Sossego 2020: Escola faz desfile morno e retorno de Nêgo é o grande destaque

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Por Bernardo Laranja e João Carlos Martins

Sossegada até demais

Acadêmicos do Sossego foi a primeira escola a desfilar nesse segundo dia de Carnaval (22) com o enredo “Tambores de Olokum”, desenvolvido por Alex de Oliveira e Marco Antônio Falleiros. Em desfile com falhas e acertos, a agremiação niteroiense fez uma passagem regular pela Avenida e não corre risco de estar entre as últimas colocadas. Apesar disso, o desfile foi morno, com comissão de frente fraca e diversos problemas em acabamento de alegorias que podem pesar na quarta-feira. Destaque para o bom desempenho de Nêgo em sua volta à Sossego depois de um ano fora.

Fala, Rachel!

Rachel Valença. Foto: Nicholas Barbosa
Rachel Valença é comentarista do SRzd

“A Sossego não tem um bom samba, mas tem Nêgo. Isso faz toda a diferença. O puxador sabe o que faz e transmite segurança à escola. O que chama a atenção é o contingente, o que obrigou a manter um ritmo de desfile acelerado. Nada que comprometa o desempenho, bastante regular.”

Fala, Luiz!

Luiz Fernando Reis. Foto: Reprodução/Youtube SRzd
Luiz Fernando Reis é comentarista do SRzd

“Os mesmos enxertos, mesmos problemas que vimos na Vigário Geral. Confesso que fico incomodado, fantasia usada a gente percebe. Desfile correto, bonito, bonitas baianas, Nêgo passou muito bem e o samba funcionou. Mas, ressalto que a diferença de qualidade entre fantasias e alegorias foi gigantesca. Fantasias, embora cheias de enxerto, com muito mais qualidade que alegorias.”

 

 

Comissão de frente

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

A comissão de frente da escola niteroiense trouxe “Os Tambores do Senhor do Mar” para contar a história de Olokum, divindade guardiã dos mares, e de seus tocadores de tambores sagrados. Coreografada por Jardel Augusto Lemos, o grupo veio com a ajuda de um tripé na vertical que levava um estandarte escrito “Sossego Jubileu de Ouro” em seu topo, para homenagear os cinquenta anos da escola.

Em certo momento, a estrutura abaixa para a frente e o integrante que representa Olokum retira o estandarte e se senta na ponta do tripé, onde estava o estandarte. Como uma gangorra, a ponta sobe criando o efeito de levitação de Olokum, o que não impactou tanto o público na Avenida como poderia. O integrante fica pouco tempo suspenso e depois retorna ao chão. Sem erros na apresentação, a comissão, no entanto, não teve um bom desempenho pela Sapucaí e suas fantasias não apresentavam um alto nível de qualidade.

Para o comentarista do SRzd Márcio Moura, a comissão foi regular e homogênea:

“A comissão de Jardel, que também assina Unidos da Tijuca, trouxe uma coreografia com movimentos circulares valorizada pelo figurino. Arrancou aplausos da plateia quando o pivô era elevado por uma estrutura. Grupo bastante homogêneo, com visagismo que valorizava o projeto”.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Em seu primeiro ano na agremiação, o casal Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas fez uma boa estreia com uma performance que mostrou bastante entrosamento da dupla. Vestidos de “Infinitos das Águas – Espíritos de Olokum”, a fantasia luxuosa e brilhante em tons de azul e verde chamava atenção, ainda mais em contraste com a fantasia da comissão de frente que deixava a desejar em diversos aspectos.

Para a comentarista do SRzd Eliane Souza, o casal mostrou sincronia no bailado em uma boa performance pela Avenida:

“Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas deslizaram pela avenida com a segurança e a altivez própria de quem já trilhou este caminho por muitos anos. Com alegria, promoveram a integração com o público e, diante da cabine julgadora, fizeram a apresentação do pavilhão, numa sequência de movimentos fluentes, ocupando com maestria o espaço reservado ao desenvolvimento do bailado. Destaco a força da gestualidade e a expressividade da dupla, e a forma faceira como a porta-bandeira realiza suas nuances”.

Alegorias e adereços

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

O conjunto alegórico da Acadêmicos do Sossego pode não ter impressionado, mas funcionou no desfile da escola. Com um abre-alas bem acabado, feito em duas partes acopladas, a agremiação começou o desfile com uma boa plástica, apesar da qualidade inferior do tripé trazido na comissão de frente. Já no decorrer do desfile, o nível das alegorias caiu bastante, com diversas falhas em acabamento e com destaque negativo para o segundo carro e o quarto carro que deixaram muito a desejar em suas finalizações.

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Para o comentarista do SRzd Wallace Safra, a discrepância entre o primeiro setor e o restante da escola foi grande e o conjunto alegórico não impressionou:

“As alegorias apresentadas no primeiro setor da Escola obtinham acabamentos regulares e uma plástica homogênea, sem grandes recursos de impacto visual, mas com cuidados em finalização e detalhes.
No segundo setor a escola deixou a desejar, tanto nos acabamentos das alegorias quanto da plástica, impossibilitando muitas vezes uma fácil leitura do público. Conjunto regular”.

Fantasias

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

O conjunto de fantasias da Acadêmicos do Sossego veio simples, mas eficaz para a leitura do enredo. A utilização de uma grande quantidade de enxertos de fantasias já usadas por outras escolas pode incomodar os olhares mais atentos que privilegiam uma originalidade maior. Apesar disso, veio leve, bonito e condizente com a proposta dos carnavalescos Alex de Oliveira e Marco Antônio Falleiros.

Para o comentarista do SRzd Wallace Safra, outro ponto negativo das fantasias trazidas pela Sossego foram seu acabamento:

“Com um conjunto de fantasias regular a agremiação se mostrou segura com a proposta, com fantasias confortáveis e leves. Contudo em alguns setores a falta de acabamento nas finalizações dos figurinos tinham altos e baixos, comprometendo o resultado final na plástica apresentada pelos carnavalescos. Um grande uso de plumagem artificial propuseram maior altura e dinâmica aos figurinos, além do uso de outros materiais alternativos com o solução para diversificação de matéria prima. Regular, mas visualmente dinâmico”.

Enredo

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Alex de Oliveira e Marco Antônio Falleiros trouxeram para a Sapucaí os “Tambores de Olokum” para homenagear as raízes históricas e religiosas do Maracatu, cortejo que nasceu em Pernambuco. A história foi transmitida de forma clara pela Avenida. Ainda que as alegorias e fantasias estivessem com problemas de acabamento, elas proporcionaram uma fácil leitura do enredo pelo público.

Samba-enredo

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Nêgo de volta ao Carnaval em grande estilo. O intérprete mostrou segurança e constância na levada do samba-enredo da agremiação, o que permitiu um bom desempenho da obra na Avenida. O samba se manteve no mesmo andamento e serviu para a funcionalidade do desfile.

Vale destacar o estilo do samba da Sossego de 2020, algo mais tradicional. Diferente das inovações em letra e melodia que a escola trouxe em anos anteriores. A obra tem sua qualidade e pode garantir boas notas na apuração.

Bateria

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

A bateria Swing da Batalha do mestre Laion teve um bom desempenho pela Avenida. Com um bom andamento do samba, o destaque ficou para o momento em que a bateria se abre para três passistas passarem pelo meio. Coreografados e vestidos de “Luso Domínio”, os ritmistas levaram instrumentos de maracatu para a Sapucaí. Já a rainha Celi Costa veio vestida de “Soberania Portuguesa”.

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Para o comentarista do SRzd Bruno Moraes, a bateria da Acadêmicos do Sossego fez uma boa apresentação na Avenida:

“O jovem Mestre Laion fez um bom desfile com a bateria da Sossego. Com instrumentos de maracatu em homenagem ao enredo da Escola, a bateria executou bossas com bastante informação e apresentou um ritmo da cozinha firme e coeso”.

Harmonia

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

A azul e branca teve um desempenho irregular no quesito em sua passagem pela Sapucaí. Apesar do bom desempenho do carro de som, muitas alas passaram sem cantar e vários componentes demonstraram não saber de cor o samba-enredo. Poucas foram as alas que entoaram a obra com vontade. Nem a leveza das fantasias ajudou. O refrão principal era a parte mais cantada, mesmo assim, de forma tímida.

Evolução

Desfile Sossego 2020. Foto: Leandro Milton/SRzd

Passagem sem erros da Sossego. Escola foi coesa, com andamento constante e sem deixar espaçamentos desnecessários ou clarões entre alas e outros elementos do desfile. Os componentes, no entanto, deixaram a impressão de que poderiam ter evoluído melhor nas alas. Alguns integrantes passaram andando. Faltou explosão.

Ficha técnica

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Enredo: “Tambores de Olokum”
Presidente: Hugo Júnior
Carnavalesco: Alex de Oliveira e Marco Antônio Falleiros
Intérprete: Nêgo
Mestre de Bateria: Mestre Laion
Rainha de Bateria: Celi Costa
Comissão de Frente:Jardel Augusto Lemos
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas

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