André Machado reflete enredo e drama de quando morou em favela: ‘Quando chovia, a água batia na canela’

André Machado. Foto: Reprodução Facebook.

André Machado não esconde o entusiasmo com enredo da Colorado do Brás para o próximo Carnaval, “Carolina – A Cinderela Negra do Canindé”, pois segundo ele, será a oportunidade de mostrar um pouco de sua própria história, afinal, assim como Carolina de Jesus, que morou na favela do Canindé, na Zona Norte da capital paulista, o carnavalesco também residiu em uma comunidade.

Ao SRzd, o artista revelou os momentos de drama que passou enquanto habitou um barraco de madeira, na cidade do Rio de Janeiro.

“Para quem não sabe, eu já morei na favela lá na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro e essa história (da Carolina) me tocou bastante, porque durante dois anos morei num barraco de madeira, que a noite, se estivesse chovendo, tinha que dormir sentado numa cadeira, porque a água ficava na canela. Quando comecei a ler o livro, me identifiquei muito com a história de Carolina. Foi um baque muito grande”, disse.

André Machado. Foto: Reprodução Facebook.

O enredo mais importante da minha vida

Durante a conversa, André enfatizou que todo sucesso profissional alcançado até hoje, foi devido ao Carnaval. Ele relembrou que no momentos em que procurou os estudos e começou a trabalhar em barracões, coincide com a época em que deixou de morar em uma favela.

“Talvez dentro do Carnaval vai ser o desfile mais significativo para mim, porque por conta do meu esforço, quando eu botei na cabeça ‘eu quero ser carnavalesco mesmo, eu quero isso como profissão’, comecei a fazer vários cursos de desenho. Quando comecei a trabalhar com o Carnaval, coincide com a época que eu deixei de morar na favela. Então tenho uma identificação muito grande que através do estudo, através do nosso aprendizado, a gente pode mudar nossa vida. Tudo que eu tenho de material e tudo que eu sei de história da moda, história universal, eu agradeço ao Carnaval. Esse legado que a Carolina deixou para mim é muito significativo e muito importante, pois vou conseguir passar inclusive a minha história dentro desse desfile. Considero o ‘Carolina – A Cinderela Negra do Canindé’ como o enredo mais importante da minha vida e o mais significativo que eu vou fazer. Isso me deixa até emocionado de falar”, afirmou o artista que no início de carreira atuou como figurinista do carnavalesco Jaime Cezário na Porto da Pedra, São Clemente e Estação Primeira de Mangueira.

Maquete de favela. Foto: Reprodução Facebook.

Ao ler “Carolina – Uma Biografia”, de autoria de Tom Farias, Machado revelou ter ficado em lágrimas com a história. Neste momento, ele abriu seu coração e contou para sua filha sobre o período em que morou em um barraco.

“Acabei o livro em lágrimas, porque me tocou muito a história dela. E eu conversando com a minha filha, ela perguntou porque eu estava chorando. Foi aí que eu contei um pouco da história da Carolina e ela continuou não entendendo. Então eu falei para ela ‘o pai já morou em barraco de madeira, eu sei que é isso, eu não tinha banheiro, não tinha pia’. Tudo que li no livro ‘Quarto de Despejo’ eu senti. Apesar dela ter sido semi-analfabeta, de ter só o segundo ano do ensino primário, você sente na escrita dela uma verdade muito grande”, afirmou.

André Machado. Foto: Reprodução Facebook.

A gente vai falar de esperança

O carnavalesco relatou que o presidente da Colorado, Antônio Carlos Borges, o Ka, estava com receio do desfile passar uma mensagem triste ao público, mas que logo entendeu que a proposta tem como objetivo mostrar “que através do estudo a gente pode vencer”.

“Eu estava conversando com presidente e ele estava com muito medo desse enredo se tornar triste e eu falei para ele que não é tristeza que a gente vai falar, a gente vai falar de esperança. Esperança que através do estudo a gente pode vencer. Carolina foi uma pessoa que foi muito determinada na vida, ela sempre soube o que ela queria. O destino que talvez deu pra ela ser uma grande escritora, ter ganho muito dinheiro e depois ter pedido tudo, acho que o que ela deixou mais de importante mesmo é o legado“, salientou.

“Vai ser um enredo biográfico e ele me toca muito por conta disso. Tenho certeza que a gente vai fazer um grande Carnaval e essa escola está me dando o maior prazer de mostrar um pouquinho da minha história através desse enredo”, concluiu André, que já assinou os desfiles Em Cima da Hora, Brinco da Marquesa, Barroca Zona Sul, Imperador do Ipiranga, Nenê de Vila Matilde, Pérola Negra, Império de Casa Verde, X-9 Paulistana e Rosas de Ouro.

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