De olho no ensaio: Sinfônica do Samba comanda treino em forma de festa do Império Serrano
De olho no ensaio do Império Serrano (20 de janeiro). Foto: SRzd
Quem chega em Madureira aos domingos sem entender a dinâmica de ensaios de rua, não imagina a força que tem um treino de uma escola de samba do Grupo Especial. A agremiação oriunda da Serrinha coloca em xeque sua maior característica nos preparativos do desfile de 2019: a tradição. O povo se aglomera na rua Edgar Romero na espera ansiosa do início do ensaio. Bares e barracas abrigam torcedores, componentes e curiosos até o ecoar dos tambores da Sinfônica do Samba.
O De olho no ensaio presenciou o treino de rua do Império Serrano no último domingo de feriado no Rio de Janeiro (20), dia do padroeiro São Sebastião. O teste se iniciou por volta das 21h45, por conta de uma indefinição no ponto de partida da escola. Entusiasmado, o Deputado Estadual Dionísio Lins (PP-RJ), apoiador do ‘Reizinho de Madureira’, discursou em defesa da rua Carvalho de Souza como a correta para o começo do treino, ao alegar um resgate da “essência imperiana”.
Ensaio em forma de cortejo
Presente em peso, o público acompanhou a escola dos primeiros até os últimos acordes entoados pelo carro de som. Para o diretor de Harmonia e Carnaval, Julinho Fonseca, a comunidade já aceitou e se adaptou em cantar um clássico da MPB em forma de samba-enredo: “Foi um grande desafio fazer com que as pessoas cantem uma música que já é cantada há mais de 20 anos, no ritmo mais acelerado do samba”.
A escola contou com um contingente reduzido no treino do último domingo (20). Segundo a direção de Harmonia, um dos principais motivos teria sido o feriado. Bateria, passistas e a ala coreografada que fecha o Carnaval imperiano foram as que apresentaram o maior número de componentes.
O samba, bastante popular e cantado pelo público, pode e deve crescer ainda mais na voz da comunidade, que abre o domingo de Carnaval 2019, pelo Grupo Especial.
Sinfônica e carro de som: qualidade e entrosamento
Ao apostar em novidades para o próximo desfile, a agremiação de Madureira inovou ao construir um carro de som onde Leléu e Anderson Paz dividem o protagonismo. Pode-se notar um entrosamento entre os dois cantores que ainda não tinham dividido o microfone principal de uma escola juntos. O Império levará para Avenida a música do compositor Gonzaguinha, “O que é, o que é”, em formato de samba, fato que levanta debates sobre o funcionamento da obra na Sapucaí.
O ensaio de domingo (20) foi levado pelo resultado positivo da união entre o carro de som e a bateria da verde e branca. Gilmar Cunha, mestre da Sinfônica do Samba, atentou à dificuldade de se achar um andamento confortável para o carro de som, bateria e comunidade: “Houve uma demora, pois testamos diversos tons. O carro de som ajudou muito por serem todos profissionais, e conseguimos, então, encontrar um ponto comum, que é esse andamento confortável”.
A bateria levou a obra clássica da música popular brasileira em torno de 140 e 142 batidas por minuto, que é o objetivo de mestre Gilmar na Avenida. “Nosso segundo passo foi fazer bossas que não poluíssem o samba. O maior desafio é fazer com que as pessoas ouçam e não achem que estamos fazendo convenções fora do tempo da música ou de forma exagerada. Baseamos o trabalho muito em cima da melodia. Eu adoro bossas descompassadas, mas esse ano não cabia”, declarou.
O treino em Madureira não contou com a presença do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Verônica Lima e Diogo Jesus, nem com a presença do grupo de bailarinos da coreógrafa da comissão de frente Claudia Motta. Um dos destaques foi a atuação do segundo casal da agremiação, Matheus Machado e Maria Luiza, que defenderam com atitude o tradicional pavilhão imperiano.
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