Tijuca 2020: Azul e amarela desaponta no retorno de Paulo Barros

Desfile Unidos da Tijuca 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd

Por Beatriz Chaves e João Carlos Martins

Onde moram os sonhos?

Tijuca que tanto sonhou com a volta de Paulo Barros para sonhar novamente com o título de campeã, ficou apenas no sonho no Carnaval 2020. Afinal, a escola decepcionou em seu desfile, com problemas em vários quesitos, além da falta de comunicação com as arquibancadas, típica dos desfiles do carnavalesco. A escola deve até ficar fora do sábado das campeãs.

Fala, Rachel!

A diversidade salva o Carnaval da monotonia. Após o desfile clássico do Salgueiro, um pouco do estilo de Paulo Barros, hoje menos revolucionário que outrora, mas ainda trazendo polêmica. Baianas catedral de Brasília? Há quem goste, felizmente. Assim se foge da mesmice. Vida longa para as escolas de samba!

Fala, Luiz!

“Unidos da Tijuca, eu confesso que fiquei muito decepcionado. Parece que a criatividade do Paulo Barros ficou lá na Gaviões da Fiel. Esgotou todo estoque lá. Em nenhum momento, o samba casou com o enredo. A leitura plástica era diferente da parte do samba-enredo.”

Comissão de frente

A comissão de frente trazia o processo criativo inspirado em Leonardo da Vinci, juntamente com a drag queen Suzy Brazil. O coreógrafo se dedicou a fazer uma apresentação descontraída, uma mistura de gerações era feita de forma bem humorada. E, claro, com as ousadias comuns no desfile de Paulo Barros. O resultado do projeto era um chafariz composto por dançarinos. Infelizmente, no segundo módulo, dois personagens não acenderam, no quarto somente no desfecho.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Raphaela Caboclo e Alex Marcelino estavam de ‘Um casal sob medida’. Ele, esquadro; ela, o transferidor, pontos que são necessários para a construção de um projeto arquitetônico. O casal já havia dançado antes no Império Serrano e se reencontrou no ano após a saída de Jack e Vinícius Pessanha para o Salgueiro.

Para a comentarista do SRzd Eliane Souza, o bailado de Raphaela e Alex foi harmonioso.

“No deslocamento pela Avenida, Raphaela Caboclo fez no passo abano, isto é, nos giros horário e anti-horário, em perfeita execução do passo obrigatório da coreografia da porta-bandeira. Sua
movimentação harmoniosa de braço e suave da mão, que por vezes, era apoiada na cintura, marcaram seu estilo. Alex Marcelino, o competente mestre-sala, galante com seu gestual cortes conduzia a dança e a dançarina manuseando o bastão, adereço que compõe seu jeito dançarino, com destreza em movimentos circulares e bem-proporcionados. O que podemos apreciar foi uma apresentação plena, com interação com o público e performance espontânea diante dos julgadores, momento no qual, Raphaela se exibiu com total dengo.

Alegorias e adereços

As alegorias de Paulo Barros sempre foram motivo de debate. Seja pelos movimentos humanos ou pelas engrenagens. Este ano, não poderia ser diferente. Falando de arquitetura e urbanismo,  o carnavalesco trouxe o conjunto alegórico com o a sua assinatura visual como de costume, porém, surpreendeu na simplicidade da obra.

De acordo com o comentarista do SRzd Wallace Safra, o conjunto alegórico foi regular:

“O conjunto de alegorias e adereços apresentados foram regulares. A escola não mostrou elementos diferenciados nas composições, repetindo fórmulas e efeitos visuais coreográficos. Conjunto regular.”

Fantasias

Seguindo também, o mesmo nível das alegorias. As fantasias da Unidos da Tijuca, representavam o tema proposto com bastante clareza, o volume oscilava de acordo com o significado. Um dos destaques ficou para ala das baianas que apresentou um volume e estilos fora do convencional.

Segundo o comentarista do SRzd Wallace Safra, as fantasias foram coerentes:

“Com o enredo “Onde moram os sonhos” a Escola conta a história da arquitetura e do urbanismo, construindo sonhos e planejando a vida. Com fantasias coerentes, a agremiação conseguiu transmitir uma mensagem interessante. Mas deixou a desejar na plástica, nos acabamentos, no uso excessivo de penas plásticas e de recursos visuais receptivos. Plástica e conjunto regular.”

Enredo

Samba-enredo

A parceria de Dudu Nobre e Jorge Aragão dividiu opiniões durante o pré-Carnaval. Havia quem dissesse que o samba não casava com enredo e poderia prejudicar a narrativa do desfile, outros caracterizavam como uma verdadeira obra-prima. O samba tem trechos que chamam o componente tijucano para identificação. ‘Eu sou favela’, ‘Como é linda a vista lá do meu Borel’ eram os pontos fortes da letra. O destaque ficou para o desempenho do carro de som comandado pelo experiente Wantuir após retornar à escola depois de anos afastado.

Bateria

A ‘Pura Cadência’ desfilou vestida como trabalhadores da construção civil. Fantasia leve, possibilitou melhor desenvolvimento na execução das bossas. O destaque ficou para cantora Lexa, que estreou com o apoio da mãe, atual rainha da Unidos de Bangu. A artista se desequilibrou em um dos setores, mas nada apagou a sua passagem.

Segundo o comentarista do SRzd Claudio Francioni, a bateria deu um show:

“Mais um desfile excelente da bateria da Unidos da Tijuca, como de costume. Um show de andamento, valorizando ainda mais o bom samba da escola. Com ótimas afinações e execuções das levadas, a bateria de Mestre Casagrande tem uma precisão impressionante nas bossas.”

Harmonia

Era muito comum ver a Unidos da Tijuca chamada de ‘certinha’ pela quantidade de alas coreografadas. No desfile de domingo, a escola veio solta e cantando. O volume das fantasias diminuiu, ficaram aparentemente mais leves, possibilitando um desfile mais solto e vibrante. Ponto de destaque ficou para o carro de som.

Evolução

Este quesito sempre foi muito tranquilo para a escola do Borel, esse ano não foi diferente na agremiação. Cantou e dançou com muita segurança. Estável, a escola não abriu buracos, não teve nenhum erro aparente que prejudicasse o andamento da agremiação.

Ficha técnica

Enredo: Onde moram os sonhos
Presidente: Fernando Horta
Carnavalesco: Paulo Barros
Intérprete: Wantuir
Mestre de Bateria: Casagrande
Rainha de Bateria: Lexa
Comissão de Frente: Jardel Augusto Lemos
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Raphaela Caboclo e Alex Marcelino

Nota da galera

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