‘É resistência’: Yaskara Manzini leva cultura das escolas de samba para universidade

Yaskara Manzini. Foto: Liga-SP - Felipe Araujo

Yaskara Manzini. Foto: Liga-SP – Felipe Araujo

Coreógrafa da comissão de frente da Águia de Ouro, Yaskara Manzini tem um novo desafio em sua carreira. A sambista está dando aula no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, a UNESP.

A disciplina “Espetacularidade Expandida: O corpo, a festa e a avenida”, faz parte do curso de bacharelado e licenciatura em Artes Cênicas.

“Eu estou fazendo o estágio pós-doutoral na Unesp. Desenvolvo pesquisas sobre histórias das danças negras na cidade de São Paulo e eu inicio a pesquisa datando da regulamentação do Carnaval de São Paulo, em 1968. Dentro do estágio de pós-doutorado eu ofereci a possibilidade de dar aula sobre uma disciplina que falasse dos modos e meios de produção das escolas de samba e que oferecesse uma prática de algumas corporeidades das escolas de samba. A congregação aprovou a disciplina e eu comecei a dar aula na última quarta-feira (1º). Eu não sou professora concursada, mas sou professora convidada por conta do pós-doutorado. Pra mim foi muito importante, porque é a gente chegando na universidade, ainda mais de artes. No Rio de Janeiro existem vários grupos de estudos sobre os desfiles das escolas de samba, o Carnaval, e o samba, enquanto aqui em São Paulo não. Acho que foi o primeiro passo para que as nossas práticas culturais sejam vistas na universidade”, explicou Yaskara, que completou neste ano 20 anos como coreógrafa do Carnaval paulistano.

Yaskara Manzini e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Águia de Ouro. Foto: Divulgação

“O olhar é mais voltado para as artes cênicas. Como é esse corpo do desfile das escolas de samba, como é o treinamento desse corpo e pensando o treinamento ligado a rituais de quadra”, completou.

A disciplina foi ofertada como optativa e será finalizada no final de janeiro de 2022. As aulas acontecem de forma remota. Ao longo do curso, Yaskara pretende convidar alguns sambistas para palestrarem e mostrarem suas experiências para os alunos.

“É uma maneira da gente aproximar as escolas de samba das universidades, em especial da UNESP, que é uma universidade que tem um olhar voltado pra cultura popular. Estamos vivendo um movimento político bem pesado, onde o conhecimento está sendo achincalhado, a ciência está sendo achincalhada, a arte está sendo achincalhada e então a gente precisa proteger não só os nossos valores culturais, essas práticas de origem de matrizes africanas, mas também a universidade, em especial a universidade pública. Então nesse momento político a gente tem, a universidade pública estar dialogando com a cultura popular é uma coisa muito importante, é um é resistência”, finalizou a coreógrafa, ao SRzd.

Yaskara Manzini. Foto: Rádio Trianon.

Yaskara é licenciada em Artes Cênicas e especialista em Arte e Comunicação pela Faculdade Paulista de Artes. É mestre, doutora em Artes pela UNICAMP e bailarina formada pela Escola de Bailado do Theatro Municipal de São Paulo.

A sambista é membro do Comitê de Dança da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. É docente titular da cadeira de História, Análise e Crítica da Dança na Escola Técnica de Artes de São Paulo e História da Dança na Escola de Dança de São Paulo da Fundação Theatro Municipal de São Paulo.

Sua primeira experiência sob o comando de uma comissão foi na Camisa Verde e Branco, no ano de 2001, onde permaneceu até 2010. De 2011 até 2020, ela fez parte da X-9 Paulistana.

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