‘Viradouro e suas histórias’: Zé Paulo Sierra, o intérprete que reinventou a arte de se apresentar

Zé Paulo Sierra. Foto: Arquivo Pessoal

Zé Paulo Sierra. Foto: Arquivo Pessoal

Quem se surpreende com a jeito garotão de Zé Paulo Sierra, um dos mais premiados intérpretes do Carnaval brasileiro, talvez nem suspeite que ele tenha começado sua carreira, em 1988, no extinto Bloco Chupeta da Abolição, com passagem pela Difícil é o Nome. Da mesma forma que se engana aqueles que pensam que a irreverência surpreendente do Zé Paulo – a cada novo desfile – possa parecer “rompantes instantâneos”. Não é nada disso. O número um da Viradouro não faz nada impensado, detesta improviso, e, para cada detalhe do desfile na Sapucaí ou no sambódromo de São Paulo, ele já pensou “o plano B”. Na quinta reportagem especial da série “Viradouro e suas histórias”, Zé Paulo Sierra é nosso entrevistado. (Veja vídeo abaixo)

O comentarista Bruno Moraes, especialista em bateria, sempre preocupado com a performance dos ritmistas, é um que não deixa de olhar com atenção ao que faz Zé Paulo. “Ele é um dos melhores puxadores da atualidade, com uma entrega que não é vista em nenhum outro. Sempre muito afinado e levantando o público…”. E é verdade.

E por falar em bateria, em entrevista à colaboradora do SRzd Cristiane Lourenço, Zé Paulo Sierra falou sobre Mestre Ciça. “A parceria com Ciça tem sido muito importante, porque ele é um cara muito criativo, e a gente tem trocado muito. É muito bom trabalhar com ele, porque ele ouve, está aberto a essa troca. Aliás, não apenas com ele, mas toda a equipe de 2019 vem nessa pegada de manter o foco, de trabalhar muito para que tudo corra da melhor forma na Avenida”.

Ele surgiu com seu timbre limpo entre médio e agudo numa época em que predominavam as vozes graves na Avenida.

Zé Paulo Sierra e Viradouro combinaram tanto que até parece que ele é da casa há anos. Não é bem assim. Na sua invejada carreira, ele já sonhou acordado na escola mirim Aprendizes do Salgueiro, como cantor e compositor; conheceu por dentro a Caprichosos, em 1993, através de um concurso de cantores de samba. Ele foi o mais novo intérprete do grupo de acesso quando assumiu o microfone principal da Unidos da Ponte, em 1997.

Foi o intérprete oficial do Arranco no Grupo de Acesso, em 2006, auxiliar de Leonardo Bessa na São Clemente, em 2007, e ainda fez parte do carro de som da Mangueira, nos anos de 2007 e 2008. Mas foi em 2010 que sua carreira decolou pra valer. Ele foi escolhido intérprete oficial da Mangueira ao lado de Rixxah e Luizito. No ano seguinte, ele tinha Ciganerey ao seu lado.

O comentarista do SRzd Claudio Francioni não mede nos elogios: “Zé Paulo já é um dos grandes no Carnaval carioca. Surgiu com seu timbre limpo entre médio e agudo numa época em que predominavam as vozes graves na Avenida. É extremamente afinado, estudioso e cuida do seu instrumento de trabalho como poucos”.

“Eu tento fazer sempre alguma coisa diferente. Eu tento fazer com que eu não passe como mais um aqui dentro, a minha identidade é ter essa proximidade com o público. É importante fazer o público participar. Neste ano, estou muito focado em cantar. Mas claro que vai ter o toque, o olhar, o sorriso, a interação com o pessoal da frisa. Vai ter de tudo, mas com moderação porque este ano a gente vem para disputar o título e qualquer deslize pode acarretar em um décimo perdido”, contou Zé Paulo à Cristiane Lourenço.

E quando foi que a Viradouro cruzou sua vida? Em 2014, acertou com a vermelha e branca de Niterói. No vídeo que você assistirá logo abaixo, Zé Paulo conta detalhes de um drama que poderia ter prejudicado a escola, mas que virou um caso de sucesso. O microfone não funcionou em plena Avenida, e Zé Paulo tirou da cartola uma solução genial. Ideia santa. Fantasiado de São João Batista, ele já estava. O que aconteceu, ele conta na entrevista abaixo.

Assista a ‘Viradouro e suas histórias’, com Zé Paulo Sierra:

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