Ednei Mariano está em sua quarta temporada no portal SRzd trazendo sempre o universo da arte da dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira.
As publicações são semanais, sempre às sextas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!
Os braços se abriram na postura do redentor.
Do seu peito, raios de luz, armadura de guerreiro e pronto para marchar em busca da conquista.
O primeiro ato desta caminhada estava ali, este, é sentido de proteção. Nesta posição, ninguém vai chegar ou arrebatar o tesouro maior.
As cenas se desenrolando. Vi passo a passo traçando um círculo que se fechava como labaredas de fogo. Estava ali, ele; 360º.
Nesta situação seria difícil qualquer assédio. Cena seguinte, giro muito rápido no próprio eixo, ele, ágil como um saca-rolhas a devassar a garrafa para encontrar e expor o fino vinho.
Este volume de dança termina com um meio cambre, meus olhos anteviam o corpo no chão, mas o ágil dançarino desdobra a coluna vertebral e se apruma como um grande fidalgo.
Seguro, seu corpo fica na vertical, lança um sorriso desafiador, meus olhos enxergaram o lenço branco, tão comum em tempos idos para esconder a navalha, mas que hoje é o cortejo daquela a quem conduz.
Começa uma briga frenética nos pés, em tranças rasteiras, passos impressionantes e rápidos lembrando o frenesi da capoeira, todo corpo respondia aquele frisson, o belo sapato de verniz é espelho nestes rápidos movimentos.
O belo terno de fina estampa, marca o contorno do belo. Enquanto penso, os movimentos vão suavizando, corpo se recompondo, começa aí um cortejo lento e marcante, compasso coreográfico lembrando a dança do minueto, de um Brasil colonial.
A feição de batalha, dá lugar a altivez de um belo nobre, assim, lentamente ele pega na ponta do pavilhão e nos apresenta o seu símbolo máximo, a razão de sua existência.
Este é o mago, o eleito entre muitos para a proteção do tesouro maior das nossas escolas de samba. Abram-alas porque este iluminado é o mestre-sala!
Herdou este nome dos tempos de um Brasil Imperial, quando aqueles que se destacavam, recebiam o nome de mestre, eles introduziam os convivas aos salões de festas e aos saraus, hoje, eles conduzem a primeira dama. Há cinquenta anos estes homens vêm cruzando nosso asfalto como maestros.
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