coração, não tem nada demais, todo mundo jura e não faz…”

Perambulando entre as ruas do Centro da cidade esta semana fiquei observando o vai e vem das pessoas, dos ambulantes. Entre tantos gritos de refrigerante e água me perdi naquela multidão da plataforma do Metrô.

Fiquei refletindo sobre tantas e tantas juras que fazemos pela vida, por alguém, por amor…

Quantas vezes juramos, juramos… E?

Pulamos sete ondas, usamos moda íntima em cores claras e comemos até lentilha buscando a sorte e jurando que o ano novo vai ser diferente. Mas para o sambista esse juramento começa sempre após a apuração.

Começa com a apreensão durante a leitura das notas e termina, muitas vezes, entre a euforia pela conquista e a decepção seguida de um dicionário extenso de revoltas.

Alguns deitam, rolam, choram, se abraçam em seus pavilhões e dizem em alto e bom som que nunca mais vão passar por isso! Mas com o passar do tempo suas palavras são traídas por algo chamado amor!

Ah, o amor!

Amor que muitas vezes não tem tradução. É como se por um momento apenas você o entendesse, como se ele fosse algo palpável capaz de se guardar dentro do bolso!

Assim também é no Carnaval. Se misturam e rasgam as palavras, e a fantasia!

Estamos na época em que o celular “bomba”! Uma enormidade de sambas de enredo começam a chegar.

Você segura a onda e mantém o coração quieto dentro do peito. Alguns, até comentam com os amigos que este ano vão cumprir a promessa, e só vão aparecer perto do desfile.

Só que aí, você recebe os sambas de sua escola… É meu amigo! Foi isso que eu escrevi: Da sua escola!!!

O coração no alusivo já identifica a batucada e aí, babou… Adeus juras!

Mas não tenha vergonha e nem precisa de óleo de peroba. Acredite, todo mundo já cometeu tal desatino, seja com o Carnaval, no amor, enfim…

Pense que você tentou! Afinal de contas, é difícil largar um amor de tantas vidas no altar com o buquê na mão. O que o samba uniu nada separa, será?

Tomara que não!

Desejo que não seja mais uma promessa ou que venha a cometer a heresia de fazer novas juras e não cumprir, afinal de contas, em se tratando de samba é “melhor ficar com você dentro do peito, diga o defeito, diga o jeito de curar teu coração, diga tudo mas não diga não”.

E que dentre tantas juras de amor, de afeto, de carinho com as velhas guardas, os baluartes e os diversos pavilhões espalhados por esta “Terra da Garoa”, lembre-se, que a maior jura que você pode fazer à sua escola é estar lá para socializar e ser feliz!

Seja bem-vindo Carnaval 2019!

*Texto inspirado na canção “Juras”, de Marcos Mattoli e Marcos Azambuja

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