Carlos Junior alerta: ‘Vai-Vai representa uma parcela quilombola extinta no Carnaval’

Carlos Junior. Foto: Bruno Giannelli/Divulgação

Carlos Junior. Foto: Bruno Giannelli/Divulgação

Carlos Junior hoje é um dos intérpretes mais respeitados e premiados do Carnaval de São Paulo. Dono de uma voz marcante, ele já defende sambas de enredo na Avenida há 20 anos. Atualmente na Império de Casa Verde, Carlão iniciou a carreira na Mocidade Camisa Verde e Branco.

Em sua trajetória, teve a incumbência de liderar o carro de som de outra escola também muito tradicional, que neste ano celebrou 90 anos de fundação: a Vai-Vai. Por lá, ele ficou por duas temporadas. Em 2008 contribuiu com o décimo terceiro título da “Escola do Povo”, e em 2009 fez parte do projeto que rendeu um vice-campeonato.

Carlos Junior no desfile de 2020 da Vai-Vai. Foto: Reprodução.

Durante a última live da “Saracura”, Carlão falou sobre o respeito que tem pela alvinegra e a representatividade que ela tem para o samba paulistano.

“O Vai-Vai vai precisa manter o Carnaval de São Paulo em pé, não é se manter, o Vai-Vai é a representante do Carnaval de São Paulo, grande representante, assim como a Mangueira e a Portela são no Rio. Na época de 2008, quando eu cantei na escola, falava muito isso para diretoria que saiu: ‘O Vai-Vai precisa entender que hoje ela não representa só ela’. Naquela época as escolas de empresa estavam muito forte, X-9 Paulistana; Império de Casa Verde; as torcidas estavam chegando, e as escolas de terreiro, as escolas de comunidades estavam enfraquecidas, Camisa Verde e Branco e Unidos do Peruche. Então a Vai-Vai era a única força representativa dessas escolas”, disse.

Carlos Junior, Luiz Felipe e Celsinho Mody. Foto: Reprodução.

O Vai-Vai representa uma parcela quilombola que está extinta dentro do Carnaval

Ao longo da transmissão, que também contou com a presença do cantor da Acadêmicos do Tatuapé, Celsinho Mody e do atual intérprete da Vai-Vai, Luiz Felipe, Carlos Junior também expressou a importância da escola da Bela Vista para a disputa da folia paulistana.

“O Vai-Vai não representa só Vai-Vai, representa uma parcela quilombola que está extinta dentro do Carnaval de São Paulo. Se o Vai-Vai não manter isso, todos nós vamos perder. Eu tô falando isso como funcionário da Império de Casa Verde e quero ver a Império ser campeã, mas não é importante para Império não ter o Vai-Vai para concorrer. O Império não é uma escola forte se ela não vencer a Vai-Vai, a Mancha Verde não é uma escola forte se ela não vencer a Vai-Vai, porque não se trata de um ano de desfile. Trata-se de um histórico total de desfiles, presidentes, sofrimentos, vitória de pessoas que passaram, músicos, compositores e cantores”, exaltou o cantor de 45 anos.

Desfile das campeãs 2020 da Vai-Vai. Foto: SRzd – Ana Moura

O Império não é uma escola forte se não venceu o Vai-Vai

Por fim, o intérprete, que no próximo Carnaval, ao lado de Celsinho, vai cantar também no Paraíso do Tuiuti,  falou da importância da miscigenação no Carnaval, destacando que o negro tem que estar sempre representado nas agremiações carnavalescas.

“O Vai-Vai é o representante dessa massa, é a única esperança que essa massa tem de chegar de novo. Hoje o Barroca Zona Sul já está lá, a Colorado do Brás também já chegou, mas o Vai-Vai é grande força de São Paulo pra esse povo quilombola não ficar de fora do Carnaval, porque o Carnaval é pra todo mundo, é pro preto, branco, índio, japonês, todo mundo, mas o negro não pode ficar de fora. O Vai-Vai tem que lembrar isso todo dia, é essa representação. É lógico que terão outras etnias, a gente não é preconceituoso. É que essa escola é a verdadeiro tronco negro do Carnaval. Sem manifestação de arrogância, mas de cultura, hombridade e humildade”, concluiu.

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