Mauro Quintaes: ‘Não existe enredo ruim, existe enredo mal desenvolvido e escrito’

Mauro Quintaes. Foto: SRzd – Nicolas Barbosa

Ao lado de Leandro Barbosa, o carnavalesco Mauro Quintaes irá assinar o desfile da Império de Casa Verde no Carnaval de 2021. Apresentado oficialmente pela diretoria no dia 17 de março, o artista, que contabiliza mais de trinta anos de carreira, participou de um bate-papo na noite desta segunda-feira (6) através da página da escola no Instagram.

Durante a conversa, conduzida pelo assessor da agremiação, Pedro Migliolli, Quintaes respondeu questões diversas elaboradas pelos participantes. Ele garantiu que o gigantismo e impacto das alegorias, marcas da agremiação, estão garantidas no próximo desfile e ressaltou não ter vaidade em dividir o trabalho no desenvolvimento do projeto com Leandro, que já atuava pela azul e branca.

“É uma escola de ponta e que vem pra brigar. É este tipo de escola que gosto de trabalhar. Uma agremiação com três títulos no Carnaval de São Paulo e que investe para disputar o título. Trabalhar com o Leandro, não será problema. Trabalharemos com a mesma cabeça e com muita humildade”, disse, sem esconder a satisfação pelo novo desafio profissional.

Mauro Quintas e Leandro Barboza. Foto: Divulgação.

Segundo o colunista Leo Dias, o humorista e influenciador digital Carlinhos Maia, será enredo do Tigre no próximo ano. Além dele, diversos influenciadores, antes mesmo da era digital serão homenageados.  De acordo com a publicação, a história começará falando de Jesus Cristo, o maior influenciador de todos os tempos. Esta informação foi compartilhada no dia 2 de março. Na ocasião, a assessoria da Império de Casa Verde informou que não havia nada concretizado sobre o te a do Carnaval 2021.

Questionado se já está trabalhando em cima de algum enredo, Mauro respondeu da seguinte forma: “Enredo é um coisa que tem que ser pensado com calma e tenho certeza que a escola vai pensar com calma. Não existe enredo ruim, existe enredo mal desenvolvido, existe enredo mal escrito, então acho a função também da direção artística da escola é pegar o que for e transformar num belo trabalho. O que vier a gente vai desenvolver com o mesmo carinho e amor. Um bom texto gera um bom samba-enredo. Um bom samba-enredo gera um bom desfile e um bom desfile gera alegria de uma comunidade e a partir daí, a alegria nos leva ao campeonato”.

Outras questões abordadas

A respeito de um tema afro o próximo Carnaval, Quintaes afirmou que “nem toda escola tem perfil de enredo afro”, mas que enxerga essa possibilidade: “Todo mundo almeja um enredo afro. Nem toda escola tem perfil de enredo afro. Vejo em São Paulo escolas que não tem o menor perfil de enredo afro. Não tem personalidade africana. Acho que o enredo afro tem que entrar no coração da comunidade. Acho que nós do Império poderíamos sim pensar num enredo afro, já tenho até umas ideias. Quem sabe a gente não consegue colocar esse ano”.

Sobre reedição de enredo, o carnavalesco ressaltou que talvez até gostaria de fazer uma releitura de seus trabalhos “mal compreendidos”, mas que, em linhas gerais, é indiferente quanto a gostar ou não: “Não vejo problema, mas também não vejo tanta necessidade”.

Ao responder a pergunta sobre onde as escolas de samba de São Paulo pecam, Mauro Quintaes fez uma crítica ao formato de julgamento.

“Temos que julgar os artistas e as temáticas sim, mas temos esquecer a rigidez com pequenos detalhes que não levam a nada. O Carnaval é muito maior do que um espelho pendurado, uma pedra que caiu, ou um piso que descascou após 10 dias de chuva, por exemplo. É um crime você jogar fora o trabalho de uma comunidade inteira por algo mínimo. Pelo amor de Deus. Não sei onde começou essa rigidez marcial. O Carnaval é muito maior do que isso”, disparou.

Mauro Quintaes. Foto: SRzd – Bruno Giannelli

Sobre o momento atual em que o país vive em razão do avanço do Coronavírus e das medidas recomendadas pelas autoridades em razão da pandemia, Mauro foi objetivo ao responder um questionamento sobre os próximos passos de preparação do próximo Carnaval.

“Tudo é dúvida. Por mais que eu, o Leandro, o presidente, e todos da escola estejam ansiosos para começar, não sabemos ao certo a extensão de toda essa pandemia”, completou.

Com o enredo “Marhaba Lubnãn”, o “Tigre” ficou na nona colocação do Grupo Especial paulistano neste ano. Clique aqui para relembrar o desfile.




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