Neguinho comemora mudanças nas disputas de samba: ‘Alguém tinha que começar a mexer nesse formato’

Desfile Beija-Flor 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Neguinho da Beija-Flor em desfile da agremiação de 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Os recentes anúncios de Grande Rio e Mangueira, que modificaram regras nos concursos para a escolha de seus sambas-enredo para o Carnaval 2020, agradaram a Neguinho da Beija-Flor. O mais veterano dos intérpretes de agremiações considera que o modelo da disputa adotado até agora pela maioria das escolas precisava mesmo ser revisto.

“Alguém tinha que começar a mexer nesse formato. De todas as mudanças anunciadas pela Grande Rio, mês passado, e, agora, pela Mangueira, eu destacaria a ausência de cantores já consagrados defendendo sambas concorrentes. Contratar intérpretes de outras escolas encarece a disputa.”

Para as eliminatórias desta temporada, a tricolor de Caxias proibiu a participação de intérpretes do Grupo Especial. A Mangueira foi além e não permitirá qualquer cantor que seja de outra escola. Desde a gravação dos sambas até a disputa em quadra, intérpretes da verde e rosa defenderão as obras concorrentes. Fato comemorado ainda mais pelo cantor da Beija-Flor.

“Além da economia para as parcerias, tem outro lance importante. Na Mangueira, por exemplo, pelo que eu li, os cantores do carro de som da escola é que vão defender todas as obras inscritas. Isso é muito bom, porque muitas vezes os intérpretes de apoio não têm a visibilidade que merecem nem dentro de suas próprias escolas. O que a Mangueira tá fazendo vai ajudar a valorizar seu próprio time”, disse Neguinho.

Final de samba da Mangueira 2018. Foto: Adriano Rodrigues
Músicos e intérpretes da Mangueira gravarão e defenderão sambas concorrentes nas eliminatórias para 2020. Foto: Adriano Rodrigues

O artista lembrou que, anos atrás, sugeriu mudanças na Beija-Flor. Na época, Laíla, então diretor de Carnaval da azul e branca, se comprometeu a fazer, mas mudou de ideia.

“Pedi que na disputa da Beija-Flor não fosse permitida a vinda de intérpretes do Especial pro concurso. Foi em 2016. Ele (Laíla) concordou. Depois do nosso papo, apertou minha mão, mas acabou mudando de ideia. Também naquele mesmo ano, pela primeira vez, defendi sambas em disputas em outras escolas, na Mocidade e na Grande Rio, porque dois amigos antigos estavam nas parcerias. Na Mocidade, fui numa única eliminatória. Na Grande Rio, fui a três. Nunca tinha feito isso e não pretendo repetir. Nem a pedido de amigos”, prometeu.

Há anos Neguinho deixou de participar, como compositor, dos concursos da própria escola. Seis obras que a Beija-Flor cantou na Avenida foram de autoria dele, como único compositor ou com parceiros. Um dos mais emblemáticos, o de 1976, “Sonhar com Rei da Leão”, deu o primeiro título à azul e branca e iniciou a vitoriosa era da Beija-Flor no Carnaval carioca.

“Defendia meus sambas concorrentes, quando nem era tão conhecido. Depois, sempre que concorria, era o Bakana (integrante do carro de som) quem cantava meus sambas nas disputas. Nunca chamei gente de fora. Pra mim, o certo é prestigiar quem é da casa”, concluiu Neguinho.

Neguinho da Beija-Flor e cantores de apoio. Foto: Divulgação
Neguinho da Beija-Flor e músicos do carro de som em ensaio da Beija-Flor. Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

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