Intérprete Edson Dino revela porque deixou Carnaval e exalta Royce do Cavaco: ‘Nunca me deixou de lado’

Edson Dino. Foto: Reprodução/YouTube

Baiano, da cidade Alagoinha, Edson Dino teve o primeiro contato com o mundo do samba aos 10 anos, quando passou a frequentar Flor da Penha, na Zona Leste de São Paulo.

Após passar um período longe da folia, o compositor colocou duas obras de sua autoria no “Festival JB Sambar”, ainda na década de 90. Depois disso, recebeu um convite do então diretor de harmonia da Mocidade Alegre, Toninho Paiva para participar da ala de compositores.

Em 1993, Edson concorreu nas eliminatórias da “Morada do Samba”, com o título “Marabha, Pérola do Oriente”. No ano seguinte, ao lado de Eric Lisboa, Almir e Franco, assinou o samba campeão da Rosas de Ouro, que tinha como enredo uma homenagem à cantora Ângela Maria.

Após se sentir “injustiçado” nas eliminatórias para o Carnaval de 1996 da Rosas de Ouro, Dino se transferiu para a X-9 Paulistana, a convite do então presidente Laurentino Borges Marques, o Lauro. Na escola da Zona Norte, além de ser integrante da ala musical, já se tornou presidente da ala dos compositores no ano seguinte.

Em entrevista ao SRzd, o sambista de 58 anos de idade, falou o que motivou o seu afastamento do cargo de intérprete, exaltou Royce do Cavaco e deu um recado para os atuais cantores das escolas de samba.

Edson Dino na premiação do Carnaval 2000. Foto: Arquivo pessoal

Integrante da agremiação da Parada Inglesa até 2007, o cantor revelou o que motivou sua saída naquela oportunidade.

“Havia me separado da minha esposa na época e a nossa filha ficou comigo, ela tinha apenas 2 anos de idade, que eu criei sozinho com a ajuda de Deus até os 12 anos. Muitos falavam assim pra mim: ‘poxa você demorou pra chegar e agora que você chegou, vai largar?’. Eu respondia: assim como eu esperei, tem muita gente esperando, é só outro assumir. Eu vou cuidar da minha filha’”, expôs.

Após se afastar do mundo do Carnaval e se mudar para a cidade de Porangaba, interior do estado de São Paulo, o motorista de ambulância aposentado encontrou “um campo vasto para explorar” e se aventurou em outros segmentos da música.

“Eu fiz moda de viola, axé, paródias, eu me descobri como compositor e que eu era capaz de percorrer todas as vertentes. Quando eu estava ali na escola de samba eu era exclusivamente escola de samba, só que eu era capaz, eu sabia que eu tinha capacidade de fazer outras coisas”, afirmou.

“Sempre fui um cara pé no chão, eu nunca deixei o sucesso subir a minha cabeça. Eu sou concursado pelo Hospital das Clínicas, trabalhei no estado de São Paulo 31 anos e hoje eu vivo da minha aposentadoria. Eu não abandonei o meu trabalho pra viver no samba, porque eu sabia que o samba era uma coisa passageira, hoje você está em cima e amanhã você está embaixo. Sempre mantive o meu trabalho. Quando eu precisava viajar, eu pedia licença e me afastava, mas sempre com o meu trabalho”, continuou.

Edson Dino e Royce do Cavaco. Foto: Reprodução/YouTube

Dino foi intérprete principal da X-9 em 2006, mas nos anos de 2002 até 2005 ele dividiu o comando do carro de som com Royce do Cavaco. Sobre seu parceiro de profissão, Dino não poupou elogios.

“Eu não posso falar da minha história na X-9 sem citar o Royce do Cavaco. Humildade em pessoa, um cara super prestativo, nunca me deixou de lado. Eu nunca me senti o segundo cantor, porque ele sempre me colocava em primeiro. Nas gravações em que eu estava participando, ele sempre pedia minha opinião para mudança do samba, até pra tom de samba ele pedia a minha opinião”, declarou.

Longe do Carnaval desde o desfile de 2006, o sambista disse que não se vê mais neste mundo: “Nunca posso dizer que dessa água nunca mais beberei. Eu tive algumas propostas pra ir em algumas escolas de samba. Em 2019 eu fiz samba na Cabeções da Vila Prudente e na Flor de Vila Dalila, mas não me vejo mais como eu me entregava na X-9 Paulistana. Eu vivia, respirava, comia samba e eu não me sinto mais com essa disposição de fazer esse tipo de coisa, mas dependendo do convite, a gente estuda sim. Mas eu não tenho essa pretensão mais”.

Edson Dino. Foto: Reprodução/YouTube

Por fim, Edson Dino deixou um recado para os intérpretes das escolas de samba.

“O recado que eu deixaria para os novos intérpretes e até pra alguns que já estão, é que joguem limpo, respeitem o outro, puxar o tapete não é legal. Nós somos aquilo que plantamos. Se nós plantamos o bem, vamos colher o bem. Se plantamos o mal, uma hora colheremos o mal. O que eu aconselho é perseverança, acreditar no potencial sempre e não passar por cima de ninguém. Respeito é a base de tudo. A gente não tem necessidade de subir no outro para alcançar alguma coisa. Para você subir e conseguir algo, só precisa de duas coisas: muito trabalho e competência. Pode ter certeza que o resto vem”, finalizou.

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