Misailidis não confirma renovação: ‘A diretoria tem que se pronunciar se o meu trabalho funciona para a estética deles’

Marcelo Misailidis no desfile da Beija-Flor de 2020. Foto: SRzd

O Carnaval 2020 chegou ao fim. Depois que atravessar a Passarela do Samba, as escolas fazem anunciam novos nomes ou permanência de outros. E para aquelas que não chegaram no topo do pódio, nascem as promessas de renovação, principalmente, mudar no quesito não alcançou a maior nota.

O pós-carnaval do Rio já tem como tradição a famosa ‘dança das cadeiras’, em 2020 a história se repete. Em menos de uma semana do desfile, alguns nomes já foram dispensados como Carlinhos de Jesus e Jorge Silveira. A partir disso, a incerteza da continuidade paira nos principais quesitos da folia.

Na Beija-Flor a situação é a mesma. A escola de Nilópolis chegou perto do seu 15° campeonato, porém, amargou o quarto lugar. O coreógrafo Marcelo Misailidis foi um dos responsáveis pelas boas colocações, mesmo assim, em entrevista ao SRzd, o artista fala do futuro incerto:

”Isso não cabe a mim. Isso cabe a diretoria se pronunciar, se o meu trabalho funciona para estética deles ou não. A minha estética é mais aberta. Enfim, eu adoro as pessoas dentro da Beija-Flor, sobretudo a direção, sou fã do Gabrielzinho, Anderson. A administração sempre me deu muito apoio, de amizade e tal, mas linguagens têm que dialogar. E isso tem que saber se interessa ou não. Não cabe a mim decidir.”

Ano passado, Misailidis foi uma das cabeças pensantes responsáveis pelo campeonato da Beija-Flor. Enredo, estética e coreografia foram assinados por ele. Este ano, o  com a volta Alexandre Louzada e Cid Carvalho, o artista retornou ao seu posto inicial na escola da Baixada Fluminense. E falou como foi continuar somente nas comissões de frente da Beija-Flor.

“A melhor coisa é você participar de um projeto que você tem autonomia, com liberdade total de trabalhar. Não dá pra fazer concessões. A  concessão pode descaracterizar a sua identidade, sem identidade você não é nada. Não tenho nenhuma questão crítica. Não pra pedir pra você colocar um jogador, por exemplo, se você tem um baita craque, tipo Messi, os grandes craques do mundo e pedir para o cara jogar de zagueiro. Enfim, jogar numa posição que ele não tem possibilidade de render. É muito importante que as pessoas tenham condições de render nas suas funções. O resultado aparece melhor. A minha comissão de frente tem a minha cara. Se eu tenho condições de trabalhar, o resultado aparece melhor. Se eu tenho espaço para poder trabalhar, para poder desenvolver, o negócio cresce de uma outra forma.

Sobre a diferença entre os resultados de 2019 e 2020, Misailidis foi objetivo:

“Qualquer artista tem que dar a resposta no maior palco do carnaval, a Sapucaí. Não adianta tentar entender as coisas que deram certo, as coisa que deram errado. Lamentavelmente, quando as coisas dão certo, a vitória é de todo mundo.  Quando dá errado, parece que o problema é só seu. Então, esse tipo de situação é o processo mais difícil do carnaval. Mas o enredo do ano passado que eu desenvolvi, fiz absolutamente tudo e ganhei. Não era um projeto meu, era um projeto da escola. Tiveram uma série de dificuldades, inclusive, do carnaval como um todo, dificuldades econômicas. A verdade é essa: alguns temas você tem o desenvolvimento mais aberto, contemporâneo. E eu acho que é isso. O artista tem que ter liberdade para criar movimento, senão, fica complicado.”

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