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Para ‘curar’ a homossexualidade, o melhor remédio é sambar!

O carnavalesco Marco Aurélio Ruffinn traz mais um texto para os leitores do SRzd.

A coluna é publicada semanalmente, às quintas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Para ‘curar’ a homossexualidade, o melhor remédio é sambar!

Nem parece que estamos chegando a um quarto de século do novo milênio.

A polêmica envolvendo o campo de ação dos psicólogos, se podem ou não curar a homossexualidade, como se fosse uma doença, viralizou de forma positiva nas redes sociais.

A chamada “cura gay” é algo defendido e promovido, por exemplo, por alguns grupos evangélicos e outras correntes religiosas, e nos últimos dias ganhou coro em um despacho de um magistrado.

Isso levou a desestruturação do aspecto positivo dessa discussão, pois a psicologia pode sim trazer contribuições aos gays com problemas em aceitar sua condição por possíveis pressões, sejam elas sociais ou familiares. Alguém ainda realmente acha que o homossexual muda sua orientação como num simples comando? Não é possível entender a essência de cada indivíduo?

A mentalidade tupiniquim insiste em não evoluir.

Considerar a homossexualidade doença, é um tanto fora da órbita.

Isso ficou no passado.

Para curar essa insanidade, o melhor remédio é sambar!

Voltando um pouco para o nosso terreiro, lembro que desde sempre o samba abraça a todos, sem distinção. Não poderia ser diferente, a escola de samba nasceu na marginalidade, aos olhos da sociedade, e era comum, no exercício da negritude, agregar todos que sofriam algum tipo de preconceito.

Ver gays, travestis e transformistas nos ensaios, era comum.

Além disso, os gays sempre tiveram um papel importante no Carnaval brasileiro; como dançarinos, destaques, estilistas, aderecistas, costureiros, coreógrafos, atores ou carnavalescos, os responsáveis pela concepção dos desfiles.

A transformação do Carnaval em um grande espetáculo aconteceu, principalmente, pelas mãos, mentes criadoras e talento desses artistas, em sua esmagadora maioria, homossexuais. Ainda bem que eles não foram “curados”, o espetáculo agradece!

A presença de gays no Carnaval é tamanha que inspirou a criação, em janeiro de 2008, da primeira escola de samba gay de São Paulo, a Arco-íris, que desfila pelo centro da cidade.

Mais tarde e no mesmo ano, nasceu outra agremiação; a Monalisa Paulistana, composta exclusivamente por foliões da comunidade LGBT.

Em outras palavras, a única agremiação 100% gay da capital.

Há alguns anos, juntou-se a Flor da Zona Sul e desfilará sob o nome; Flor da Zona Sul — A Monalisa.

E não para por aí, em 2018 Miguel Falabella será enredo da campeoníssima Unidos da Tijuca. Certamente tietarei por lá!

Só assim para suportar o preconceito, esse sim, precisa de cura!

Em tempos onde a humanidade, numa visão global da nossa existência, está diante de tantos e alguns antigos dilemas, devemos voltar nosso conhecimento e nossa disponibilidade para questões mais amplas.

Que tal começar pelo respeito? Respeito pela diversidade, pelo amor e pela individualidade. Ou até mesmo no aspecto mais sublime do ser humano, que é a capacidade de amar, independente do formato ou contorno, será punido? Também vamos querer ‘curar’ o amor?

Redação SRzd

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