Vila Isabel 2020: Escola surpreende com desfile irretocável e se torna uma das favoritas ao título

Samba da Vila Isabel foi um dos citados por Cláudio Francioni. Foto: Juliana Dias/SRzd

Por Amanda Rocha e João Carlos Martins

Gigante pela própria natureza

Passeando por tribos indígenas e diversos povos, a Vila Isabel contou a história da fundação de Brasília. A escola do bairro de Noel já iniciou seu desfile aos gritos de campeã. A reação das arquibancadas foi uma das mais positivas até o momento e assim a Vila comprova seu gigantismo natural.

Fala, Rachel!

“A Vila Isabel simplesmente arrasou. Até mesmo seu samba mediano teve um rendimento excepcional. Não sabemos o que ainda vem por aí, mas a vila fez um desfile de campeã”

Fala, Luiz!

“Um enredo confuso, complicado. Plasticamente muito bem, como é uma marca do Edson Pereira. Mas, acho que não aconteceu muito, o entendimento não é tão simples. Ele, na verdade, fez um passeio pelo Brasil e terminou com Brasília”

Comissão de frente

Representando o clamor de Uaikôen, a comissão assinada por Patrick Carvalho deu um verdadeiro show na Sapucaí. Utilizando um grande tripé, os bailarinos apresentaram o curumim-Brasil que ao longo da coreografia, através de sua força ancestral, se transformava em um guerreiro.

Mesmo enfrentando dificuldades, o curumim conseguiu se manter vivo, sendo guiado por sua própria ancestralidade e força.

O encanamento do público e a maestria com que a comissão foi conduzida podem garantir que o quesito seja gabaritado na apuração.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Rafael Rodrigues e Denadir Garcia brilharam na Avenida com seu belo bailado e sua fantasia de equinócio ameríndio. A coreografia do casal aliava-se à de seus guardiões, que representavam a revoada dos uirapurus, pássaros que testemunham o encontro entre Guaci e Jaci.

Foi uma apresentação espetacular e muito bem executada. Segundo Eliane Souza, comentarista do quesito pelo SRzd, o casal realizou arranjos lineares e progressões circulares.

“Uma perfeição de bailado do mestre-sala e da porta-bandeira pode ser vista na passagem de Raphael Rodrigues e Denadir Garcia. Coreografia do par realizada em arranjos lineares e progressões circulares, ratificando os movimentos obrigatórios nos quais contam os giros e contra-giros, as piruetas e os meneios.
Denadir Garcia executou movimentos fluentes e delicados de braço e mão, de forma contínua e com naturalidade.
Raphael Rodrigues, com ela estabeleceu diálogos corporais, numa cumplicidade poética através da realização de mesuras galanteadoras.
Com a potência de sua gestualidade e grande simpatia, o casal estabeleceu uma interação com o público durante sua dança pela passarela.
A apresentação aos julgadores foi um momento de harmonia e excelente sintonia do par, que realizou com perfeito sincronismo os movimentos coordenados do bailado.”

Alegorias e adereços

As alegorias foram absolutamente impecáveis. A plástica da escola acompanhou a proposta do enredo e fez-se entender por todos que assistiram.

O conjunto da Vila foi o melhor até o momento o mais bonito de se ver e um dos poucos que cumpriu o proposto com perfeição.

Para Wallace Safra, as alegorias tiveram um rico acabamento e mostrou uma excelente qualidade artística.

“Alegorias grandiosas, fortes e assertivas. Marca do desfile da Vila, foi o acabamento rico em detalhes. O Carnavalesco alcançou um grande nível de perfeição, mostrando uma qualidade artística impressionante.
Conjunto impecável.
Destaque para a forma homogênea e sensível que o carnavalesco usou para construir as alegorias.”

Fantasias

Fantasias volumosas, ricas e em perfeita harmonia com todo o resto da escola. A Vila Isabel deu uma verdadeira aula de como realizar um conjunto limpo e harmonioso.

Todas as fantasias conversavam perfeitamente com o enredo e encantaram bastante.

Para Wallace Safra, a escola realizou um conjunto de fantasias impecável.

“Com uma plástica impecável, suave e delicada, o desfile passeou por fantasias ricas em detalhes, diversificação de materiais em costeiros e cabeças, acabamentos perfeitos e pontuais, além de uma inteligência artística na utilização das penas sintéticas no entrelaçar com o cupim, enriquecendo finalizações e transmitindo o enredo com extremo bom gosto. Conjunto de fantasias impecável.”

Enredo

“Gigante Pela Própria Natureza: Jaçanã e um Índio Chamado Brasil” foi o enredo escolhido pelo carnavalesco Edson Pereira para contar a história da fundação de Brasília por meio de um conto indígena.

Ao longo de cada setor, o tema ia se desenvolvendo com muita naturalidade e bastante coerente com o que havia sido antes proposto. As alegorias eram de fácil identificação do público. Nada pareceu faltar, o enredo foi claro e muito bem passado durante todo o desfile.

Samba-enredo

Considerado um samba médio durante o pré-carnaval, a obra da Vila Isabel cresceu consideravelmente no desfile. Uma passagem arrebatadora, que conquistou público e comunidade. O rendimento não caiu em nenhum momento. Mérito total do intérprete Tinga e da bateria comandada por Macaco Branco. O samba, no entanto, não é certeza de 10 na apuração, por conta de sua letra e melodia.

Bateria

Assim como outras alas, a bateria da Vila foi impecável. Bossas e paradinhas foram os pontos mais animados e contagiantes da Swingueira de Noel. Por esses motivos, a mesma esquentou a Sapucaí.

Cláudio Francioni, comentarista do SRzd, destacou o andamento da bateria de Mestre Macaco Branco.

“A bateria da Vila Isabel deu um espetáculo na avenida. Mestre Macaco Branco emendou uma bossa na outra, cravando todas as execuções. Destaque para o fantástico andamento, que levantou um samba que era pouco cotado no período pré-carnaval.”

Harmonia

Impressionante o desempenho da comunidade da Vila Isabel na Avenida. Surpreendeu demais, principalmente porque o canto não era tão forte nos ensaios como foi na Sapucaí. Todas as alas cantaram muito. Um volume impressionante, em conjunto com a garra e dedicação de cada componente. Elogiar Tinga é chover no molhado. O intérprete foi monstruoso e colaborou com a excelência no quesito.

Evolução

Passagem perfeita da Vila no quesito. Correta, coesa, sem buracos e mantendo mesmo andamento do início ao fim, o que proporcionou um final de desfile tranquilo para a escola. Difícil a agremiação perder algum décimo na próxima quarta-feira.

Ficha técnica

Enredo: Gigante Pela Própria Natureza: Jaçanã e um Índio Chamado Brasil
Presidente: Fernando Fernandes
Carnavalesco: Edson Pereira
Intérprete: Tinga
Mestre de Bateria: Macaco Branco
Rainha de Bateria: Aline Riscado
Comissão de Frente: Patrick Carvalho
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Raphael Rodrigues e Denadir Garcia

Nota da galera

A cobertura dos desfiles do Carnaval RJ do SRzd tem o apoio de: