Unidos de Padre Miguel 2020: Escola da Zona Oeste faz bom desfile e entra na briga pelo título
Por Beatriz Chaves e João Carlos Martins
Gingou
Penúltima escola a desfilar, a Unidos de Padre Miguel entrou pronta para brigar pelo título com os demais destaques do dia. De uma ponta a outra, apesar dos problemas, a agremiação mostrou que está no caminho certo para o processo de retorno as melhores colocações da Série A, almejando maiores voos entre as grandes do Grupo Especial.
Fala, Rachel!
“A Unidos de Padre Miguel não deixou barato. Não se intimidou com a ingrata posição, logo após a Imperatriz e fez um desfile valente, de acordo com deu DNA. É uma escola de garra. Visual interessante, enredo bem brasileiro e muita disposição para ganhar.”
Fala, Luiz!
“É uma grande satisfação ver o belíssimo desfile da UPM. Teve pequenos problemas, abriu um buraco, e por isso ela não briga pau a pau com a Imperatriz. Ressaltando o trabalho do Fábio Ricardo, foi impecável. Na fantasia, daria para você brigar pau a pau. Tanto alegoria, tanto em fantasias”
Comissão de frente
A Unidos de Padre Miguel, apresentou comissão de frente forte todo baseado no dança africana, principalmente pela protagonista, a atriz Dandara Mariana. Trajada como uma guerreira, a artista abusou da teatralidade, urrando, encarando e encantando com todo conjunto da apresentação.
Segundo Marcio Moura do SRzd, a comissão da escola mostrou beleza plástica:
“David Lima talvez seja o coreógrafo que está há mais tempo a frente do quesito numa mesma Agremiação. Para defender o enredo trouxe um grupo de capoeiristas e a atriz Dandara Mariana. A sequência apresentada agradou bastante o público principalmente nos movimentos acrobáticos. Grupo de uma beleza plástica inconfundível. Marca das comissões da UPM.”
Casal de mestre-sala e porta-bandeira
Os dois carecas! O casal que já virou identidade da escola Jessica Ferreira e Vinicius Antunes veio com toucas de látex simulando a ausência dos fios. A dupla de fato foi para guerra! Vestidos de guerreiros da tribo Mocupe, eles fizeram a apresentação do quesito cercado por um grupo de guardiões.
De acordo com a comentarista do SRzd Eliane Souza, a apresentou bailado original:
“Com movimentos fluentes e demonstrando conhecimento da coreografia do bailado, domínio dos passos e gestos da dança, o casal apresentou uma linda performance, interagindo com o público e sendo aplaudido durante sua passagem. O bailado foi realizado em sua forma original, com naturalidade e harmonia, revelando a perfeita integração do par pelo sincronismo na efetivação dos movimentos coordenados e eficiência dos movimentos obrigatórios constante na coreografia de cada um dos sambistas. Vinicius Antunes e Jessica Ferreira, diante da cabine julgadora, se exibiram com garbo, elegância e suavidade, com uma organização harmoniosa de suas sequências de movimentos.”
Alegorias e adereços
As alegorias da UPM novamente se destacaram entre as melhores da noite. Com um tripé de um touro que soltava fumaça, a escola da Zona Oeste intimidou no início, mas infelizmente foi prejudicada pelo acabamento e estrutura alegórica. O terceiro carro é um dos exemplos, a alegoria veio acompanhada de membros do Corpo de Bombeiros.
Segundo Wallace Safra, as alegoria da UPM fez um belo trabalho:
“Alegorias imponentes, fortes , ricas e com um belo trabalho artístico. A Unidos mais uma vez apresentou um trabalho plástico coerente e de muita qualidade. Apesar de em algumas alegorias a escola ter pecado em alguns detalhes de acabamento em nada perdeu plasticamente em seu resultado final. Conjunto impecável.
Destaque para a singularidade e coerência de todas as alegorias.”
Fantasias
As fantasias foram o ponto alto da Unidos de Padre Miguel. O traje assinado por Fábio Ricardo impressionou em todos os setores. Da baiana à ala das criança! O visual mostrou riqueza de criatividade e as mais variadas texturas. O destaque ficou para as 3 primeiras alas, verdadeiramente vestidas como realezas das manifestações culturais.
Para o comentarista do SRzd Wallace Safra, o destaque ficou para o primeiro casal.
“Com o enredo “Ginga” a Escola entrou na avenida para contar a história da capoeira.
Com fantasias bem desenvolvidas, bem acabadas e com um belo resultado plástico, a Escola apresentou um trabalho homogêneo e de muito bom gosto. Com muito requinte, no primeiro setor o trabalho em plumas e capim é realizado de uma forma inteligente e pontual, agregando ao processo plástico. No segundo setor a agremiação manteve a qualidade e diversificou, utilizando uma grande variedade de materiais em costeiros e acabamentos.
Destaque para o trabalho artístico de maquiagem realizado nos componentes em quase sua totalidade, somando muito ao resultado artístico proposto pelo carnavalesco. Destaque para a transição coerente entre as alas e a fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira.”
Enredo
Após retornar ao Carnaval, depois de um ano fora da folia, Fábio Ricardo apostou em outras vertentes da cultura popular para criar o enredo da Unidos de Padre Miguel. A escola fez uma viagem pelos ritmos do Brasil como o maculelê, congadas e nas festas de caboclos para contar a história de uma das manifestações mais antigas e genuínas brasileiras, a capoeira. Que trouxe pra Avenida uma mistura de dança, religiosidade e conhecimentos.
Samba-enredo
A obra da Unidos de Padre Miguel teve como ponto alto seu desempenho na Avenida, graças à ótima interpretação de Diego Nicolau, estreante na escola. O samba é leve, de versos pequenos e com melodia envolvente. Serviu para desfile, enredo e componentes. Um quesito que não deve atrair problemas para a agremiação na Quarta-feira de Cinzas.
Bateria
A percussão ficou por conta da Guerreiros da Unidos, vestidos com fantasias leves, a bateria da escola desenvolveu um trabalho maduro diante da regência de Mestre Dinho.
Para o especialista Bruno Moraes, a bateria teve bom desempenho.
“A bateria do Mestre Dinho continua na trilha da evolução. Com ótimas apresentações aos Julgadores e com um grupo de diretores experientes, fizeram com que a bateria tivesse boa resposta do público, principalmente com a bossa de número sete, que já é marca dos desfiles do Mestre. O povo da Vila Vintém sai satisfeito do Desfile.”
Harmonia
Como de praxe, a comunidade da Unidos foi uma das que mais cantou na passarela do samba. O volume foi satisfatório na maior parte das alas, e aumentava no final da segunda parte e no refrão principal. Vale destacar a garra com que os componentes defenderam a obra na Avenida.
Ótima atuação também do intérprete Diego Nicolau em parceria com a bateria de mestre Dinho. O samba foi sustentado com o mesmo andamento do início ao fim do desfile.
Evolução
Se por um lado o desempenho de componentes em evolução foi o ótimo, não podemos dizer o mesmo do conjunto geral da escola com suas alegorias. Logo no início, o primeiro carro da demorou a entrar na Sapucaí e a agremiação abriu um enorme buraco. A Unidos penou para corrigir o problema, que fez com que a escola precisasse acelerar o passo ao final da sua exibição.
Ficha técnica
Enredo: GingA
Presidente: Renato Maroto
Carnavalesco: Fábio Ricardo
Intérprete: Pixulé
Mestre de Bateria: Dinho
Rainha de Bateria: Karina Costa
Comissão de Frente: David Lima
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jessica Ferreira e Vinicius Antunes
Nota da galera
A cobertura dos desfiles do Carnaval RJ do SRzd tem o apoio de:
Comentários