A espera para ver o novo despertar de um talento…

Ednei Mariano traz novo texto em sua coluna no portal SRzd.

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A espera para ver o novo despertar de um talento…

… E o “nêgo veio” sentado em sua confortável cadeira de vime contemplava a natureza.

Os olhos daquele que muito viveu nesta caminhada, assistiu dramas de alegria. Dores foram despertando em seus pensamentos entre a algazarra das maritacas, que neste final de tarde, chegavam em festa para a hospedagem noturna, surgidas entre as árvores que circundava sua casa.

Aquela tranquilidade deu lugar para um sobressalto repentino! Sem perder a calma, olha para uma das serviçais e com um sinal, a jovem se apresenta, e assim ele pede:

“Prepare as águas aromáticas pois está chegando alguém com necessidade de reequilibrar”.

A jovem chamou outras moças e sem nada perguntar foi fazer o preparo, já que conhecia as ervas e a receita.

Nem bem as meninas saíram para o afazer, chega um rapaz abatido e cai aos seu pés. Garoto de pele clara, mas com traços que o levava a descendência africana.

O menino transfigurado pela dor moral, mas consciente e respeitoso, beija a mão do ancião. E este, com um gesto paterno, afaga o garoto em seu peito, deixando ele em seu choro compulsivo derramar ali toda a dor.

Depois de alguns minutos o garoto recupera a razão e começa a narrar sua aflição.

Neste transe de palavras o sábio via aquele pequeno coração despedaçado em dor dilacerante.

O fio central da narrativa era a traição sofrida por sua companheira de dança em uma trama com a direção da escola de samba, que o obrigou a abdicar do posto de primeiro mestre-sala.

Com um discreto sinal, se aproximaram as moças. O garoto, ainda em choro compulsivo, terminara de narrar a situação.

Elas, portando bacias com o líquido aromático e toalha branca, ao sinal positivo do mentor começaram a ministrar no coronário e no frontal do garoto aquele preparado. Enquanto praticavam o ato iam orando, em cântico, numa linguagem africana.

Durante o culto a mente do senhor abriu-se em tela e ali estavam as cenas do jovem; cheio de felicidades, envolvido em sua dança.

Os movimentos eram precisos, os volteios em sincronia com a dama, o jogo frenético de pernas lembrava o bravo guerreiro desafiador.

Entende então nesta cena o amor do jovem pela arte.

Aí, sentiu o quão mau fizera esta traição a este competente e versátil dançarino.

O sábio entra em prece, coloca todo seu fervor e devoção em favor de uma calmaria para aquele agoniado coração.

Em instantes o garoto foi relaxa e é vencido, caindo em sono profundo aos pés daquele que o amparava neste momento difícil.

Ajudado pelas belas moças, acomodam o garoto em dos muitos cômodos da espaçosa casa, em vigília esperando que o jovem tenha um despertar suave e esteja pronto para seguir seu caminhar nesta arte que provoca tantas alegrias, mas que também é uma linha de decepções.

Axé!