O Paraíso do Tuiuti abriu a segunda noite de desfiles do Grupo Especial, neste sábado (23). A escola levou para a Marquês de Sapucaí o enredo Ka Ríba Tí Ye – Que Nossos Caminhos se Abram. Veja abaixo as análises dos comentaristas do SRzd sobre o desfile:
“O Paraíso do Tuiuti fez desfile muito irregular, alternando períodos de monotonia, com a escola parada, e momentos de tropel e correria. É pena, porque o enredo foi desenvolvido de maneira original, com os grandes vultos negros homenageados vinham representados no meio das alas cujas fantasias se relacionavam com sua trajetória. Mas a falta de planejamento para prever o tamanho viável para as alegoria cobra um preço que nem sempre o talento consegue pagar”.
“Plasticamente muito bonita, mas enredo muito confuso. Obama não me representa, nem Beyonce. A luta negra é nossa. O enredo não foi bem desenvolvido. Vai perder décimos pela correria, pelo estouro. Não disputa nada.”
“Raphael Rodrigues, com firmeza e determinação, conduziu a dama pelo espaço da dança e, com muita altivez, elaborou um riscado detalhado. Cortejou, no Cruzado, com um gingado singular, rodeando a porta-bandeira, e parou para realizar uma pirueta. Na sequência, olhando para o pavilhão, desenhou passos rápidos e curtos, sapateou para ofertar a mão a dançarina, e assim juntos, rodaram no passo Voleio, possibilitando a ela um seguro deslizar no balanço! Dandara Ventapane, apresentou um belo gestual de braço e mão, girou nos dois sentidos no Abano, com destreza e segurança, em perfeito entrosamento com seu par. A Apresentação da Bandeira foi feita com tranquilidade e alegria! E então, pudemos observar um desenrolar de movimentos naturais e harmônicos, revelador do perfeito sincronismo das ações e a excelente sintonia do par”.
“As alegorias estavam grandes, bem acabadas, algumas seguindo padrão característico do carnavalesco com movimentos e coreografias. Como o visto no abre-alas com guerreiros africanos subindo e descendo, o único senão seria que eles teriam que estar bem sincronizados para obter o efeito desejado. Vimos o carro do ‘pantera negra’ com soluções muito personais também, que para aqueles que acompanham sua trajetória poderão dizer que já viu algo parecido em algum outro Carnaval. A escola teve um problema com o carro das ‘estrelas além do seu tempo’ na concentração, mas que bravamente seus diretores conseguiram, com a escola em desfile, colocar as duas composições que faltavam”.
“O povo preto do Paraíso do Tuiuti trouxe para avenida o Carnaval da resistência pelo fim da discriminação racial. As fantasias foram inspiradas em personalidades negras que destacaram em suas áreas de atuação, começando desde os faraós da dinastia Núbia no Egito, até os dias de hoje. Nas fantasias vimos em cada ala um personagem homenageado. Vimos políticos, cantores, guerreiros, cientistas, chegando até o universo do filme “pantera negra”, homenageando o ator negro protagonista. Algumas fantasias não estavam tão claras, mas que passaram bem embaladas pela alegria da comunidade da Tuiuti”.
“A Tuiuti em seu enredo tentou explorar, mediante diversos territórios da ancestralidade, as histórias de luta, resistência e sabedoria negra. Nesta linha de pensamento, é essencial esclarecer que um dos pontos destacados pela escola foi o Ifá, um sistema divinatório (de adivinhação) do povo Iorubá que se entende como elo entre o Orum (sobrenatural) e Ayé ( a Terra). Os fios condutores da apresentação foram as associações realizadas entre os Orixás e as personalidades negras, tais como: Mandela – Oxalá, Angela Davis – Obá , Obama – Xangô, dentre outras. Infelizmente estas associações não ficaram claras no desfile. Ademais, um pena o fato de algumas alas terem passado à frente de uma das Alegorias que teve problema para entrar na avenida. Esta questão provavelmente acarretará perda de ponto no quesito Enredo, pois prejudica a compreensão do desfile”.
“A parte musical do Tuiuti foi muito competente e desenvolveu bem andamento e carro de som. O bom samba não rendeu tanto quanto eu esperava, só levantou o público no refrão mas a escola na pista correspondeu cantando”.
“A Supersom da Tuiuti foi o grande destaque do desfile da Tuiuti. A estreia do Mestre Marcão foi muito segura, mesmo a harmonia prejudicando bastante as apresentações. No segundo módulo, a escola continuou andando no meio da apresentação, mas mesmo assim a bateria foi 100%, já no último módulo a bateria teve que passar literalmente correndo e o experiente Mestre ainda conseguiu fazer uma bossa, mas a bateria não conseguiu ficar nem 30 segundos na frente do módulo. A escola tinha opção de ir sem entrar no box e não prejudicar tanto a bateria, mas não foi isso que aconteceu. Contudo, a bateria estava com um ritmo e segurança fora do comum. Com todas as adversidades, vimos um verdadeiro espetáculo. O conjunto de bossas é incrível”.
“A escola apresentou um bom entrosamento entre ritmo e melodia , a maioria dos componentes se apresentaram cantando o samba na sua totalidade demonstração domínio no canto”.
“Algumas irregularidades no andamento do chão influenciaram a fluência e leveza dos movimentos, gerando uma irregularidade na apresentação do desfile”.
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