Lorenzo Andraghetti: malandragem italiana na ginga do Estácio

Lorenzo Andraghetti: da Itália para o Rio, primeiro passista europeu masculino do samba / Foto: Acervo Pessoal

Ele é italiano da cidade de Bolonha, mas descobriu o samba em 2007, durante um intercâmbio em Lisboa, cidade portuguesa onde moram muitos brasileiros. Nos bares do famoso Bairro Alto, que é chamado pelos brasileiros de “a Lapa de Lisboa”, o ritmo carioca começou a fasciná-lo. Ao voltar à Itália, o fascínio o levou a se envolver com as rodas de samba e choro em Roma, entre 2012 e 2017, onde começou tocando pandeiro.

“A cena musical brasileira na italia não é muito difundida. Tem uma comunidade brasileira consideravel somente em Roma” – conta Lorenzo Andraghetti, contando sua trajetória que, neste 2019, vai marcar história na Sapucaí. Ele será o primeiro passista masculino europeu a desfilar por uma escola de samba carioca, estreando pelo Estácio de Sá.

“Fiquei apaixonado pela alegria do ritmo e a cadência bem diferente do samba em relação ao rock e à musica pop europeia. No começo tentava imitar os passos do samba no pé que eu via nos bailes. Só alguns anos mais tarde, quando fui morar por uma temporada em Belo Horizonte em 2011, me aproximei mais da musica popular brasileira: além do samba, danço forró há 8 anos. Contudo, somente quando viajei para o Rio,  me dei conta o que era de verdade o samba no pé carioca…e aquele movimento da perna e o do quadril nunca saiu da minha cabeça” – revela Lorenzo, sem esconder o fascínio que o levou da percussão à dança propriamente dita do samba.

“Um dia quero dançar igual!” – pensava. Movido por esse sonho, em novembro de 2017 decidiu vir morar no Rio de Janeiro. Por intermédio da amiga brasileira Flavia Mota, ex-rainha de bateria da Unidos do Jacarezinho, visitou o Estácio, onde o coordenador de passistas Marcos Maya o acolheu para fazer parte da ala, onde desfilou pela primeira vez em 2018.

 “Costumo dizer que Lorenzo é um projeto que deu certo. Admiro demais a dedicação dele com nossa cultura: ele tem sede de aprender mais e mais.

Aos poucos vejo cada vez mais ele entrar nos moldes malandreados de um verdadeiro samba carioca!” – diz, orgulhoso, Marcos Maya.

Maya e outros passistas são citados por Lorenzo pela generosidade com que o ajudaram desde o começo a aprimorar seu estilo e sua dança:

“Eles me ajudaram a melhorar minha postura, o gingado, a posição dos braços, me mostrando como os verdadeiros malandros dançam no berço do samba mais antigo do Rio. Sabia que não seria fácil dançar como os outros cariocas, e até hoje penso que devo melhorar muito o meu samba no pé”- conta Lorenzo. Para ele, após um ano ensaiando todas as semanas, o samba evoluiu bastante. Bem-humorado, faz a sua ressalva:

“Com 32 anos e somente um ano de experiência na ala, não me comparo com os garotos de 20 anos que dançam há dez anos nas escolas de samba. 

A magia e o encanto das escolas de samba surpreendem mais uma vez. E fazem atravessar o Atlântico um destemido europeu que, não sendo navegador, aporta na Cidade Maravilhosa.  Desta vez para mostrar como se samba no pé com um molho à bolonhesa. 

Mamma mia!

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