Paulo Menezes: ‘A Rosas de Ouro vai exaltar a luta do negro pelo reconhecimento’

Paulo Menezes. Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Paulo Menezes. Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Dois anos após sua contratação – realizada em março de 2020 – o carnavalesco Paulo Menezes pôde, enfim, colocar seu projeto da Sociedade Rosas de Ouro na Avenida neste ano. Com o enredo “Sanitatem”, a agremiação ficou na nona colocação no último Carnaval.

Se preparando para o seu terceiro desfile na cidade de São Paulo, o primeiro foi em 2020 pela Gaviões da Fiel, o artista declarou ao SRzd que já se considera um cidadão paulistano e demonstrou estar totalmente adaptado na nova casa.

“O primeiro ano é sempre de adaptação. E estes dois primeiros anos foram muito difíceis, um período de incertezas, a gente nunca sabia se ia conseguir desfilar na data certa, mas também deu pra conhecer bastante a escola e a escola me conhecer. Hoje a gente já fala a mesma linguagem”, revelou.


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Menezes comentou a mudança da azul e rosa para a Fábrica do Samba 1 – local feito para abrigar os barracões das 14 escolas de samba do Grupo Especial –  que foi entregue por completo após a finalização das obras em março.

“Voltar para a Fábrica do Samba é o céu. Lá você está protegido de tudo. Claro que agora vai existir o período em que a escola vai descobrir o que é bom e o que é ruim, porque cada escola tem uma estrutura de trabalho diferente. Neste ano, especialmente, é um período de adaptação da escola com a estrutura que ela está recebendo, mas com certeza é muito melhor do que o barracão que a gente trabalhou no ano passado”, afirmou o carnavalesco, que já atuou no local quando defendeu a Gaviões.

Desfile 2022 da Rosas de Ouro. Foto: Cesar R. Santos/SRzd
Desfile 2022 da Rosas de Ouro. Foto: Cesar R. Santos/SRzd

Carnaval 2023

A Sociedade Roseira tem como enredo no Carnaval 2023: “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”.

O tema nasceu do samba concorrente composto por Arlindo Cruz, Fabiano Sorriso, Pedrinho Sem Braço, Paulinho Sampagode e Osmar Costa – atual vice-presidente da Roseira – derrotado na disputa das eliminatórias para o Carnaval 2006, que tinha como tema “A Diáspora Africana, um crime contra a raça humana”.

Paulo explicou que ele já tinha este enredo guardado há muito tempo: “Muita gente já falou de negro, de escravidão, mas não me lembro de ninguém que tenha falado da luta do negro pelo reconhecimento, pela igualdade, por todo este momento que a gente vive. Este enredo trata, principalmente, da luta do negro para ter o seu espaço reconhecido, para ter sua posição reconhecida.”

Em recente entrevista ao SRzd, Osmar Costa revelou que a ideia de levar este samba para o Sambódromo do Anhembi partiu do carnavalesco. Segundo Menezes, o vice-presidente foi o único contra a ideia, justamente por ele ser um dos autores da obra.

“Todo mundo gostou da ideia, mas o Osmar foi muito reticente. Eu entendo o posicionamento dele. Poderia parecer para as pessoas que era uma imposição dele e na realidade ele foi o único voto contra, porque ele achava que poderiam pensar isso. E acho que ninguém pensou”, declarou.

Fabiano Sorriso e Osmar Costa. Foto: Guilherme Queiroz/SRzd
Fabiano Sorriso e Osmar Costa. Foto: Guilherme Queiroz/SRzd

O samba foi interpretado pela ala musical liderada pelo icônico Royce do Cavaco, junto da Bateria com Identidade, comandada pelo mestre Rafa, no final do mês de agosto na quadra da Roseira, na Zona Oeste da capital. Segundo o carnavalesco, as adaptações da canção foram realizadas para casar com as lutas atuais do povo preto.

“Os problemas raciais de 2006 evoluíram muito para 2023. Mudou o pensamento de quem luta, do povo preto, então a gente faz algumas alterações no samba para trazer ele mais pra dentro do processo atual”, finalizou.

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