Seis escolas desfilam nesta noite pelo Grupo Especial, Portela e Mangueira fecham o Carnaval

Passou rápido. Nesta segunda-feira (27), mais seis agremiações passarão pela Marquês de Sapucaí em busca da grande conquista do Carnaval: o título. E para isso, o segundo e último dia de desfiles terá União da Ilha do Governador, São Clemente, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Portela e Mangueira.

Em busca de um resultado melhor que o 11º lugar conquistado em 2016, a União da Ilha do Governador mudou por quase completo o seu quadro de funcionários. Diretor de carnaval, carnavalesco, coreógrafo, mestre-sala e porta-bandeira foram trocados. Após sucesso no Império Serrano em 2016, o carnavalesco Severo Luzardo foi contratado e desenvolveu um enredo autoral: “Nzara Ndembu – Glória ao senhor tempo”. A União da Ilha pede licença para dançar no ritmo do Tempo. Tal qual o povo guerreiro de Além-mar, veste a ancestralidade de um Rei consagrado no tempo e no espaço. Faz do carnaval, o renascimento e a celebração do Tempo Rei, aquele que detém o poder de tudo transformar. Com as páginas do passado, escrever no tempo presente o futuro para uma nova era, um novo tempo. Com o canto e a força do seu povo, pede bênçãos a Kitembo, e emoldura as cores de todos os credos e todas as crenças no seu pavilhão.

O título é complexo: “Onisuáquimalipanse”. A explicação é simples: “Maldito seja quem pensar mal de mim”, assim definiu Rosa Magalhães, autora do enredo. A São Clemente levará para a Marquês de Sapucaí em 2017 o enredo da multi-campeã Rosa Magalhães, detentora de sete campeonatos (cinco na Imperatriz, um no Império Serrano e um com a Vila Isabel). De nome no mínimo exótico e de difícil pronúncia, a artista fez um breve resumo de seu enredo: “É um enredo um tanto provocativo. É um rei que queria se divertir e precisava tomar conta das finanças e chamou um ministro. Esse ministro construiu um palácio fantástico e chamou o rei para a inauguração. Ele ficou muito injuriado, pois não tinha que ter usado esse dinheiro e mandou prendê-lo. Depois chamou todos que tinham trabalhado na construção do palácio e mandou construir um maior ainda para ele, que é Versailles”, explicou. Será que chegou a vez da escola de Botafogo alcançar uma vaga no desfile das campeãs?

Já são 13 anos consecutivos fora do desfile das campeãs. O seu último título foi em 1996, há 20 anos. O décimo lugar no Carnaval de 2016 foi para se esquecer. Para 2017 a escola aposta no enredo “As mil e uma noites de uma ‘Mocidade’ pra lá de Marrakesh” dos carnavalescos Alexandre Louzada e Edson Pereira. Toda a Mocidade, inebriada de fascínio na imaginação que flui, assim como a brisa que alisa o deserto, na noite que faz sonhar, busca no escuro céu uma guia – sua identidade estelar. Esse vento, que varre as dunas, vem então semear as histórias encantadas que, um dia, foram sopradas no tempo. Desprendidas das areias de tantas terras, se espalharam pelo mundo, se misturando por cá; viajaram aos quatro cantos, num vira e mexe, aqui e acolá, perto e longe, pra lá de Marrakesh, por todo o povo de Alah, como se fosse a Arábia, um só lugar.

“Música na alma, inspiração de uma nação”. Esta é uma história de ficção livremente inspirada no encontro entre Pixinguinha e Louis Armstrong, acontecido em 27 de novembro de 1957, no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro – quando o então presidente Juscelino Kubitschek convidou diversos músicos e artistas para um almoço com o jazzman norte-americano que se apresentava no país. É nesse contexto musical que a Unidos da Tijuca fará o seu desfile. A arte e a linguagem da música são os laços que unem dois grandes gênios instrumentistas. Nossa história vislumbra-se pela sensível sonoridade de seus instrumentos, suas vozes e pela espontaneidade criativa da essência da alma do povo americano. Trazem-nos os acordes da eternidade do tempo, do templo da música, onde seus expoentes se acumulam e os seus destinos tornam-se canções. Aqui, seguem em desfile e Pixinguinha recebe Louis Armstrong para um memorável e inédito show: Sapucaí in Concert – a história da música norte-americana.

Penúltima escola a desfilar, a Portela fará o seu primeiro desfile sem a presença de seu presidente Marcos Falcon, morto em 2016. o carnavalesco Paulo Barros desenvolveu o enredo “FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA E MEU CORAÇÃO SE DEIXOU LEVAR”. Os artistas, músicos e cantadores, arquitetos e escritores incorporam a alma do rio e refletem suas imagens. Aqueles que se entregam à devoção e murmuram suas preces, pedidos e promessas fazem procissões e oferendas, agradecidos pelos desejos atendidos. O homem tira a vida do rio. A vida é como um rio que corre em direção ao seu destino.

Última escola, campeã de 2016, torcida forte e grande popularidade. Fatores que fazem da Estação Primeira de Mangueira uma forte candidata ao título de 2017. “Só com a ajuda do santo” é mais um enredo do jovem e já vitorioso carnavalesco da verde e rosa, Leandro Vieira, que comentou a respeito do tema: “Vamos é mostrar a religião à moda brasileira. A festa é para o santo, envolve a barganha, o catolicismo moreno, a intimidade com a santidade, prece seguida de promessa, o sacro e o profano”, explicou. A apresentação temática no Sambódromo também será uma forma brincalhona de desfilar, segundo Vieira. Será o bicampeonato da Estação Primeira?