Mangueira 2020: Em desfile frio, verde e rosa fica longe do bi

Desfile Mangueira 2020. Foto: RioTur

Desfile Mangueira 2020. Foto: RioTur

Por Amanda Rocha e João Carlos Martins

Jesus é ou não é da gente?

Propondo representar todas as faces de Jesus e sem seu calor costumeiro, a Estação Primeira de Mangueira levou para a Avenida um Carnaval um pouco diferente do que o público esperava. Prova disso foi a não reação das arquibancadas enquanto a Verde e Rosa passava. A plástica impecável não conseguiu esconder a frieza da escola. Por não ter empolgado nem mesmo seus componentes, vale a reflexão para entender qual Jesus é o verdadeiro Jesus da gente.

Fala, Rachel!

Rachel Valença. Foto: Nicholas Barbosa
Rachel Valença é comentarista do SRzd

“O carnaval da Mangueira, com a assinatura de Leandro Vieira, foi plasticamente muito bonito, mas estranhei a frieza da escola e do público, sempre vibrante quando se trata da Estação Primeira. Era sensível, além disso, a distância entre o que se via e o que o samba cantava. Talvez por isso o componente não mostrou a animação que caracteriza a escola.”

Fala, Luiz!

Luiz Fernando Reis. Foto: Reprodução/Youtube SRzd
Luiz Fernando Reis é comentarista do SRzd

“Confesso que esperava muito Mangueira, o bicampeonato eu acho que não vai rolar. Não há chance nenhuma. Enredo confuso, complicado e difícil. Essa opção de contar do início na galileia não deu certo. Ele acabou casando o Jesus da Galileia com o Jesus da Mangueira. Muito aquém do que eu esperava! Não aconteceu. A melodia acabou não dando empolgação.”

 

 

 

 

 

 

 

Comissão de frente

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Comandada por Priscilla Mota e Rodrigo Negri, a comissão de frente da Verde e Rosa retratou a versão imagética mais conhecida de Jesus: a de um homem branco. Muito bem coreografados, os bailarinos apresentaram a possível vida que Jesus teria caso tivesse nascido nos tempos atuais.

Entre um passo e outro, os bailarinos se mostraram Jesus fazendo selfies, curtindo a vida e até mesmo levando uma “dura”. No entanto, não gerou um impacto que se espera do Casal Segredo. As arquibancadas pareceram se empolgar apenas com aparição de Jesus por trás do Morro da Mangueira.

No mais, foi uma comissão coreograficamente bonita e técnica. Condizente ao profissionalismo do casal.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Espontaneidade e leveza podem ser consideradas as características mais forte de Matheus e Squel. Além do belo bailado, o casal esbanja simpatia e pelo sorriso de ambos, nota-se a paixão dos mesmos por seu Pavilhão.

Bastante cúmplices, o par bailou lindamente com suas coreografias bem elaboradas e defendeu as cores da Mangueira com amor.

Eliane Souza, comentarista do quesito pelo SRzd, disse que o casal promoveu uma simpática interação com o público.

“Conhecedores do bailado ancestral, Matheus e Squel travaram diálogos corporais em arranjos lineares e progressão circulares, expressos através da realização dos movimentos obrigatórios do bailado. O mestre-sala com seus giros e mesuras, galanteador, cortejou a sestrosa porta-bandeira durante todo o percurso. Observamos a cumplicidade do par na efetivação da dança, e a performance do par numa sequência de movimentos potentes, todavia suaves.
Tranquilos e espontâneos, os renomados sambistas, se apresentaram aos julgadores e promoveram uma simpática interação com o público.”

Alegorias e adereços

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Plasticamente, a Mangueira foi muito bonita. As alegorias, como já era de se esperar, estavam bem acabadas. A escola foi visualmente encantadora e bastante feliz em sua composição. Tendo o dourado como cor predominante na plástica do desfile a Verde e Rosa com certeza ganhará notas satisfatórias por suas alegorias.

Segundo Wallace Safra, comentarista do SRzd, o destaque no quesito ficou com o carro 4.

“O uso constante das nuances de dourado em quase todas as alegorias, foi algo presente e relevante para o entendimento do planejamento visual. Os acabamentos estavam primorosos e transpareceram muito cuidado e requinte. Alegorias grandes e adereços de mão altos, mostraram imponência e uma plástica mais expansiva, dinamizando o processo final como um todo homogêneo.
Destaque para o 4 carro “o calvário”

Fantasias

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Outro ponto positivo para a escola foram as fantasias muito bonitas e de fácil entendimento. Com um volume considerável e bastante luxo, as indumentárias foram satisfatórias e ajudaram a dar um tom mais feliz e harmônico à escola.

Neste quesito, Wallace Safra destacou o figurino da ala 17.

“Com o enredo “ A verdade vos fará livre” a agremiação trouxe para a avenida uma indagação de como seria ade volta de Cristo hoje em um contexto de tanta intolerância, preconceito, violência e perseguição.
Com um início de desfile todo em tons pasteis, a agremiação apresentou fantasias bem realizadas e com bons acabamentos. O acetato e as penas artificiais foram o grande trunfo do carnavalesco , contudo, ao trabalho foi somado as plumas, o que valorizou muito os demais materiais. Utilizados no volume. A escolha e mistura do tecidos também favoreceram uma leitura mais forte, mas sem perder a plástica proposta pelo enredo. Conjunto impecável.
Destaque para o figurino da ala 17 “Maria Madalena dos anos 2000″

Enredo

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

“A Verdade Vos Fará Livre” foi o enredo escolhido pela Verde e Rosa para o desfile de 2020. Com o intuito de não retratar a história de Jesus contada pela Bíblia e sim pelo povo.

A Mangueira conseguiu passar parte da sua mensagem com a plástica impecável e de fácil compreensão. Apesar das alas muito grandes, a escola cumpriu seu papel.

Samba-enredo

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Inferior ao samba do ano passado, a obra mangueirense de 2020 possui belíssima letra, mas melodia que não convence e empolga, o que refletiu na Sapucaí. A composição ficou arrastada e não teve a força que sua letra evoca em versos inteligentes e atuais. Também faltou um pouco de emoção. Como o samba é avaliado na Avenida, a escola pode correr riscos de perder décimos no quesito na apuração.

O carro de som, porém, esteve firme e seguro. Destaque para Marquinho Art’Samba que pelo segundo ano na Mangueira teve um desempenho muito satisfatório.

Bateria

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Sem dúvida alguma a bateria foi um dos, ou talvez o destaque do desfile da Mangueira. Os ritmistas mantiveram a qualidade dos anos anteriores. Com bossas de funk, a Surdo Um cumpriu brilhantemente seu papel durante todo o desfile.

A rainha Evelyn Bastos vestida de Jesus causou admiração e representou uma das faces do mesmo.

“A bateria da Mangueira fez uma apresentação impecável em todos os módulos de Julgamento. Segura, com ótimos arranjos, boas alas de tamborim, chocalho, caixa e timbal. Nem a fantasia, que abafava um pouco o som, conseguiu prejudicar a performance do ritmo. Mestre Wesley sai da avenida de alma lavada e sensação de dever cumprido. Destaque para a bossa do “Funk”, que era feita nos momentos das apresentações da comissão de frente.”

Harmonia

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Passagem muito aquém do que se espera da verde e rosa. Volume de canto baixo na maioria das alas. Poucas foram as que mantiveram o samba em alto e bom som. No segundo e quinto setores, por exemplo, muitos componentes desfilaram sem nem ao menos mexer a boca. Era perceptível também a presença de muitos estrangeiros nas alas, que em nada colaboraram com a harmonia da escola.

Evolução

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Outro quesito de chão em que a verde e rosa não mostrou excelência. Muitos componentes passaram pela Avenida andando, sem empolgação e vigor durante o desfile. Aquele ‘tapete em movimento’, tão bonito visto de cima, não aconteceu na agremiação. Pelo contrário, muitas alas estiveram ‘estáticas’.

No último setor, o número excessivo de componentes nas alas 17 e 18 causou uma embolação na pista. Em determinados momentos, a escola também acelerava passo e abria pequenos clarões dentro das alas.

Ficha técnica

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Enredo: A Verdade Vos Fará Livre
Presidente: Ellias Riche
Carnavalesco: Leandro Vieira
Intérprete: Marquinho Art’Samba
Mestre de Bateria: Wesley Assunção
Rainha de Bateria: Evelyn Bastos
Comissão de Frente: Priscilla Mota e Rodrigo Negri
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Matheus Olivério e Squel Jorgea

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