Mulheres falam da condição feminina no universo das escolas de samba

Passistas mulheres. Foto: Istok.

A “Condição feminina no universo das escolas de samba” foi uma das palestras realizadas no seminário “Escolas de Samba: História Pública, Saberes e Arte” na Universidade Federal Fluminense (UFF). Com a participação de mulheres representativas como Luíse Campos, Alessandra Tavares, Kátia Santos, Bárbara Pereira e a mediadora da mesa, Nathália Sarro, a conversa abordou a condição da mulher no cenário do Carnaval ao longo dos anos.

Luíse iniciou o debate analisando a mulher brasileira por uma visão histórica, ao dar ênfase às mulheres negras que foram peças fundamentais no surgimento das escolas de samba, como as “tias”, tendo como maior exemplo, Tia Ciata. Luíse também abriu uma reflexão sobre os cargos de liderança nas escolas nos dias de hoje. A extrema maioria é composta por homens e as poucas mulheres não costumam ser negras.

“No ano de Kizomba, a Vila Isabel tinha como presidente uma mulher. No desfile, a repórter se dirigiu a ela não como presidente, e sim como mulher de Martinho da Vila”, contou Luíse.

Alessandra Tavares, por sua vez, se atentou à polêmica dos registros de fundação das escolas de samba que omitiam mulheres e davam visibilidade apenas para os homens. Sendo que, na grande maioria dos casos, as mulheres eram as que mais gostavam de estar no samba. Já Bárbara Pereira mostrou as análises da sua pesquisa sobre as passistas. Falou do apagamento da imagem da personagem decorrente de dois processos: passista não é quesito; o simples fato de serem mulheres e, na sua maioria, negras. Houve, também, críticas a respeito de coreógrafos homens que impõem uma certa dominação sobre as alas de passistas.

“A dança é um lugar sagrado que não deve ser moeda de troca, e sim lugar de quem realmente sabe dançar. É o espaço de empoderamento da mulher”, pontuou Bárbara.

Kátia Santos fechou a palestra ao contar histórias de personagens que conheceu nos dias de carnaval e que, de alguma forma, agregariam ao tema. Ela também criticou a transformação do corpo em capital.

O seminário “Escolas de Samba: História Pública, Saberes e Arte” ofereceu diversas palestras nos dias 6, 7 e 8 de novembro sobre o universo do Carnaval, de forma gratuita e aberta ao público. A equipe do SRzd esteve presente.

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