Santa Cruz 2020: Em desfile simples, agremiação surpreende e mira primeiras posições

Desfile Santa Cruz 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Lavou a alma

Sob uma fina chuva, a Acadêmicos de Santa Cruz pediu e sua alma foi lavada na Sapucaí. Quarta a desfilar no sábado de Carnaval (23), a escola fez um desfile simples, mas bem sucedido e animado. Para contar a história da cidade de Barbalhos, no Ceará, o carnavalesco Cahê Rodrigues trouxe o enredo “Santa Cruz de Barbalha, Um Conto Popular no Cariri Cearense” que foi muito bem desenvolvido e de fácil leitura na Avenida. Embora não tenha tido outras grandes falhas, um problema enfrentado pela escola com o último carro causou um grande buraco na Avenida nos primeiros setores.

Fala, Rachel!

“A Santa Cruz cantou com vigor o seu excelente samba. O enredo era facilmente compreendido e apreciado. De fato, homenagear cidade caiu de moda, mas o viés cultural da homenagem era muito encantador e funcionou bem.”

Fala, Luiz!

“Outra grata surpresa foi a Acadêmicos de Santa Cruz. Um belíssimo desfile, com enredo tranquilo de fácil leitura. O samba funcionou muito bem, talvez seja o melhor samba da Série A.”

Comissão de frente

A comissão de frente da Acadêmicos de Santa Cruz trouxe “A Dança do Canavial” para a Avenida. O grupo de 15 integrantes veio fantasiado de trabalhadores de canaviais, carregando uma escultura longa de uma cana-de-açúcar. A comissão era simples, entretanto, passou bem a mensagem idealizada por Marcelo Chocolate e Marcelo Moragas, coreógrafos do grupo.

Muito dançante, a apresentação foi bem recebida pelo público da Sapucaí. Durante a performance, os trabalhadores escondem um integrante entre as canas, que sai delas vestido de Padre Cícero. A concepção é simples, mas agrada o público e funciona na Avenida.

Para o comentarista do SRzd Márcio Moura, o figurino foi essencial para cumprir a proposta da comissão:

“Marcelo Chocolate e Marcelo Moragas trazem uma coreografia com elementos cenográficos (canas-de-açúcar) utilizados ora para auxiliar nos desenhos cenográficos, ora para camarim onde o pivô trocava de roupa. Figurinos dentro da proposta e de leveza fundamental para execução da coreografia!”

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Acadêmicos de Santa Cruz enfrentou um desafio: não vir em sua posição de costume, depois da comissão de frente, e sim antes da bateria. O que poderia ser um desafio, no entanto, não pareceu incomodar o casal Moskito e Roberta Freitas que realizaram uma bela performance na Avenida. Um detalhe que chamou atenção no figurino em tons de laranja e amarelo do casal chamado “Apoteose Nordestina” foram as imagens de cordel na saia da porta-bandeira.

Para a comentarista do SRzd Eliane Souza, o casal fez uma performance harmoniosa com muita sincronia:

“O bailado do mestre-sala e da porta-bandeira foi executado em uma sequência de movimentos fluentes e com segurança por Muskito e Roberta Freitas. Com desenvolvimento tranquilo, sem paradas ou passagens bruscas, o par fez uma distribuição harmoniosa das ações obrigatórias da dança, evoluindo continuamente e de maneira natural. Em sua performance fizeram uma boa ocupação do espaço cênico, demonstrando integração do conhecimento da técnica da dança com a habilidade criativa ao inserir na coreografia passos do xaxado. O mestre-sala realizou meneios, fugas e contra-fugas, assim como após seus passos ligeiros e miúdos, pirueta tripla. A porta-bandeira demonstrou delicadeza na realização do gestual, travando com seu parceiro diálogos corporais, sem perder a relação da movimentação obrigatória de bailado ancestral. Uma poesia dançada na avenida!”

Alegorias e adereços

Embora simples, o conjunto alegórica da verde e branco de Santa Cruz apresentou um belo trabalho feito pela escola. A agremiação trouxe para a Avenida três carros e um tripé ao fim do desfile. As alegorias dialogaram com o enredo de forma clara, levando ao público um fácil entendimento do enredo sobre a cidade de Barbalha. Um destaque ficou para os carros bastante iluminados e para o abre-alas que jogava pedaços de rapadura para o público.

Para o comentarista do SRzd Wallace Safra, foi um bom trabalho feito pela Acadêmicos da Santa Cruz, apesar de alguns problemas com acabamento:

“As alegorias da agremiação apresentaram uma plástica coerente, com volume e grandiosidade. Dinâmica assertiva, possibilitando fácil leitura, sem perder a beleza esperada pelo público.
Apesar de algumas alegorias pecarem no acabamento traseiro, a Escola não perdeu nada na plástica apresentada. Feliz desenvolvimento e um belíssimo trabalho plástico”.

Fantasias

Simples, as fantasias cumpriram seu papel no desfile da Acadêmicos de Santa Cruz. Assim como as alegorias, agregaram bem ao enredo e mostraram um belo trabalho feito pela escola. A aposta em materiais mais leves e coloridos resultaram em um conjunto harmônico e bem acabado e foram um ponto alto do desfile.

Para o comentarista do SRzd Wallace Safra, o conjunto de fantasias da verde e branco surpreendeu:

“Com fantasias bem acabadas, com diversificação de materiais e riqueza no cuidado com as finalizações em costeiros e cabeças, a escola surpreendeu e trouxe para a avenida um conjunto harmônico, coerente, forte e plasticamente bonito. No uso do verde neon os figurinos transitaram entre setores de forma assertiva e sutil. Fantasias leves foram a marca do desfile que agregou muito com pouco. Belíssimo conjunto. Destaque para o processo e cuidado na transição das cores entre as alas”.

Enredo

“Santa Cruz de Barbalha, Um Conto Popular no Cariri Cearense” foi a proposta do carnavalesco Cahê Rodrigues para o Carnaval da Acadêmicos de Santa Cruz em 2020. O enredo simples contava a história da cidade de Barbalha, no Ceará, e levou diversos elementos da cultura nordestina para a Marquês de Sapucaí. O samba-enredo, as alegorias e as fantasias contribuíram para que a proposta de Cahê fosse bem apresentada na Avenida.

O enredo simples foi muito bem trabalhado pelo carnavalesco e, pela fácil leitura para o público, foi bem recebido na Avenida. Apesar de temática que envolva cultura nordestina não ser uma novidade, a interpretação de Cahê Rodrigues e seu trabalho com diversas cores levou um desfile interessante e agradável sobre Barbalha para a Sapucaí.

Samba-enredo

Considerado uma das melhores obras entre as escolas da Série A, o samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz funcionou muito bem na Avenida. Interpretado por Roninho, o samba passou animado e podia ser ouvido tanto por componentes, como pelo público da Sapucaí. Animado, o samba tem Samir Trindade, Junior Fionda, Elson Ramires e Rildo Seixas como seus compositores.

Bateria

O mestre Riquinho levou para a Sapucaí uma bateria consistente. Com uma melhora considerável em relação aos anos anteriores, os ritmistas da Acadêmicos de Santa Cruz fizeram uma boa apresentação, ainda que sob a chuva. A rainha Larissa Dias veio de “Rainha do Folclore”, com um figurino de belo acabamento que trazia elementos do cangaço.

Para o comentarista do SRzd Cláudio Francioni, a evolução da bateria foi um destaque do desfile da Acadêmicos de Santa Cruz:

“Uma evolução considerável no equilíbrio de timbres contribuiu para que a bateria da Acadêmicos de Santa Cruz realizasse seu melhor desfile dos últimos anos. Com um bom volume de caixas e repiques, os comandados de Mestre Riquinho apresentaram uma boa sustentação do andamento e executaram bem as bossas em frente aos três módulos. A chuva constante durante todo o desfile causou um pequeno desequilíbrio nas afinações de algumas marcações, fato comum diante das condições”.

Harmonia

Um ponto alto da Acadêmicos de Santa Cruz foi a animação com que seus componentes atravessaram a Avenida. Seu samba-enredo teve uma excelente performance na Sapucaí o que ajudou no quesito. A escola levantou o público que correspondia à interação dos componentes e cantava o samba junto à agremiação.

Evolução

A verde e branco de Santa Cruz enfrentou na evolução o seu maior problema. Apesar de ter começado e terminado de uma forma coesa, um problema na entrada do último carro deixou um grande buraco na Avenida, logo nos primeiros setores. Ainda assim, a agremiação conseguiu se recuperar, mas deve perder pontos no quesito por causa disso.

Ficha técnica

Enredo: “Santa Cruz de Barbalha, Um Conto Popular no Cariri Cearense”
Presidente: Moysés Antônio Coutinho Filho (Zezo)
Carnavalesco: Cahê Rodrigues
Intérprete: Roninho
Mestre de Bateria: Riquinho
Rainha de Bateria: Larissa Dias
Comissão de Frente: Marcelo Chocolate e Marcelo Moragas
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Muskito e Roberta Freitas

Nota da galera

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