Primeira Miss Brasil negra e ex-rainha da Ilha, Deise Nunes relembra trajetória e pensa em voltar ao Carnaval

Deise Nunes. Foto: Reprodução

Não foi só no mundo miss que Deise Nunes Ferst fez história. A gaúcha de 52 anos foi a primeira negra a vencer o concurso de mulher mais bonita do Brasil, em 1986, e um ano depois iniciou uma trajetória de sucesso no Carnaval carioca. Em entrevista ao SRzd, Deise fez um balanço dos anos de folia e projetou um retorno à Marquês de Sapucaí.

A miss pisou pela primeira vez na passarela do samba em 1987, quando foi destaque da Beija-Flor por dois anos. Em 1989, foi para a União da Ilha ser rainha de bateria, onde ficou até 2004, não tendo desfilado à frente dos ritmistas somente em 1992 e 2000.

“Eu recebi o convite e aceitei, mas depois tomei um susto. Porque era algo tão importante e eu não sabia se estava à altura. Sempre via Luiza Brunet, Monique Evans… eram minhas referências. Só que eu pensava: ‘Será que eu vou conseguir fazer?’. Dei o melhor de mim e foi algo indescritível. Senti uma energia muito boa, a escola estava linda e terminamos em 3º lugar”, recordou Deise.

Em 2000, a majestade deixou a coroa e foi desfilar no abre-alas por desavenças com o então presidente Fumaça. Em 1992, não conseguiu cruzar a Avenida por estar prestar a dar a luz.

“Eu estava grávida, no final da gestação e morava em Porto Alegre. O presidente queria de todo jeito que eu fosse desfilar, disse até que me botaria sentada em um carro alegórico. Mas o problema é que não tinha voo que me levasse ao Rio de Janeiro com aquela idade gestacional”, explicou.

Deise Nunes voltou à União da Ilha em 2015. Foto: Reprodução

Após o Carnaval 2004, Deise preferiu se aposentar e pediu que a Ilha escolhesse alguém da comunidade para substituí-la: “Comecei a ver coisas da escola que não me agradavam. Uma coisa é ser foliã, outra é estar envolvida e saber de todos os problemas, foi então que decidi parar”.

O retorno ao Carnaval se deu somente em 2015, quando a agremiação apresentou o enredo “Beleza Pura”, de Alex de Souza. A modelo, que terminou em 6º lugar no Miss Universo 1986, veio à frente da ala “Black is Beautiful”, mas saiu frustada do desfile.

“Achei linda e inteligente a ideia de uma sátira sobre a beleza. Depois de tantos anos sem pisar na Sapucaí, vi que a energia da Avenida era outra. Nós temos hoje no Carnaval, infelizmente, muitos estrangeiros, e eles não interagem com os componentes das escolas. Foi decepcionante”, desabafou.

Apesar da indefinição quanto à data do próximo desfile, Deise pensa em voltar à desfilar na tricolor, seja quando for: “Existe hoje um movimento para que eu volte a sair na Ilha, querem que eu seja inclusive a madrinha da escola. Acho muito bacana, porque é a agremiação que me acolheu. É a escola que eu aprendi a amar. Estou aí, se for para voltar à escola, com maior prazer”, concluiu.

Desfile União da Ilha 2020. Foto: Henrique Matos










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