Águia de Ouro ajuda o Carnaval de São Paulo a dar mais um passo para frente, por Sidney Rezende

O educador Paulo Freire, tão criticado pelos conservadores, quem diria, foi o pé de coelho da Águia de Ouro, a campeã inédita do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo 2020. Pela primeira vez em 43 anos, a Águia conquistou seu primeiro troféu em uma disputa bastante acirrada.

O desfile, assinado por Sidnei França – que contabilizou sua quinta vitória na folia paulistana – contou a história da evolução do conhecimento humano. Em uma alegoria, havia um boneco do homenageado com menção a pensamento de Paulo Freire: “Não se pode falar da educação sem amor”.

O samba refletiu muitos dos posicionamentos e ensinamentos de Freire, conhecido como o patrono da educação brasileira. Ele morreu em 1997, mas suas ideias estão vivas em várias partes do mundo.

O nome do enredo foi “O Poder do Saber – Se saber é poder…quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, que nos remete a uma canção de protesto de Geraldo Vandré. As fantasias e alegorias mostraram também o lado bom e ruim do conhecimento humano, com destaques para a invenção da roda e tragédias envolvendo o uso de bombas nucleares, como foi o caso do ataque em Hiroshima, em solo japonês.

A vitória da Águia de Ouro consagra a liderança do presidente Sidnei Carriuolo.

No comando da escola há quase quarenta anos, sua história, estilo de liderar e paixão pelo pavilhão azul e branco se confunde com a da própria entidade. Não podemos esquecer das notas para a bateria liderada pelo mestre Juca, outro gigante da Pompeia que no próximo ano completa 30 anos como comandante da batucada.

Quem disse que o mundo é só dos jovens? Cabelos brancos valem muito, sim, senhor! Formadora de tantos sambistas espalhados pela cidade, a escola, que já chorou com a perda de alegorias pela chuva e incêndio em sua antiga quadra, e teve que se unir internamente para superar quedas para divisões de Acesso, hoje vive seu momento de glória.

Outros destaques

Liderada por Paulo Serdan e pelo talento do carnavalesco Jorge Freitas, a Mancha Verde, vencedora no ano passado, fez um desfile luxuoso e ficou em segundo lugar, na frente da Mocidade Alegre, da emblemática Solange Cruz, que renasce para um novo momento. Campeã em 2017 e 2018, a Acadêmicos do Tatuapé ficou em quarto, seguida pela Unidos de Vila Maria.

Em um ano nivelado por cima, outras agremiações que não ficaram entre as campeãs fizeram grandes apresentações. Por detalhes, alguém teria que ficar de fora do pódio. Com as justificativas dos jurados será possível tentar entender os motivos. Vamos aguardar.

Pérola Negra e X-9 Paulistana foram rebaixadas. Vai-Vai e Acadêmicos do Tucuruvi ficaram, respectivamente, em primeiro e segundo lugar do Grupo de Acesso 1 e estão de volta ao Grupo Especial em 2021. Tristeza na Zona Leste com o rebaixamento da tradicional Nenê de Vila Matilde para o Grupo Acesso 2.

Cercada de grande expectativa, a Gaviões da Fiel, que teve Paulo Barros e Paulo Menezes assinando seu desfile de 50 anos, ficou na modesta décima primeira colocação, escapando do rebaixamento por meio ponto. Mesmo assim, a “Fiel Torcida” apresentou alegorias inovadoras que ficarão na memória do público que lotou o Anhembi.

O Carnaval de São Paulo mostrou mais uma vez seu crescimento e organização e continuará tendo destaque aqui no SRzd, afinal, 2021 já começou. Em nossas páginas você acompanha a movimentação das escolas rumo a produção de mais um espetáculo.

* Com informações de Raul Machado