Parece, mas não é, por JP Alves

Marquês de Sapucaí. Foto: Riotur - Divulgação

Marquês de Sapucaí. Foto: Riotur – Divulgação

*Por JP Alves

Parece, mas não é.

Certa vez, ouvi de um executivo que “a percepção de evolução, às vezes, é mais importante do que evolução de fato”. A colocação foi feita sobre um tema que passava longe do Carnaval, mas, assistindo aos ensaios de ontem e, também, observando e participando da festa há quase 30 anos, essa colocação pode ser um ponto de partida interessante para uma discussão.

Vou usar como ponto de partida as baterias, dado que é dali o meu ponto de observação principal. Digo com muita certeza que, muito além de não haver uma bateria ruim no Grupo Especial, a evolução deste segmento sob a ótica de tecnicidade, organização e aparelhagem é gritante ao compararmos qualquer linha do tempo (antes que joguem aos leões, reforço que as baterias do passado eram boas para sua época, o ponto não é esse).

O mesmo ocorre com mestres salas e porta bandeiras que profissionalizam sua preparação, compositores que fazem mega produções para divulgarem suas obras, escolas com assessoria de imprensa e por aí vai.

No ensaio de ontem vimos um sambódromo com excelente público, uma sinergia absurda da plateia com o ensaio, uma demanda absurda por arte, samba, cultura e festa. Os problemas de estrutura do sambódromo existem? Sim, existem. Mas, na média, são os mesmos há 20 anos (e são péssimos para o todo e precisam ser combatidos). E como que com toda essa “evolução” , o Carnaval “parece involuir” e coloca-se cada vez mais como uma cultura de nicho?

Obviamente não temos todas as respostas, mas acho que fazemos as perguntas erradas, ou pelo menos incompletas. As que mais perturbam minha cabeça são:

“Se somos o país do samba e o do futebol aos olhos do mundo, por que o samba se apequena aos olhos do Brasil?”;

“Se temos um público que enche o sambódromo num domingo, para ver baterias, cantores e desfilantes cada vez melhores, por que não conseguimos escalar esse espetáculo para cada vez mais pessoas?”.

Dentre milhares de possibilidades, me arrisco em dizer que uma questão permeia todas essas perguntas: “distanciamos quem gosta e aproximamos quem não gosta”. Enquanto isso, seguimos firmes na teoria do “Denorex”: parece… mas não é.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd


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