Veja as fantasias comerciais da Grande Rio para o Carnaval 2020

Fantasia “Legião de Notáveis”, da Grande Rio 2020. Foto: Ademir Júnior/Divulgação

O Acadêmicos do Grande Rio desfilará em 2020 com duas alas comerciais. As roupas, que ajudarão a contar o enredo “Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias”, desenvolvido pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, vão compor o quinto e o sexto setores do desfile sobre Joãozinho da Gomeia.

Uma das fantasias, “Legião de Notáveis”, é parte do quinto setor, que será dedicado à fama conquistada pelo homenageado. Sua notoriedade se expressa, dentre outros fatores, pelos grandes nomes que frequentavam seu terreiro. Joãozinho recebeu o título de “Rei do Candomblé” de ninguém menos do que a então Princesa Elizabeth, futura Rainha Elizabeth II, uma das personalidades que serão referenciadas nos figurinos.

De acordo com o carnavalesco Leonardo Bora, este setor mostrará o sucesso de João da Gomeia nos palcos de teatros e cassinos e sua assiduidade nas páginas da imprensa carioca. É justamente sua boa relação com personalidades influentes, artistas e políticos que é retratada nesta ala: vestindo casacas de acento nobre, os componentes carregarão estandartes com diferentes imagens de “notáveis” como Jorge Amado, Emilinha, Ângela Maria, Dercy Gonçalves, Juscelino Kubitschek, Oscarito, Assis Chateaubriand, Cauby Peixoto, Dorival Caymmi, entre outros.

Para a feitura do protótipo, foi escolhida a Rainha Elizabeth, que enviou o presente oficial oferecido aos convidados da festa de coroação, ocorrida em 1953, a João da Gomeia – um sino de ouro, objeto hoje desaparecido. Segundo Bora, as estampas em preto e branco, criadas em parceria com o designer Antônio Gonzaga, dialogam com a estética do artista nigeriano Laolu Senbanjo, enquanto que as imagens dos estandartes remetem à pop art londrina: “Gostamos dessas misturas”.

A outra fantasia é a “Folia de Reis”, parte do sexto setor do desfile que a Grande Rio apresentará na Marquês de Sapucaí. O último setor do desfile da Tricolor de Caxias proporá uma grande festa de cultura popular, celebrando a alegria carnavalesca, a liberdade e a diversidade contra a intolerância religiosa e toda forma de preconceito.

O carnavalesco Gabriel Haddad explica: “A festa é uma forma de resistência e a alegria é revolucionária. Por isso, ao falarmos do quilombismo, reuniremos diferentes manifestações de cultura popular que eram abraçadas pelo terreiro da Gomeia e que permanecem vivas, pulsantes, pelas ruas de Caxias e de tantos lugares do Brasil profundo. A Gomeia era um espaço de sociabilidade muito rico, que chegou a receber comitivas de maracatus do Recife e grupos de intelectuais do porte de Camus e Sartre, sempre com fartura e rebuliço na imprensa. Em parceria com o pesquisador Vinícius Natal, descobrimos detalhes incríveis, como o fato de que Joãozinho contribuiu para a valorização da Noite dos Tambores Silenciosos e para a organização de encontros de manifestações folclóricas de repercussão internacional, ocorridos nos primeiros anos de Brasília”.

Para a concepção das roupas do setor, foram utilizados os relatos de Abdias Nascimento para o jornal Quilombo. Em uma de suas matérias, ele descreve como era a festa de São João na Gomeia, um evento que mexia com toda a vida social de Caxias. O mesmo se pode dizer da Folia de Reis, mistura de elementos do catolicismo popular com folguedos e ritmos de matrizes afro-ameríndias.

A presença do palhaço de Reis, já tradicional nos enredos da dupla de carnavalescos, virou, segundo eles, “quase uma superstição”. Foi com surpresa que viram a possibilidade de usá-lo no desfile da Grande Rio para 2020: “Quando descobrimos a relação da Gomeia com os reisados, logo pensamos em criar um novo figurino para esse tema que tanto nos fascina. As estampas do setor nos levam aos quadros de Abdias Nascimento, artista plástico que precisa ser conhecido pelo grande público das escolas de samba. A obra “Padê de Exu” foi uma grande referência”.

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