Leia a sinopse do enredo da Pérola Negra para o Carnaval de 2020

Logotipo do enredo da Pérola Negra 2020. Foto: Divulgação

Logotipo do enredo da Pérola Negra 2020. Foto: Divulgação

Campeã do Grupo de Acesso em 2019, a Pérola Negra vai apresentar em seu retorno ao Grupo Especial no próximo ano o enredo “Bartali Tcherain – A estrela cigana, brilha na Pérola Negra!” .

O desfile, que irá homenagear a história do povo cigano será desenvolvido pelo carnavalesco Anselmo Brito, que assinará o seu quarto projeto consecutivo na agremiação.

Na última quinta-feira (25), a diretoria recebeu os compositores para explanação do tema e detalhamento de como será o concurso para escolha do samba-enredo.

A entrega das obras concorrentes está marcada para o dia 25 de agosto de 2019. O concurso será dividido em duas etapas. Na primeira, os inscritos serão submetidos a audições internas.

Até o dia 5 de setembro, serão anunciados os classificados para se apresentar em até duas ocasiões (semifinal, no dia 8 de setembro e na final, no dia 15 de setembro). Local e horário serão definidos. Caberá aos autores dos sambas cuidarem das apresentações da segunda fase (escolha de intérpretes e acompanhamento harmônico).

O júri será formado pela diretoria da escola e comissão de Carnaval 2020. Para a grande final, a comissão julgadora será composta pela diretoria da agremiação, comissão de Carnaval 2020 e integrantes dos setores da entidade.

Leia a sinopse:

Há 5000 anos começou a diáspora do povo misterioso “Romani ou Roma”, conhecidos popularmente como ciganos, que, guiados por sua estrela da sorte, “Bartali Tcherain”, partiram do noroeste da Índia para adotar o mundo como sua pátria.

Povo de língua ágrafa (sem escrita), suas histórias sempre foram transmitidas de geração para geração pela tradição oral, o que cria muitas lendas.

Entre tantas histórias, conta-se que o povo cigano fazia parte de uma Casta de guerreiros que teriam abandonado a Índia, quando o sultão Mahmud Ghazni invadiu e dominou todo o norte da Índia expulsando-os e deixando-os sem pátria. Começa assim a peregrinação desse povo pelo mundo, carregando suas tradições e cultura em baús cheios de memórias, regados por música, alegria e lealdade a suas raízes, transportando seus sonhos em grandes comboios de carroças, espalhando mistério e magia por onde passam, tendo como companheiros Kan e Chonuto, “Sol e a Lua”, o dia e a noite, em direção a novos horizontes.

O caminho é longo e árduo, afinal, conviver com outras culturas sempre traz muitos desafios, mas, esse povo destemido e livre segue sua jornada e atravessa o deserto rumo ao Egito. O império egípcio vive, por volta de 2.500 a.c., um tempo de suntuosidade e crescimento e, nessa terra de prosperidade, os ciganos desenvolvem atividades como comerciantes, artistas dentro de palácios e ainda se destacam como exímios ferreiros, mas, momentos difíceis marcam a história desse povo, que tão ligado à liberdade sofre um duro golpe desferido pelo faraó Djoser, a escravização dos ciganos, sofrendo, pela segunda vez, a discriminação devido à ignorância de outros povos.

Os ventos sopram e determinam que é necessário buscar novos caminhos e, novamente guiados pela estrela da sorte “Bartali Tcherain”, lançam-se em uma jornada protegidos por Santa Sara Kali, rumo à Europa, pelo Mar Mediterrâneo, em companhia dos Mouros.
O encontro entre culturas se faz claro, pois um povo exótico, livre, caloroso e destemido, com sua cultura peculiar marcante e seus hábitos tão distintos se chocam com a frieza e austeridade dos europeus, o que causa estranheza e temor, gerando conflitos e uma nova onda de perseguição. Caçados pela Igreja, são queimados em fogueiras como hereges e bruxos.

A magia e a arte divinatória que marcam a história dos ciganos foi muito discriminada e incompreendida atraindo ignorância e perseguição, mas traz também todo um mistério e beleza de um povo poderoso e sábio que carrega em suas memórias conhecimento e sabedoria dos inúmeros lugares pelos quais passaram.

Apesar de serem hostilizados, o povo Roma deixou a sua arte e cultura na música, dança e imortalizou a figura de grandes personagens que marcaram e honraram sua história. Depois do terrível episódio da inquisição católica, os ciganos se reergueram, e muitos se fixaram e residem nesse continente até hoje.

No entanto, no século XX, outro episódio tenebroso assolou a história desse povo tão poderoso. Na Segunda Guerra Mundial uma perseguição de imensas proporções recaiu sobre os ciganos que foram aprisionados e mortos. O holocausto deixou uma profunda cicatriz em toda a humanidade, no entanto no povo Romani, a marca foi profunda em seus corações, famílias inteiras foram privadas de sua tão amada liberdade, um flagelo que até hoje ecoa na memória desse povo.

Apesar desse grande golpe, o povo Romani sobrevive com sua força e lealdade às suas tradições.

Alguns grupos insistem em se manter na Europa e outros abrem caminho para novas jornadas, agora o mundo é seu destino de chegada.

Dessa vez chegam a terras tupiniquins carregando toda a sua tradição ao som de violinos e castanholas e trazendo em sua bagagem as marcas da história, mas, de coração aberto para novas aventuras e a certeza de um novo amanhã, onde vão desfrutar de sua liberdade e dos laços familiares tão sagrados. Em devoção a Santa Sara Kali, o povo Roma mais uma vez se curva agradecendo e pedindo a sua proteção para o novo recomeço.

O Brasil, mesmo com tantas contradições e culturas, ganhou lugar de destaque, já que foi o único país do mundo onde um Romani chegou à presidência, Juscelino Kubitschek.

Lembramos também outro episódio de destaque, quando o Roma Mio Vacite enviou uma carta ao então Presidente, Ernesto Geisel: “Encontramos o paraíso e a segurança neste país, chegamos até aqui orgulhosos pois, ainda que nos tenham perseguido por toda a história, nossa bandeira jamais fora manchada com o sangue dos inocentes.”

Aqui os Romani começaram uma nova página de seu livro da vida, traçada pela força de um povo que reconhece o mundo todo como sua pátria e traz, para florescer nossas terras, a beleza, o mistério e a magia dos povos ciganos.

No Carnaval 2020, a Pérola Negra recebe o povo cigano com festa para celebrar a sua história milenar.

E hoje, na passarela do samba, a Joia Rara celebra o povo cigano, sua história de liberdade, uma nação que durante sua jornada sempre lavantou a bandeira da paz.

Hoje a alma cigana explode os corações da Vila Madalena de alegria.

Optcha, Pérola Negra!!

Em 2020 a Pérola Negra será a primeira escola a se apresentar no sábado, dia 22 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi, pelo Grupo Especial paulistano.

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