Sincerão! Gabriel David critica Liesa, defende reabertura dos barracões e comenta desfiles da Beija-Flor

Gabriel David é diretor de marketing da Liesa. Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Filho do presidente de Honra da Beija-Flor e conselheiro da azul e branca, Gabriel David é figura mais cada vez ativa nos bastidores da folia carioca. Apaixonado pela festa, o jovem quer colaborar para trazer ares de modernidade ao ‘Maior Espetáculo da Terra’.

Em entrevista exclusiva ao SRzd, o filho de Anísio abriu o jogo num bate-papo sincero. Ele criticou a Liesa, pediu eleições na entidade, defendeu a reabertura dos barracões, falou sobre a troca na prefeitura do Rio e comentou desfiles da Beija-Flor, já projetando o próximo Carnaval.

Confira as melhores partes da conversa e assista à integra da entrevista ao final da reportagem:

Críticas à Liesa

“A liga é lenta há muito tempo. Ela não acompanha o dinamismo do mundo e demora a tomar atitudes. Isso acaba que enfraquece o produto. O Carnaval diminuiu de três anos pra cá. Diminuiu em receita, em patrimônio, em arrecadação de patrocínios. Se tem algo causando essa diminuição, é preciso que a gente mude para reverter esse cenário. É nítida a crise que o Carnaval vive. Se a festa tivesse tomado atitude há três anos, a gente não estaria nessa situação hoje. Eu tinha jurado que ia parar de bater na liga, mas é mais forte que eu. A liga tinha obrigação de bater na porta do governo estadual pedindo uma verba de ajuda, de encher o saco da Globo, já que ela já pagou São Paulo e não pagou o Rio. O Rio tem muito mais visibilidade que São Paulo. Não tem explicação para algumas coisas. Teve muita reunião que marcou, falou e não fez nada.”

Eleição na Liesa

“Tem eleição ano que vem. Achei que fosse acontecer esse ano, mas não aconteceu. Espero que o presidente da liga antecipe para janeiro. Não é porque quero que o Jorginho saia ou porque quero tomar lugar de alguém, até porque não sou candidato. Mas é importante que isso aconteça. As eleições eram em abril quando o Carnaval era em fevereiro. Fazendo as eleições em fevereiro ou março, teremos poucos meses para a preparação do Carnaval.”

Apoio a candidatos

“Acho difícil terem duas chapas. Mas se tivesse, eu tomaria um lado. Na posição que eu estou, eu não tenho o direito de ficar em cima do muro. Não que eu não vá trabalhar com qualquer um. Eu quero ajudar o Carnaval e vou também palpitar naquilo que cabe a mim.”

Plenária da Liesa do dia 24 de setembro de 2020. Foto: SRzd

Nova geração em posições de comando no Carnaval

“Eu costumo usar uma analogia, comparando com os grandes festivais pelo mundo: se a gente pegar muito dinheiro, a gente replica o Rock in Rio amanhã; se você pegar todo o dinheiro do mundo, você não replica o Carnaval amanhã, porque você não consegue comprar paixão. É por prazer e paixão que estamos nessa. Talvez o Carnaval não estaria na situação que ele está se tivesse tido pessoas tão engajadas como a gente (os jovens) antes. Teve uma época na quarentena que eu e o Luiz (Guimarães, vice-presidente da Vila Isabel) ficamos juntos e eu perdi a conta de quantos desfiles a gente viu.”

Reabertura dos barracões

“Acho que, em geral, os barracões já poderiam estar funcionado. Faltou empenho e vontade da liga. Já eram para os trabalhadores do Carnaval estarem trabalhando e recebendo. Já era para a Globo ter pagado as escolas. Todas as fábricas no Brasil estão funcionando. O barracão também é uma fábrica. Isso não é errado. Errado é a gente deixar o pessoal em casa, sem trabalho e sem comida.”

Saída de Crivella

“Muito importante para o Carnaval essa mudança. Não porque o Crivella foi preso. Já critiquei ele no passado e não vou bater agora em cachorro morto. Mas em relação ao Carnaval e à gestão da cidade, eu acho que faltou entendimento do que é o Rio de Janeiro. Ele dificultou o entretenimento na cidade. Consequentemente, o Carnaval foi impactado. Ele começou a fazer campanha contra e falar mal de um produto que é do povo. Eu nunca critiquei o Crivella por tirar dinheiro das escolas, mas, sim, da forma como ele tirou.”

Retorno de Paes e possível subvenção

“Se o Eduardo (Paes) não der dinheiro para o Carnaval ano que vem, a festa será diretamente impactada, e acredito que ele tenha esse entendimento. Mas nós podemos montar um modelo de adaptação para que nos próximos quatro anos o Carnaval seja menos dependente do dinheiro público.”

Desfile da Beija-Flor 2020. Foto: Riotur

Últimos carnavais da Beija-Flor

“2018 é o grande Carnaval da minha vida. Sou apaixonado naquele desfile, apesar de ver vários erros nele. 2019 é o fiasco que é não só pela concepção de Carnaval, teatralização etc. Eu acho que não deu certo pela concepção do enredo, de incluir as fábulas, dali pra frente, tudo deu errado. Em 2020, desfilamos com o regulamento embaixo do braço, mas perdemos no último carro que demorou a entrar. Acontece. É corrigir para que no próximo ano não se repita.”

Troca com a São Clemente

“A troca foi boa pra todo mundo. É inquestionável que a Beija-Flor tem muito mais torcedores que a São Clemente. Naturalmente, são mais pessoas que ficam na Sapucaí. É bom pra São Clemente que ela desfila com público cheio. É bom pra Beija-Flor porque a Beija-Flor gosta de encerrar dia de desfile, tem a história do arrastão, que é bacana. Acaba se tornando o momento mais aguardado da noite, já que nos grandes festivais a atração principal fica por último – não que a Beija-Flor seja isso do domingo.”

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