Os bastidores do concurso rainha e princesas do Carnaval 2018

Jurados do Concurso. Foto: Marinus Purolinho

Já perdi as contas de quantas vezes fui jurado para a escolha da rainha, rei momo e princesas do Carnaval do Rio. Eu me divirto muito. Além de ser uma honra poder participar um pouquinho da maior festa popular do Brasil. Normalmente, sou convocado para a final, nesta ocasião a Cidade do Samba, na zona portuária do Rio, fica lotada.

A plateia comparece com faixas, cartazes, bolas de gás, fuzis de confetes, panfletos e tudo o mais que possa incentivar seus escolhidos(as). É uma festa linda. Faço questão de comparecer.

Nunca faltei, com excessão de 2016, último ano da gestão do prefeito Eduardo Paes, quando fui vetado(por razões que desconheço) e segundo me disseram na Riotur, na época, por decisão do então presidente Antonio Pedro Viegas Figueira (eu liguei para ele para saber se era verdade, mas ele desmentiu). Enfim…Deixa pra lá. Os cães ladram e a caravana passa.

Nesta sexta-feira, 29, foi a primeira vez que participei de uma eliminatória. Quatro baixas,  mas 21 candidatas estavam lá, firmes para concorrer ao posto de rainha. As finalistas escolhidas foram Amanda de Almeida Mattos, Deisiane Conceição de Jesus, Mayara do Nascimento dos Santos, Larissa Loranne Rosa dos Santos Reis, Cintia Aparecida Martins de Oliveira, Andressa da Conceição Clemente Souza, Viviane Silveira Ramos e Jéssica Maia de Freitas.

Vou dar minhas impressões. Quando cheguei ao local combinado para os jurados aguardarem a convocação para o início da cerimônia já estavam na sala o presidente do júri, o advogado Christian Teixeira, diretor do departamento Jurídico da Riotur; Célia Domingues, da Amebras; Simone Drumond, da Imperatriz; e Marinus Purolinho. Logo depois chegaram os jornalistas Alberto João e Alice Fernandes, ostentando um charmoso vestido preto de bolinhas brancas. Todos a elogiaram. E Célia logo brincou: “Não é bola preta, não, hein, gente!”.

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Logo depois se incorporou ao grupo a jurada Raissa, representando a empresa que confeccionou os biquinis azuis cor do céu que viriam a ser usados pelas candidatas. E, por fim, completou o grupo a grande estrela e vice-presidente do júri, a imbatível Selminha Sorriso, com suas simpatia já consagrada.

No clima de bom humor os organizadores da festa da Riotur brincaram: “Vai chover, a Selminha chegou na hora!”. Ela retrucou às gargalhadas: “Eu cheguei cedo…eu estava lá fora tirando fotos”. Ninguém duvida disso. Afinal, ela foi a mais fotografada da festa, seguida de perto por Simone Drumond.

A apresentadora Lucinha Nobre, trajando um impecável e lindo vestido escuro chegou a dizer ao microfone: “Viva a Simone, a rainha do selfie!”. Nesta manhã fui conferir o perfil de Drumond no facebook e não encontrei nenhuma.

Enquanto os jurados se acomodavam para a preleção que antecede a uma cerimônia como essa, as candidatas circulavam ou de roupão ou de biquini pelos corredores e salas contíguas a nossa. Eles aproveitavam o pouco tempo para fazerem o último ajuste nos cabelos, maquiagem, na fixação dos números no biquini e cremes no corpo.  Cremes, cremes,  e mais cremes.

Na nossa sala, os diretores da Riotur agradeceram nossa participação e nos pediram atenção para a importância do prêmio para a cidade. Célia Domingues pediu a palavra e falou em nome de todos. E falou muito bem. Agradeceu o convite e ressaltou que o evento é um pontapé inicial importante para o Carnaval.

Na sequência, sem a bola quicar, Selminha Sorriso também disse que queria falar. Ela sugeriu que, desta vez, seja explicado com muito cuidado, carinho e respeito às candidatas que a vencedora deve estar comprometida com o cargo durante todo o seu período de coroação.

Selminha só verbalizou o que tem ocorrido com frequência. A corte vencedora falta a eventos, ou só comparece uma parte dela e isto acaba enfraquecendo a grandeza e importância do seu papel na difusão da imagem do Carnaval carioca.

Christian Teixeira concordou com Selminha e disse que este ano foi uma luta muito grande para que evitar que o cachê das vencedoras não fosse reduzido. E segredou que eles fizeram mudanças nas normas do concurso para exigir mais “comprometimento” por parte dos escolhidos.

Este ano a primeira colocada que conquistar o título de rainha do Carnaval 2018 receberá coroa, faixa e R$ 30 mil. As segunda e terceira colocadas serão eleitas 1ª e 2ª Princesas e receberão tiara, faixa e R$ 22mil e 500 cada uma. Mas teve uma mudança importante, disse Christian: “Desta vez, elas receberão apenas 70% imediatamente. Os outros 30% só em fevereiro de 2018”. A ideia da Riotur é somente pagar o valor restante após se constatar que a corte cumpriu suas obrigações. Caso contrário, o percentual restante poderá até sofrer descontos.

Sejamos justos. Penso que R$ 30 mil é até pouco, porque todas as despesas com roupas e outros gastos, durante todo o ano são de responsabilidade das “empossadas”. A agenda ficará presa, já que a rotina é puxada, ganha-se em exposição de mídia, mas não é exatamente um trabalho bem remunerado.

O valor conquistado pela rainha dividido por 12 significará R$ 2.500 por mês. Restará menos ainda para as princesas.Traduzindo em suor, a agenda do Meio Momo, rainha e princesas alcança 300 eventos em média por três meses. Tomara que consigam trabalhos extras para completar suas rendas e de suas famílias.

Mas vamos seguir nosso “relatório”.

Depois desta fase todos os jurados saem da sala e ficam sentados em cadeiras perfiladas, quando Carlinhos Salgueiro, coreógrafo que treina as candidatas em todas as fases, chama uma a uma. É oportunidade da gente anotar  as primeiras notas que avaliam beleza de rosto e simpatia e é possível vê-las mais de perto, também. Entre os pré-requisitos a serem avaliados no palco estão simpatia novamente, sociabilidade, saber se elas sabem se expressar em público e domínio do samba. Aí que o bicho pega.

Carlinhos já faz a apresentação mecanicamente: “de frente…lado esquerdo…lado direito…de costas…de frente, novamente…dá uma sambadinha…agradece…despeeeeede!!!”. E assim tudo é feito…

Este ano foi mais “suave”, digamos. Mas é muito comum que candidatas olhem no fundo dos olhos de jurados, principalmente homens, abram um sorriso malicioso no canto da boca. Algumas chegam a piscar e dar uma mordidinha no canto dos lábios. Bobo é aquele que acha que este ritual é para você, pessoa física. Ledo engano.

É muito comum que candidatas olhem no fundo dos olhos de jurados, principalmente homens, abram um sorriso malicioso no canto da boca. Algumas chegam a piscar e dar uma mordidinha no canto dos lábios.

Um jurado me disse: “Elas querem é isso aqui”, e apontou para a caneta. Sim, elas querem a sua nota dez. É comum quando você esbarra com algumas delas, após o concurso, na própria quadra da Cidade do Samba elas sequer demonstram ter ideia de quem seja você, e nem te dão “boa noite”. Elas o ignoram solenemente. Segredos do ofício.

Terminada esta primeira missão somos levados para o palco onde já estão os apresentadores Lucinha Nobre e Marcelo Pacífico, que por sinal, brilhou desfilando conhecimento, simpatia e muito respeito pelas candidatas e o público. Um craque. Os dois demonstraram uma química perfeita. Lucinha charmosa e divertida no ponto certo.

Não esqueça que o imbatível apresentador Jorge Perlingeiro, e suas frases impagáveis, só comparecerá na grande final que acontecerá no dia 27 de outubro, a partir das 19h, com entrada franca, também na Cidade do Samba.

Na mesa dos jurados, tudo organizado, os nomes das mesas, salgadinhos bem dispostos e água. Tudo correto. Logo abaixo dos nossos olhos, já que ficamos num palco elevado, estão os colegas da imprensa e entre eles algumas beldades com os curtíssimos vestidos colados, coxas torneadas em exaustivas malhações, imagino, sendo olhadas com cobiça e elas, indiferentes, acompanham tudo no palco compenetradas e ignoram os movimentos à sua volta.

A atual Rainha do Carnaval Uillana Adães e a rainha da Inocentes de Belford Roxo, Leticia Guimarães, que também já liderou a corte, são duas destas mulheres que arrancaram suspiros do marmanjos.

Barbara Sheldon, Luana Santos e Letícia Guimarães

Na plateia diretores presidentes de escolas, musas, apaixonados e torcidas organizadas. A Cidade do Samba estava com um 1/4 do seu espaço ocupado, esperava mais gente. Mas na final é que o agito é de gente grande.

Todos a postos e começa o espetáculo. Logo se vê que existe a distribuição natural por tribos. As saradas com abdome de tanquinho, as experientes que já participaram do certame, as passistas que já brilham nas suas escolas como musas e rainhas desde criança e aquelas que estão ali conscientes que não estarão entre as vencedoras, mas nem por isso deixam a alegria em casa. Todas se esforçando para dar tudo de si, fazer bonito. Foi uma festa legal.