‘Cada dia mais forte e atual’: carnavalesco da X-9 confirma enredo indígena para o próximo Carnaval

Igor Carneiro. Foto: Divulgação – Elson Santos.

Instaurado pelo ex-presidente Getúlio Vargas, em 1943, o Dia do Índio é celebrado nesta segunda-feira (19). A data serve para celebrar a história de luta dos povos originários da nossa terra.

Em julho do ano passado, a X-9 Paulistana apresentou o enredo “Arapuca Tupi – A reconquista de uma terra sem dono”, como história que vai levar para a Avenida no próximo Carnaval, quando buscará o retorno para a divisão de elite do samba São Paulo. A história é de autoria do carnavalesco Igor Carneiro e do jornalista Júlio Poloni.

Trata-se de um tema indígena de caráter crítico-social, baseado em uma história fictícia, que carrega traços de um universo distópico revertido a uma utopia carnavalesca. Ou seja, a trama inicia-se no caos e se encerra
vislumbrando um país que todos sonhamos”, diz trecho da síntese divulgada pela escola da Parada Inglesa.

Logo do Enredo 2021 da X-9 Paulistana. Foto: Divulgação.

Nos últimos dias, a Paraíso do Tuiuti, no Rio de Janeiro, e a Nenê de Vila Matilde, em São Paulo, anunciaram que os enredos, inicialmente previstos para 2021, seriam alterados para o próximo Carnaval. Ao SRzd, Igor Carneiro confirmou que “Arapuca Tupi” segue como tema do próximo desfile da X-9.

“Não muda nada. O objetivo não é alterar a ideia, mesmo porque a reflexão proposta pelo enredo se torna cada dia mais forte e atual, diante de tanta relevância das causas indígenas discutidas pela sociedade nesses tempos nebulosos. É papel das escolas não se esquivar das oportunidades de trazer reflexão à sociedade, já que vivemos num país democrático. E os carnavalescos são agentes culturais e têm suas missões sociais”, declarou o artista.

Ainda sobre o próximo Carnaval, o carnavalesco afirmou que a agremiação não paralisou suas atividades durante a pandemia da Covid-19, mas que o agravamento atual doença levou a agremiação a “frear” o projeto.

“Nossas fantasias pilotos já estão prontas desde janeiro e estamos reproduzindo no ritmo possível. O barracão começou acelerado (ferragens/esculturas), mas devido a situação do agravamento resolvemos frear e aguardar o risco diminuir. Porém, a diretoria se reúne com frequência, estamos reestruturando e montando um planejamento consolidado. Em breve iremos anunciar inserções em nosso quadro administrativo. Não estamos parados”, completou.

Igor Carneiro. Foto: SRzd – Nicolas Barbosa

Em nota divulgada pela escola nesta segunda-feira, Igor declarou que é justo celebrar a sobrevivência dos povos e da cultura originária, mas não é de bom tom minimizar a reflexão crítica em um só dia.

“Temos que nos importar com as nações indígenas todos os dias, valorizando sua cultura, dando condição de sobrevivência e oportunidades a esses povos que foram massacrados desde a invasão branca”, manifestou.

Já a X-9, que em 1997 conquistou seu primeiro campeonato do Grupo Especial com um enredo de temática indígena, propôs desconstruir o termo “dia do índio” substituindo pelo termo “Dia da Consciência Indígena”.

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