Carnavalesco da Tom Maior critica julgamento, menciona Joãozinho Trinta e promete desfile ousado em 2020

André Marins. Foto: Reprodução de Internet

André Marins. Foto: Reprodução de Internet

Da pontuação máxima no Carnaval de 2018 – quando ficou em quarto lugar, empatada com as três primeiras agremiações da classificação final – para a antepenúltima posição na tabela em 2019, quando teve a segunda pior pontuação entre as 14 escolas de samba da divisão de elite do samba paulistano. O que teria acontecido com a apresentação deste ano da Tom Maior que escapou do rebaixamento pelo critério de desempate? Com a palavra, o carnavalesco André Marins, artista responsável pelo desenvolvimento artístico dos dois desfiles.

“É sempre difícil ver um resultado desses. Sabemos que foi um desfile maravilhoso e que tivemos pontos negativos. Mas também muito mais positivos. Ficamos sempre apreensivos, pois sabemos que pérolas serão apresentados nas justificativas. Não sou de bater no peito e falar que fomos injustiçados e ficar remoendo com isso, mas o nosso desfile foi um dos melhores da história da Tom Maior. E isso não sou eu quem propago por aí, mas é o que ouço em todos os lugares que vou”, disse o artista em entrevista ao SRzd.

“Penso logo existo – As interrogações do nosso imaginário em busca do inimaginável”, foi o enredo que a Tom Maior apresentou no Sambódromo do Anhembi no Carnaval 2019, ficando com a décima segunda colocação no Grupo Especial. Relembre o desfile.

André Marins. Foto: Claudio L. Costa

Ao ser questionado se o resultado da apuração está ligado a algum erro no julgamento, após analisar as justificativas, Marins respondeu fazendo outra pergunta.

“Existem dois que eu sinceramente fiquei querendo entender, mas abstrai logo depois, pois vi que alguns não tem o direito de julgar. O primeiro foi em evolução, onde o julgador diz que a pena da destaque de chão de duas alegorias bateu em um determinado momento na alegoria. Ele fala que o faisão dos destaques atrapalharam na evolução da escola. Agora pergunto pra você, eles entendem de evolução mesmo? Outro foi no quesito enredo, onde o jurado aponta a estética da roupa ‘DNA’, pois ele não via o desenho da estrutura molecular do DNA, alegando que meu desenho era diferente. Mas no enredo eu falava sobre isso mesmo, falando da diferença que nos coloca em outra posição com os outros animais. Onde fica minha licença poética de desenhar minhas ideias?”, questionou o carnavalesco que assinou seu segundo trabalho pela vermelha e amarela.

“Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação…”, Charles Chaplin

Ainda sobre a questão de avaliação do desfile, André fez uma reflexão misturada a um desabafo: “Espero que tenhamos um julgamento mais objetivo, sem os jurados em uma posição de inquisição. Ousamos para um melhor espetáculo e essa ousadia nos dá um grau de dificuldade em grandes desfiles. Quem agradece isso é o público, então ‘peço ao sambista mais novo’: Não deixe o espetáculo morrer”.

Mesmo com o resultado negativo na visão dos jurados, André Marins valoriza a proposta que a escola apresentou no último Carnaval e já projeta um novo desafio para 2020.

“Não mudaria nada do que quis mostrar na Avenida. Fizemos um desfile conceitual e formas de alegorias inovadoras, além de fazer um grande espetáculo para engrandecer ainda mais o Carnaval paulistano. Me orgulho de poder contribuir com a história da escola e agradecer muito o acolhimento de tudo que trabalhamos. Claro que já penso em mudanças para 2020, pois na realidade temos de fazer a lição de casa, adaptando-se nas formas de julgamento”, explicou.

Desfile 2019 da Tom Maior. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

Em 2019 a Tom Maior apresentou um enredo abstrato e trouxe para Avenida, segundo Marins, alegorias inovadoras. Para o próximo ano, ele promete ainda mais ousadia e um estilo diferente de tudo o que já fez, seguindo a influência de um dos artistas mais consagrados da história no segmento.

“Penso num Carnaval mais ousado, mas nas formas do que somos julgados. Estou querendo muito usar uma linha diferente de tudo que já fiz e contribui em outros Carnavais. Sempre gostei do trabalho do Joãozinho Trinta, achava e acho até hoje um profissional inovador. Penso em usar alguma influência dele, quase uma homenagem pra esse grande artista. Claro sem deixar de mostrar a minha cara. Temos alguns temas, vamos nos reunir por esses dias e resolver o melhor caminho pra escola. Confio muito na intuição da nossa presidente Luciana Silva. Ela tem essa visão bem empoderada”, finalizou o profissional.

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