Em desfile com garra da comunidade, Leandro apresenta falhas em alegorias

Desfile 2022 da Leandro de Itaquera. Foto: Bruno Giannelli/SRzd

Desfile 2022 da Leandro de Itaquera. Foto: Bruno Giannelli/SRzd

A Leandro de Itaquera foi a penúltima agremiação a desfilar na madrugada desta sexta-feira (21), no Sambódromo do Anhembi, pelo Grupo de Acesso 1.

+ Vídeo: largada do desfile da Leandro de Itaquera

Longe do Grupo Especial desde 2014, a vermelha e branca apostou neste ano no enredo “No ecoar dos tambores e no feitiço da Leandro – De Dahomé as terras da encantaria – O cortejo da rainha Jeje e os segredos de Xelegbtá”, do carnavalesco Amarildo de Mello.

O samba-enredo foi composto por Medonha, André Ricardo, Juninho Branco, Jacopetti, Douglas Chocolate, André Filosofia, Luiz Pião, Beto Colorado, Nando do Cavaco e Marcelo Adnet. A obra foi interpretada na voz de Hudson Luiz.

Assista a análise do desfile da Leandro de Itaquera

Confira as entrevistas na dispersão do Anhembi

Galeria de fotos

Ficha técnica

Presidente
Leandro Alves Martins

Carnavalesco
Amarildo de Mello

Direção de Carnaval
Leandro Alves Martins, Amarildo de Mello, Pica-Pau, Karin Darling e Telma Brito

Direção de harmonia
Gilson Caetano (Pica-Pau)

Intérprete
Hudson Luiz

Coreógrafo de comissão de frente
Marcelo Gomes

1º casal de MSPB
José Luis e Juliana

Mestre de bateria
Pelé

Rainha de bateria
Kaluana Luene

Enredo

“No ecoar dos tambores e no feitiço da Leandro – de Dahomé as terras de encantaria – O cortejo da rainha Jeje e os segredos de Xelegbtá”

Mística e Protegida história!

Inicio dos meados do sec. XIX no Reino de Dahomé…

No Palácio de Daxome, nascido e erguido das energias de uma cobra um poderoso clã reinava dando sequencia ao rico reino que seguia em sua próspera caminhada.

Produção de sua arte de metais com excelência nas esculturas em bronze, grandiosidade e rica agricultura…

Mercados de ouro, marfins, bronze poder e glória!

Ali vivia um Rei muito amado por seu povo, seus dois filhos e a Rainha Agotime. Um, era filho de seu casamento com a rainha e outro de um casamento anterior. Soberana Agotime dentre outras poucas mulheres era a principal sacerdotisa do culto a Xelegbatá. E na epopeia de sua grandiosidade, em sua fé cultuavam e celebravam os ancestrais representados pelas entidades Voduns.

NUM REINO AMEAÇADO PELA TIRANIA DE ADANDOZAN AGOTIME É ACUSADA DE FEITICEIRA E DESTRONADA

Pressentindo que sua vida estava próxima do final o rei reúne seu povo e no principal mercado do Reino – “Mercado de Adjahito” após consultar o “Oráculo Fá”, anuncia que o herdeiro do trono deveria ser o filho mais novo – que seria o filho dele com Agotime.

Mas a sua ordem foi desconsiderada e o filho mais velho que deveria ser apenas o tutor do mais novo se instalou no trono e destruiu tudo que o pai tinha construído. Inclusive dentre várias sanções, proibiu de imediato os cultos a Xelegbatá, o vodun mais temido pelos reis e cultuado pelas Sacerdotisas.

Sem nenhuma piedade destrona e afasta AGOTIME do reino acusando-a de feiticeira, não hesitando em vendê-la junto com vários membros da família real aos mercadores de escravos e mandando-os para que fossem negociados no grande mercado negreiro no porto de Uidá.

A REVELAÇÃO DO TEXOSSÚ – A TRAVESSIA DA ESCRAVA E SEU CORTEJO SOB AS ÁGUAS

Triste e humilhada com sua nova condição AGOTIME segue rumo a Uidá. Em meio ao caminho avista um estranho pássaro que mergulha por várias vezes ao fundo de um riacho. Ele pergunta: Se ela sabia quem ele era. Ela fala que o reconheceu como um texossu. Ele não só revelou que era apenas um texossu… Mas sim que era Zomadônu – “O Rei de todos os Texossus”… E disse ainda: Que tinha aparecido para falar com ela sobre o destino que a esperava. AGOTIME surpresa perguntou que destino seria esse e por que: E o texossu responde: Em Dahomé os texossus foram humilhados pelo rei tirano, ao proibir os cultos e celebrações tradicionais de fé, e isso tinha determinado que procurassem outros caminhos… Finalizando falou: que inclusive ela não tinha mas nada a fazer naquelas terras… Afirmou ainda ser ele o próprio destino dela. E que deveria partir e seguir os desígnios reservados em outras terras onde haveria de cumprir uma missão.

Vendida como escrava… Com seu espirito liberto e fortalecido e com muita fé pelas revelações que havia obtido pelo texossu, renovada com muita fé, e luz em suas crenças segue Agotime para o Porto de Uidá onde seria negociada e partiria ruma ao novo destino…

Predestinada, ela fazia sua travessia rumo ao seu novo destino… E acompanhada em um grande cortejo atravessa o oceano…

NO BRASIL A CLAREZA DE SUA MISSÃO E A PERIGRINAÇÃO EM BUSCA DE SUA ALFORRIA

Ao chegar ao Brasil desembarcou na Bahia – Ilha de Itaparica… Encontra-se com os nagôs – seus irmãos de cor de pele, que habitavam em sua maioria na Bahia. Foi informada que nessas terras eram cultuados os orixás – “ritual baseado em outros fundamentos mitológicos” e que o povo da região de onde ela veio eram chamados no Brasil de: “minas-jeje” ou “negro-minas”, e a maioria deles estavam no Maranhão, e ainda não tinham um local para celebrar seus cultos e estavam na espera de um sinal… Naquele momento cada vez mais sua missão a ser cumprida e revelada pelo texossu ia ficando mais clara e entendida!

No Brasil trabalhou nas fazendas de cacau e algodão na Bahia. Vendida para uma fazenda nas Minas Gerais, labutou nas lavouras de café e mais tarde nas jazidas de Tijuco em Villa Rica. E foi nas minas que ela aprendeu com os outros escravos a guardar para si parte do que encontrava… Pó de ouro e pequenas pedras preciosas eram guardados em seus cabelos ou engolidos. Assim depois de algum tempo ela tinha mais do que o suficiente pra comprar a sua liberdade e seguir ao encontro de seu povo no Maranhão.

NEM RAINHA… NEM ESCRAVA – AGOTIME ALFORRIADA E ILUMINADA! AO ENCONTRO DE SEU POVO

AGOTIME, alforriada, livre e cada vez mais forte em sua fé e guiada pelo seu Vodu… Continuava em sua caminhada…

Ao retornar de Minas, passou pela Bahia relembrando tudo que seus irmãos nagôs haviam lhe dito… Da Bahia ao Maranhão, ela caminhou por matas, vilarejos, morou em quilombos… Sempre atenta e na busca de um sinal! Noite de lua cheia e céu estrelado em seu azulão infinito… Cansada de caminhar pediu pouso numa fazenda chamada Paraiso… A Beira de um rio sentou para assistir uma festa de “Bumba-meu-boi” que ali acontecia. Pessoas cantavam e dançavam… De repente avistou que alguém caminhava a beira daquele rio a passos lentos. De imediato ela o reconheceu! Era Zomadônu… Lembrada a recomendação de nunca olhar pra ele… De olhos baixos, saudou sua presença… Naquele momento em recompensa, Zomadônu disse-lhe: Estás mais próximo do seu destino e de cumprir sua missão do que imaginas. E indicava exatamente onde deveria ser erguido um templo e restabelecer casa
dos cultos aos voduns, e onde ele seria assentado e seu povo poderia cultualo e celebrá-lo.

AGOTIME ENCONTRA SEU POVO – FUNDA QUEREBENTÃ DE ZAMADONU” NAS “TERRRAS DA ENCANTARIA”

No Maranhão encontrava seu povo…

Chegava Agotime ao seu destino para cumprir sua missão! Sobre a orientação de seu vodun, em São Luiz do Maranhão – fundava “A Casa das Minas” ou “Querebentã de Zomadônu”. Os tambores de Dahomé voltaram a ecoar, e os espíritos dos ancestrais evocados, e cultuados. Era a cultura Jeje e o ritual dos voduns, que a partir de então ganhavam seu templo de celebração do outro lado do continente Africano. Os ancestrais de cinco “Famílias de Voduns” foram assentados nessa casa, tendo como a principal a “Família Real Davice”. Os segredos de Xelegbatá, e as raízes do culto aos ancestrais nesse templo foram plantados e guardados. E escrava volta a ser rainha…

Por designação de seu vodun passa a ser chamada “Maria Mineira Naê”. Estava para sempre fincado no Brasil a Cultura do Candomblé Jeje e o culto aos Voduns… E misteriosamente na “Terra das Encantarias” – Maranhão – que desde o Brasil Colônia e Império, guarda e embala manifestações folclóricas e lendárias de encantarias, magias e de muitos enigmas…

Estava ela nas terras da lenda do “Touro Negro Encantado”, festejos ao “Bumba-meu-boi”, histórias fantasmagóricas de “Ana Jansen e sua Carruagem de mulas sem cabeça”, festejos profano-religiosos e folguedos que fazem parte do cotidiano mágico e misterioso desse paraíso… Lugar de alma festeira, onde a arte e poesia de manifestações populares se encontram com casarões bordando cada calçada e cada fachada emoldurada por azulejos de belas cores e desenhos variados.

Nascia nesse episódio um dos elos mais fortes que uniam cada vez mais a África ao Brasil. Através de AGOTIME trazendo sua fé e infinita sabedoria para cumprir sua missão, os tambores Jeje ecoarem cada vez mais forte e fazia renascer em terras longe de África a celebração aos Voduns e aqui guardados “Os Segredos de Xelegbatá”.

No feitiço da Leandro e no ecoar dos tambores adentramos a Passarela do Samba do Anhembi.

Vamos celebrar nossa maior missão. Falar de arte, fé e cultura através de nosso místico, encantado e mágico enredo.

Logo do Enredo 2022 da Leandro de Itaquera. Foto: Divulgação
Logo do Enredo 2022 da Leandro de Itaquera. Foto: Divulgação

Prêmio SRzd Carnaval SP 2022

Pelo décimo ano consecutivo, os destaques dos desfiles das escolas de samba da cidade de São Paulo receberão troféu exclusivo, oferecido pelo portal SRzd.

Voto popular, imprensa especializada e análise da equipe SRzd, que acompanha os bastidores das escolas de samba durante todo o ano; a somatória destes três levantamentos vai determinar o resultado do Prêmio SRzd Carnaval SP 2022, ação que valoriza a cultura do samba na capital paulista e seus protagonistas. Em caso de empate, prevalece sempre o voto dos profissionais do SRzd.

A votação popular, que estará disponível através de enquete na página da editoria do Carnaval de São Paulo no SRzd, será aberta no domingo (24). O resultado será divulgado na terça-feira (26). Clique aqui e conheça todas as categorias.

AGaivotinha. Foto: Divulgação

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