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Marquinhos de Oswaldo Cruz fala sobre projeto Trem do Samba

O cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz publicou na tarde sexta-feira (29) um texto em rede social sobre o Trem do Samba. O sambista fala da importância do projeto organizado por ele. Marquinhos conta: “Tive muitas alegrias, quando D Ivone me confidenciou: ‘meu filho, desde que você começou com essa história de Trem, eu não consegui estar presente, pois sou chamada para várias cidades nesse dia, e todos me perguntam pelo Trem’.

Este ano, o Trem do Samba havia sido cancelado. Por outro lado, o consórcio BRT Rio divulgou o “BRT do Samba”, que aconteceria neste sábado (3). No entanto, o consórcio comunicou na manhã desta sexta-feira que o evento estaria cancelado que ofereceria a estrutura que tinha para o compositor realizar o “Trem”. Na publicação desta tarde, Marquinhos explica que o projeto conta com 1.500 pessoas e a ajuda do consórcio não seria suficiente para realizar. “Pela vitória de todos, o Trem do Samba não é uma simples roda de samba que se faz com o que se gasta num BRT do Samba ou mesmo com os recursos que fazemos nossa querida Feira das Yabás”. Leia texto na íntegra abaixo:

SAMBA E DIGNIDADE.

Hoje, novamente, não poderei estar junto com você, meu filho Henrique, pra te dar os parabéns. Te amo!

Nessa minha opção profissional, contrariando a opinião de pessoas amadas como seu avô e seu Manaceia, busquei, sendo músico e sambista, o meu sustento e minha dignidade. Um dos frutos é o Trem do samba, a maior festa da música tradicional no Brasil. Tive muitas alegrias, quando D Ivone me confidenciou: ”meu filho, desde que você começou com essa história de Trem, eu não consegui estar presente, pois sou chamada para várias cidades nesse dia, e todos me perguntam pelo Trem”.

O Trem do Samba sempre se teve o orgulho de se pagar os melhores cachês. Capoeira Machado sempre relatava sobre isso. São quase 600 músicos, mas de 1500 trabalhadores direto. Nesse tempo apareceu Trem de outros gêneros, Bonde do samba do saudoso Bandeira Brasil e mais a Barca do samba entre outros. Não me opus e muito menos barganhei sobre o BRT do Samba. Fui comunicado, mas não iria porque tenho desde a criação o compromisso com o Trem do Samba. Vi pessoas pelas quais tenho muito respeito envolvidas. Dorina, mestre Zé Luiz do Império, a Rede de Rodas de samba. Não relacionei uma coisa com a outra. Eu mesmo estarei hoje e amanhã com Mestre Nei Lopes no CCBB e no final de semana com um batalhão de Bambas na festa pelo dia Nacional do Samba feita pela prefeitura de Niterói. Aqui agradeço as secretarias de cultura do município e do estado, pois se mostraram solícitas em me ajudar a conseguir patrocinadores privados. E a Supervia, sempre parceira.

Vamos nós! Hoje existe uma demonização da cultura, e acho que por isso foram as inúmeras portas fechadas de quem poderia patrocinar. Então podem me perguntar, vamos de qualquer maneira? Aqui entro na questão da dignidade de ser sambista! Sei da atual conjuntura de intolerância e acho que para cada prática intolerante temos que responder com um local de cultura. Assim foi feito nesses quase 25 anos do Trem do Samba, que como o mestre Paulo da Portela, conseguiu andar de pescoço e pés ocupados. O Trem do Samba conseguiu ser a terceira maior festa da cidade, tendo o sambista como protagonista, e remunerando a todos com decência. De alguns anos pra cá viemos passando dificuldades, ao ponto do ano passado os trabalhadores e músicos se prontificarem a tocarem sem cachê.

Minha opinião: a festa que é considerada entre as 10 coisas mais cariocas, que leva no mínimo um Maracanã lotado para o bairro de Oswaldo Cruz e que nas edições de 2012 e 2013 virou um grande festival, não pode, por nossa dignidade como sambistas, ser feita de qualquer maneira. O Trem do Samba é uma celebração da nossa dignidade, fazendo de qualquer jeito, estaremos concordando com os 50% do couvert artístico que ficam com os donos da casa de show ou condenados para sempre a tocarmos só na rua pela cerveja, mesmo achando que para esse momento conjuntural é uma forma de resistência.

Por mais que prefira o investimento privado, o estado tem sim a obrigação com seus bens culturais imateriais.

Pela vitória de todos, o Trem do Samba não é uma simples roda de samba que se faz com o que se gasta num BRT do Samba ou mesmo com os recursos que fazemos nossa querida Feira das Yabás.
Sei que não sou dono da verdade e muito menos o porta voz do samba. O que quero é ver o samba sendo tratado a altura de um jazz e o sambista não precisando de lista para ser enterrado. Como diz o grande mestre Cadeia “ jamais tu voltarás ao barracão”.

Marquinhos de Oswaldo Cruz, cantor compositor e com muito orgulho sambistas.
Paz e Bem a todos!

Redação SRzd

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