Carnaval 2021: leia a sinopse do enredo da Pérola Negra

Pérola Negra 2021. Foto: Divulgação.

Em 2021, a Pérola Negra vai buscar o título do Grupo de Acesso 1 e o retorno para o Grupo Especial com o enredo “O mergulho nos rios sagrados em busca da cura, do corpo e da alma”.

Confira abaixo a sinopse da história desenvolvida pelo carnavalesco Anselmo Brito. O profissional vai para seu quinto ano à frente do projeto artístico da agremiação da Vila Madalena.

Apresentação

Para o Carnaval de 2021, convidamos a todos a mergulhar de corpo e alma, nas águas doces e sagradas dos rios.

Nosso objetivo será o de exaltar este bem maior, que nasce na fonte de onde se origina a vida, através de culturas humanas, onde brota o bem mais precioso, criado pelas mãos da mãe natureza: as águas cristalinas presente nos rios.

A nascente do rio é repleta de segredos, mistérios, desde a criação do universo. O rio surge generosamente, encharca toda a terra, fecundando o solo e enriquece a natureza.

Os rios estão presentes nas antigas civilizações, nas manifestações do sagrado, nas religiões, sendo a maior riqueza para as sociedades modernas.

Pelas águas dos rios, correm histórias milenares que guardam segredos da própria origem do mundo.

O homem e os rios, estão ligados pelo corpo e pelo espírito, pois o mesmo, utiliza-se das riquezas oferecidas pelas águas, que possui o poder de alimentar, curar e purificar.

O rio também, é lugar de devoção e de morada dos Deuses. Por esta razão, há aqueles que se entregam para a devoção e murmuram, fazem suas preces, pedidos e promessas. Realizam procissões e oferendas, em agradecimento aos desejos alcançados e atendidos.

Desde a antiguidade, os rios também curam. O homem sempre utilizou das águas para a higiene de seu corpo, livrando-se das impurezas, pestes e dos males de sua época. Porém, o poder das aguás dos rios, é atemporal.

O homem, beneficiando-se também de suas proteínas, minerais e todas as riquezas nele encontrado, cura seu corpo. Mas também, o homem agride a energia das águas dos rios, poluindo e degradando.

Desta maneira, iremos transformar a passarela do samba em um grande rio.

Iremos lavar a alma de quem sonha em saciar a sede da vitória, afogar as tristezas, renovar as energias, curando os males do corpo e da alma.

Transformaremos a passarela do samba em um rio mágico de fantasias.

Sinopse

A vida começa na água, a necessidade dela fez com que as primeiras civilizações surgissem ao redor dos rios. Tamanha é sua importância que, assim como o fogo, a água transcende seu significado para além das utilidades práticas. Nas mais distantes culturas, ela é associada a deuses, poderes mágicos de cura e purificação, criação e renascimento. Buda, Confúcio, Manu, Maomé, Oxum, Moisés, Ísis, Gandhi, Varuna, Ganga pregavam suas virtudes. Além de limpar o corpo, as águas dos rios podem lavar alma.

Para falar aos deuses, os povos da Antiguidade precisavam antes se banhar nos rios e em águas sagradas.

Através de sua importância, ao redor dos rios surgiu o desenvolvimento dos povos e dos seres humanos.

No Egito Antigo, uma das mais antigas civilizações, os rios e suas águas, foram e são de extrema importância. Foi na beira dos rios que as primeiras sociedades se formaram. Foi na beira dos rios que os povos puderam se alimentar, se purificar e adquirir fonte de vida.

Os rios por serem fonte da vida, inspiraram os sábios, a tal ponto de serem escritos em fábulas, encantando e
enriquecendo a relação entre os homens.

Há fatos e fábulas bíblicas que remetem à história do batismo de Cristo no Rio Jordão. João Batista batizou Jesus e o abençoou, e com isso, foi criado laços para que fosse respeitado os dez mandamentos e fossem praticadas as virtudes entre os seres humanos. Criando assim, uma profunda relação entre o homem, o sagrado e o divino.

Ao nos aproximarmos do sagrado e do divino, as águas dos rios nos dão saúde, vigor e longevidade. Embora seja um elemento milenar, carrega consigo muitas histórias, memórias e segredos, sempre em movimento e nunca passa duas vezes pelo mesmo lugar.

O rio nasce como um fio de água, calmo, sereno e segue seu percurso. Ao percorrer e desbravar os caminhos, faz a terra fertilizar, fecundar e oferece aos homens o alimento do corpo e da alma.

Os homens estão totalmente conectados com as águas dos rios, em busca de que tudo pode ser oferecido por esse elemento da natureza, que é vital para a perpetuação da vida e da alma.

As primeiras sementes foram germinadas na beira dos rios e as sociedades antigas, ligadas aos deuses, proporcionaram um grande avanço para a ciência, sendo a água, um dos elementos primordiais para a cura, através da captação de minerais.

As águas vulcânicas, termais, sulfurosas, trouxeram grandes benefícios para a sociedade.

Hoje, as águas dos rios, são o elixir para a cura, para a purificação e equilíbrio da alma. Os homens buscam a
transcendência, através do contato com seus poderes mágicos e milagrosos.

Nas águas dos rios, também encontramos lendas, mistérios, credos, orações e oferendas, reforçadas por diferentes culturas do mundo, refletindo o ouro das nascentes, que brilha no culto à Oxum, deusa da prosperidade, da riqueza e da beleza.

As águas dos rios, abrigam as grandes embarcações, arrastam o povo para o encontro com o comércio, através das mercantilizações, trocas e negociações, num vaivém da poesia fervorosa, em ritmo de festa e devoção.

As festas religiosas, são consagradas aos santos milagreiros, uma delas, Nossa Senhora Aparecida, que em 1717, foi encontrada por pescadores nas águas do Rio Paraíba. A pedra fundamental da fé é lançada, e nossa Senhora Aparecida torna-se a padroeira do Brasil, há mais de três séculos.

As águas dos rios, nos banham e nos encantam através da fé, do encontro com o divino, fonte de alimentos e
riquezas. Mas também, nos fascina pelo movimento que faz com que a vida passa a correr em seus afluentes, na
busca da força, da energia, da purificação, da cura e fortalecimento da alma.

Salve o mergulho nos rios sagrados!

Salve a Pérola Negra que se banha nas águas sagradas!

Carnavalesco
Anselmo Brito

Assistente de carnaval: Ivan Pereira

Fontes bibliográficas:

Aschar, Renata. Banho: histórias e rituais, Grifos projetos históricos e editoriais, 2006

Filho, João Meirelles.Rios do Brasil: história e cultura, Ed.1, 2016










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