‘Fizemos o trabalho respeitando a fé de cada um’, diz coreógrafo da Gaviões da Fiel
Atacada por líderes religiosos, a performance da comissão de frente da Gaviões da Fiel em seu desfile no Carnaval de 2019, continua sendo um dos assuntos mais comentados do pós-Carnaval em São Paulo.
A agremiação levou para a Avenida a reedição de um de seus mais importantes desfiles, o de 1994, “A saliva do santo e o veneno da serpente”.
A coreografia apresentada teve como proposta contar a história de Santo Antão que, segundo a narrativa, após sugar o veneno de uma picada de serpente, o cuspiu no chão e fez brotar as primeiras folhas de tabaco. Na encenação, um componente vestido de Diabo interage com outro, caracterizado como Jesus Cristo, num duelo entre o bem e mal.
Neste domingo (17), o coreógrafo Edgar Junior e integrantes do grupo responsável pela abertura do desfile da Gaviões foi recebido pelo padre Abério Christe Silvana e comunidade da Paróquia Santa Clara. Após assistir a celebração e receber palavras de apoio, a comissão entregou ao religioso uma placa como forma de agradecimento pela compreensão do trabalho apresentado no Anhembi.
“Em sua missa ele disse: A Bíblia e os ensinamentos que Jesus nos deixou é o mesmo pra todos, sendo assim desejar doenças, morte e fazer ameaças não faz parte. Fizemos este trabalho com maior carinho possível e respeitando a fé de cada um. Após alguns processos e algumas chateações, agradeço aos GRÊMIO GAVIÕES DA FIEL TORCIDA , a todos do meu time que se jogaram e se entregaram nas minhas loucuras e também agradeço aos que apoiaram e aqueles que nos criticaram, afinal aprendi que apesar de tudo devemos sempre agradecer a Deus por tudo. Obrigado”, disse o artista.
Em entrevista exclusiva ao portal SRzd , Edgar Junior, detalhou toda a sequência da apresentação, que pretendeu mostrar a vitória do bem contra o mal e provocar uma reflexão, além de ilustrar o ponto de partida para todo o enredo, em torno da história do Santo Egípcio. Ouça:
Frente Evangélica acusou escola de crime
O líder da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela, do PR de Minas Gerais, disse em nota manifestar “profunda indignação e repúdio ao espetáculo” e acusou: “aquela apresentação não é arte, é crime”.
Além da repercussão negativa entre os cristãos, três dos quatro jurados que avaliaram a apresentação da comissão de frente no item acabamento, conforme justificativas divulgadas pela Liga-SP. Assista um trecho:
Em vídeo, gravado na quadra da entidade no bairro do Bom Retiro antes da apuração, o presidente da escola, Rodrigo Gonzalez falou sobre a polêmica em discurso para a sua comunidade, exaltou o nome de Jesus Cristo, pregou o amor e comandou uma oração:
Ao final da apuração, a Gaviões, mesmo estando entre as favoritas ao título do Grupo Especial, ficou com um surpreendente e modesto nono lugar.
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