Odirley Isidoro publica mais um texto em sua coluna no portal SRzd.
Natural de São Paulo, nasceu no bairro do Parque Peruche, na Zona Norte da cidade. Poeta, escritor, pesquisador e sambista. Ao longo de sua trajetória, foi ritmista das escolas de samba Unidos do Peruche e Morro da Casa Verde, além de ser um dos fundadores da Acadêmicos de São Paulo.
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Em 7 de fevereiro de 1991, às 20h30, a escola de samba Malungos fez um desfile inaugural e, na mesma data, a Rosas de Ouro fez o que chamamos de primeiro ensaio técnico.
Numa tarde chuvosa do dia 8 de fevereiro de 1991 a fita fora cortada e estava assim oficialmente inaugurada a “Passarela do Samba”, cheia de improvisos e sem estar totalmente concluída. O povo recebeu a novidade de braços abertos e com olhares curiosos.
À margem do rio Tietê, sofria com as invasões de jacarés e nas beiradas amadeiradas da Avenida Olavo Fontoura os caminhões da companhia de luz e telefonia se desdobravam entre seguranças, operários e curiosos que não acreditavam que tudo ficaria pronto em tempo.
Mesmo com a iluminação ruim, deu tempo!
Para chegar nas arquibancadas os sambistas atravessavam um mar imenso de lama.
Em volta de todo o delicado trabalho efetuado pela Prefeitura, um mundaréu de barro acumulava nos fossos laterais da pista e, no meio da Avenida, um time forte retirava com rodos a água acumulada depois da execução da obra para implantação da pista.
Na véspera dos desfiles a Anhembi Turismo não tinha uma posição sobre como seria a venda dos ingressos e no começo da semana, prevendo prejuízo, repassou 18 mil bilhetes para as escolas venderem com um preço diferente do ofertado no sambódromo. Tentaram preencher esta lacuna, porém, a tentativa saiu pela “culatra” e muitas escolas devolveram quase que em sua totalidade as entradas.
O que se viu foi uma boa parte do público fazendo “vaquinha” para garantir um camarote.
O clima não era dos melhores na relação público e evento. O mal tempo que assolava a cidade e os preços altos cobrados só permitiram que 65% das arquibancadas fossem vendidas.
A recessão tomava conta do país e o Plano Collor era o assunto do momento. Graças as desventuras financeiras, as escolas trocaram os paetês por tecidos, usaram imitações e muita palha!
Até o gelo seco foi trocado por óleo diesel.
Realmente fora o Carnaval do bom, bonito e barato. A dimensão da passarela ainda permitia ziguezaguear e o recuo da bateria, que ficava posicionado onde hoje é atual arquibancada monumental, fazia com que o samba ecoasse até o Rio Tamanduateí.
Na pista, Camisa Verde e Branco e Rosas de Ouro mostraram de longe que estavam mais preparadas para disputar o título.
Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde, Mocidade Alegre e Unidos do Peruche até desfilaram de forma ajustada, mas não provaram na Avenida que seriam capazes de levar a taça. As recém-chegadas Passo e Águia de Ouro retornaram ao então Grupo I.
Dias depois, o resultado se confirmou e no palco novo o resultado fora o mesmo do ano anterior: Camisa Verde e Rosas de Ouro terminaram empatadas, campeãs.
A festa na Barra Funda e na Brasilândia manteve o sorriso de Simone Thobias e Eduardo Basílio, mas a maior vitória foi do Carnaval.
Hoje, após 27 anos, percebemos que aquele 8 de fevereiro foi o primeiro passo para a modernização do Carnaval.
O resto, o tempo e a história escreveram!
Como diz a canção: “É de sonho e de pó… ”. Assim nasceu o Anhembi.
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