Categories: Carnaval/SPUESP

Carnaval 2020: Acadêmicos de São Jorge divulga enredo e sinopse

A escola de samba Acadêmicos de São Jorge divulgou o seu enredo para o Carnaval 2020: “Do bandeirante voraz ao Juiz sagaz – Borba Gato e a cobiça do ouro”. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco João Sane Malagutti.

No próximo ano, a agremiação será a quinta a desfilar no domingo, 23 de fevereiro, pelo Grupo Especial de Bairros da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp).

“O enredo de cunho histórico mostrará a saga das bandeiras pelo sertão num recorte pormenorizado sobre o personagem central de uma forma diferenciada que se encontra nos livros de História. Índios escravizados, assassinato, corrupção, exploração negreira, cobiça e ambição e até mesmo uma guerra movida pela febre do ouro”, diz o texto divulgado pela escola.

Leia a sinopse:

APRESENTAÇÃO:

Nossa bandeira é o nosso manto. É quem nos cobre de razão, de força, para contar no canto, na dança e na alegria, a nossa História. Somos um povo miscigenado. Multifacetado, colorido e feliz. Graças a Deus! Ou graças aos Deuses, ou aos xamãs. Somos um povo guerreiro e batalhador que colaborou para o crescimento desse Brasil, cujo tamanho, deveria ser chamado de Brasis. Somos o povo de um país continental que foi explorado e massacrado pelos nossos antepassados. Mas, que apesar de tudo, sorri.

A nossa herança é repleta de bravura e que nos leva a condição de não esmorecer jamais. Avante, sempre com um sorriso no rosto, o filho desta nação valente, segue teso e em riste diante o seu pavilhão. É com essa galhardia que a nossa agremiação contará um pequeno trecho, dos muitos aterrorizantes que a nossa História sequer ousa tocar. Para essa jornada, andaremos vestidos e armados com as armas de São Jorge, para que nossos inimigos tendo pés não nos alcancem, tendo mãos, não nos peguem e tendo olhos não nos vejam. E, se virem, que sejam a nossas glórias; e, que, nenhum pensamento mal possa nos atingir nessa jornada.

Salve São Jorge guerreiro, o nosso mentor e padroeiro!

PRÓLOGO:

A justiça nem sempre é para os justos. Uma fenda histórica aberta pela febre do ouro no período das “Entradas e Bandeiras” nos revela que o sobrevivente e o agraciado não é o justo, mas, sim, o bravo. O audaz, o sagaz, o voraz e o imponente. Qualidades presentes em um verdadeiro bandeirante.

A História sempre exaltou a audácia dos bandeirantes em desbravar os sertões mais inóspitos dos rincões brasileiros e, ainda nos revela que a coragem abre os caminhos às novidades quando é dotada de força e coragem.

Ser corajoso, muitas vezes faz passar por cima dos princípios. É estar acima do bem e do mal para fazer o correto. Mas, o que é o correto afinal? Para quem é o correto? A história nos mostra heróis que sobressaíram sobre o sofrimento de outras pessoas e que absurdamente deixaram um rastro de sangue sobre o que deveria ser moral.

Nosso enredo vem mostrar exatamente isso: a História vitoriosa do Bandeirante Manuel de Borba Gato contada através de pessoas torturadas e aprisionadas por ele. A sua bravura alimentada pela ambição o levou até o ápice que abre a febre do ouro no Brasil graças aos interesses da Coroa Portuguesa.

Assim, tendo deixado um rastro de sangue e crueldade, o criminoso social, Borba Gato, foi agraciado como Juiz para atender os interesses da Coroa nos remontando à ideia que a política do toma-lá-dá-cá foi quem escreveu cada capítulo da vergonhosa História desse país e, principalmente a esse período que mais se matou pelo controle de riquezas das Minas Gerais.

SINOPSE:

PRIMEIRO SETOR:

Desde a chegada dos portugueses e a divisão de capitanias hereditárias para a exploração territorial, os verdadeiros donos da terra não tiveram mais sossego. O recorte para o nosso enredo começa numa tribo tupi alocada no sertão da capitania de São Vicente, nos arredores geográficos da Vila de São Paulo de Piratininga, local de onde saíam diversos bandeirantes em caçada aos indígenas e escravos fujões para serem levados aos senhores feudais, principalmente os doutrinados pelos jesuítas. O sertão da capitania de São Vicente ficou conhecida e marcada pela capacidade bandeirante de captura indígena que será ilustrada e emoldurada pelo demônio invasor.

SEGUNDO SETOR:

Borba Gato foi um exímio caçador. Teve muita sagacidade para prender negros e índios e estuprar as mulheres indígenas. Foi representado como demônio para os indígenas paulistas. Mas, a sua marca-mor na história foi a capacidade paralela de andar pelos vales dos sertões encontrando metais preciosos. Numa de suas aventuras bandeirante o mesmo encontrou um sítio de riquezas conhecida como Sabarabuçu. Num conflito de interesses pela riqueza do local com o fidalgo D. Domingos Castelo Branco, representante da coroa que tentou lhe tomar a propriedade, ele o assassinou e evadiu-se por uma década da região, sendo considerado como foragido e até mesmo morto.

TERCEIRO SETOR:

Inteligente e sagaz, Borba Gato tornou-se defensor de si mesmo. Com o talento nato para descobrir terras repletas de minérios, Borba Gato saiu da condição de assassino até chegar ao posto de Juiz Ordinário da Coroa. Durante o período de sua administração descobriu esmeraldas, ouro e prata. Contudo, os mineiros passavam fome, passando então aos paulistas criar gados e distribuir o comércio de carnes pelos sertões do Brasil.

A prosperidade do minério veio através do esforço e exploração da mão-de-obra escrava. Os negros foram os grandes producentes das jazidas de minérios na região de Sabará, o que atraiu os olhares de migrantes de outras regiões para participar da exploração. Borba Gato teve que enfrentar uma grande guerra, denominada Guerra dos Emboabas em que os mineiros de outras regiões, principalmente os favoráveis à Coroa, venceram os paulistas os expulsando da região.

A guerra trouxe morte, miséria e pobreza ao povo e no final, a Coroa se manteve dona das fazendas das Minas. Aqui, se encerra o nosso recorte de nosso enredo mostrando que a ação de um bandeirante criminoso abriu uma fenda histórica e uma ferida social no coração do Sudeste. Embora as mortes e a reluzência do ouro possa encher a história de glórias, não tem como falarmos de riqueza sem ressaltar a obscuridade e a pobreza desse homem conhecido como herói.

Confira o logotipo oficial:

Logotipo oficial da Acadêmicos de São Jorge para o Carnaval 2020. Arte: Divulgação.
Redação SRzd

Recent Posts

  • Famosos
  • Música

Vídeo: Jorge, da dupla com Mateus, para show após fã jogar celular no palco

A dupla sertaneja Jorge e Mateus se apresentava, na última sexta-feira (17), em Lavras (MG), quando um fã jogou o…

5 horas ago
  • Carnaval/SP

Camisa 12 anuncia carnavalesco e enredo para o Carnaval de 2025

Sétima colocada no Grupo de Acesso 2 de São Paulo neste ano, a escola de samba Camisa 12 anunicou o…

5 horas ago
  • Famosos
  • Televisão

Ex-assistente de Silvio Santos, Roque é internado após desmaio

Figura conhecida nos programas de Silvio Santos, Gonçalo Roque foi internado neste sábado (18), após desmaiar em um restaurante. Após…

8 horas ago
  • Brasil

Veja onde pedir 2ª via de certidões perdidas nas enchentes do Rio Grande do Sul

As vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul já podem pedir a segunda via dos documentos perdidos. Todos os…

9 horas ago
  • Carnaval/SP

Público já pode comprar ingressos para o Carnaval de São Paulo 2025

A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo definiu, na noite deste sábado (18), a ordem dos desfiles…

10 horas ago
  • Cinema
  • Famosos

Cineasta Toni Venturini morre após passar mal em praia

O cineasta Toni Venturini, de 68 anos, morreu, neste sábado (18), após passar mal enquanto nadava em uma praia em…

11 horas ago