‘Ensaios turbinados’ estão na moda? Sambistas opinam sobre eventos com mais de uma agremiação

"Ensaios Turbinados" das escolas de samba. Fotos: Reprodução/Facebook - Camisa Verde e Braco, Rosas de Ouro, Gaviões da Fiel (Ségio Cruz) e Vai-Vai (Cidmara Formenton).

“Ensaios Turbinados” das escolas de samba. Fotos: Reprodução/Facebook – Camisa Verde e Braco, Rosas de Ouro, Gaviões da Fiel (Ségio Cruz) e Vai-Vai (Cidmara Formenton).

Nas últimas semanas, algumas escolas de samba de São Paulo realizaram seus ensaios com a participação de componentes de suas coirmãs. Chamados de “ensaios turbinados”, estes eventos estão na “moda” por reunir, pelo menos, duas comunidades em um único ambiente. Para o público que acompanha, torna-se uma ótima opção de lazer e para os integrantes das agremiações? O que eles pensam destes encontros?

SRzd conversou com alguns integrantes de agremiações que participaram recentemente dessas atividades para opinarem sobre as características e importância deles.

Presidente da Sociedade Rosas de Ouro, Angelina Basílio revelou ter sido ela a responsável por nomear a festa como “ensaio turbinado”.

“Depois que a gente escolhe o samba-enredo, há uma diminuição de componentes e simpatizantes na quadra, aí eu acordei uma vez com a ideia de chamar uma coirmã e me veio esse nome de ‘ensaio turbinado’ e pegou”, afirmou.

Essa troca de cultura popular é muito legal

Após a Vai-Vai receber a Rosas no último dia 6, a “Roseira” retribuiu o carinho e convidou a alvinegra do Bixiga para seu ensaio realizado na última sexta-feira (11). Dirigente de escola de samba desde 2003, Angelina também destacou que a festividade gera uma despesa para a agremiação anfitriã.

“Tudo gera custo, se você sair de casa já é um custo. Mas no caso da escola de samba, quem convida é quem paga o ônibus, a comida e a bebida do visitante. É um custo que dá pra pagar”, destacou.

Vale lembrar que os integrantes das escolas envolvidas não costumam pagar para participar deste tipo de encontro. Segundo a presidente da azul e rosa, o aumento de público na quadra em um “ensaio turbinado” gira em torno de 40% a 50%.

Angelina Basílio. Foto: Liga-SP/Felipe Araujo

Edson Francisco Paulino, o Buiu, experiente diretor de harmonia da Vai-Vai, declarou que o “ensaio turbinado” é bom para as duas entidades envolvidas, até como uma celebração de união, mas não vê um resultado de trabalho para a harmonia.

“A partir do momento que não tivemos mais o Carnaval em fevereiro, eu passei uma estratégia para a escola, onde no mês de fevereiro eu não voltaria a fazer o mesmo tipo de ensaio que estávamos fazendo na nossa quadra. Então deixei a escola a vontade para fazer os ‘ensaios turbinados’ e a participar de alguns eventos. A partir de março eu volto a fazer os ensaios pensando no Carnaval, com trabalhos específicos nos setores. Os ‘ensaios turbinados’ são uma grande festa para as escolas, mas não levo como um treino preparatório para os desfiles, ele ajuda apenas como ensaio de canto, porque você vê como sua escola consegue cantar”, avaliou.

Edson Francisco Paulino, o Buiu, no desfile 2020 da Vai-Vai. Foto. Liga-SP/Felipe Araujo
Edson Francisco Paulino, o Buiu, no desfile 2020 da Vai-Vai. Foto. Liga-SP/Felipe Araujo

Camisa Verde e Branco aposta neste formato

Só neste ano, a tradicional Camisa Verde e Branco recebeu as coirmãs Gaviões da Fiel, Independente Tricolor, Leandro de Itaquera e Império de Casa Verde.

Intérprete do “Trevo” da Barra Funda, Alessandro Jorge Theófilo de Souza, conhecido entre os sambistas como Tiganá, apontou que esse tipo de evento é um atrativo, principalmente, para agremiações que são mais distantes.

“O impacto que vejo é ver as escolas cheias, da oportunidade do público em geral poder matar a saudade de ver as agremiações. Quando uma escola mais distante vai visitar a outra, é uma oportunidade das comunidades se conhecerem”, declarou.

O cantor também afirmou que o ensaio ajuda a sua ala musical na preparação para o Carnaval: “O ‘ensaio turbinado’ é importante até para meu time de canto. Vamos colocando em prática os nossos ensaios, já que temos que fazer uma apresentação 100% nesses encontros”.

Alessandro Tiganá. Foto: SRzd - Cesar R. Santos
Alessandro Tiganá. Foto: SRzd – Cesar R. Santos

Klemen Gioz, mestre de bateria da Independente Tricolor, destacou que o “ensaio turbinado” é uma saída para os sambistas que já estão “saturados” da temporada carnavalesca.

Quando é colocada apresentações de outras coirmãs você acaba motivando a comunidade

“Com o efeito da pandemia e até mesmo por decorrência das novas datas do Carnaval, o pessoal está meio saturado, são dois anos com o mesmo samba, né? Por mais que a gente ficou parado por um bom tempo, o pessoal está bem cansado. E ficar ensaiando em quadra pode ficar cansativo também. Então quando é colocada apresentações de outras coirmãs você acaba motivando a comunidade, não é em forma de disputa, mas para colocar a cara da escola”, alegou.

O comandante da “Ritmo Forte” também afirmou que o treino ajuda a aumentar a presença dos ritmistas: “Por apresentação eu levo cerca de 80 ritmistas e é muito difícil eu ter esse número num ensaio geral de final de semana, porque tem bastante gente que desfila em outras escolas e acaba que não chegamos a um bom contingente – no ensaio de específico aí sim é possível – mas quando você faz uma apresentação, o pessoal dá uma importância maior”.

Klemen Gioz. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa
Klemen Gioz. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

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