Mestre Mercadoria desabafa e faz alerta aos diretores de harmonia: ‘Estamos perdendo componentes’

Raimundo Pereira da Silva, o Mercadoria, no desfile 2019 da Rosas de Ouro. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

Na última segunda-feira (25) foi comemorado o Dia do Harmonia. Um dos nomes de maior referência neste segmento no Carnaval de São Paulo responde pelo nome de Raimundo Pereira da Silva, o mestre Mercadoria.

Pai de uma família de sambistas, a trajetória de Mercadoria teve início aos dez anos de idade e se confunde com o crescimento, mudanças e profissionalização do samba paulistano.

Com passagem por diversas agremiações, trabalhos para a Liga Independente das Escolas de Samba e atuações como palestrante de diversos temas ligados ao Carnaval, é considerado pelos sambistas como um dos principais expoentes da história e evolução da folia paulistana.

Em seu currículo, que contabiliza mais de cinquenta anos de vivência nos bastidores do maior espetáculo cultural do planeta, Mercadoria é considerado como uma das lendas vivas do samba.

Em entrevista ao SRzd, ele falou sobre a origem da função e ressaltou a importância do trabalho de direção de harmonia nas escolas.

“Ser harmonia é uma função ingrata mas gratificante”

Se por um lado a organização e o profissionalismo se agigantou no Carnaval de São Paulo nos últimos anos, as transformações ocorridas na dinâmica dos desfiles preocupa Mercadoria, que também se diz aborrecido com a falta de respeito e reconhecimento do trabalho feito pelos diretores de harmonia nas agremiações.

“Estamos perdendo componentes para os blocos”

“Passam todas escolas iguais na Avenida, parecendo procissão ou desfile militar. O público está cansando de ver isso na Avenida. Tá na hora de alguma coisa ser feita. Os diretores precisam se reunir e fazer um trabalho para que se possa mudar isso. Já briguei muito por isso. Estamos perdendo componentes para os blocos. Basta ver a frequência nas quadras. O componente precisa de liberdade para desfilar feliz”, disparou.