Livro revela trajetórias dos compositores Aluísio Machado, David Corrêa e Hélio Turco

Aluísio Machado, David Correa e Hélio Turco. Foto: SRzd / Reprodução/Facebook / Divulgação

O livro Três poetas do samba-enredo, lançamento da editora Cobogó, olha para os artistas que, embora muitas vezes relegados aos bastidores, se dedicam a combinar os versos e as melodias que fazem com que cada carnaval transcenda a Avenida e ingresse em nosso imaginário coletivo: os compositores, aqui representados pelos mestres Aluísio Machado, David Corrêa e Hélio Turco. A pesquisadora e colunista do SRzd Rachel Valença, o jornalista Leonardo Bruno e o dramaturgo Gustavo Gasparani reverenciam esses expoentes que fizeram história no carnaval carioca em narrativas que, revelando as trajetórias individuais desses três poetas do samba-enredo, atravessam oito décadas de cavaco, repique e tamborim.

Aluísio é autor do inesquecível “Bum bum paticumbum prugurundum”, que marcou a vitória da Império Serrano em 1982. David compôs “Das maravilhas do mar fez-se o esplendor de uma noite” (dos versos “E lá fui eu pela imensidão do mar/ Essa onda que borda a Avenida de espuma/ Me arrasta a sambar”), que embalou o desfile da Portela em 1981. E Hélio escreveu “100 anos de liberdade – realidade ou ilusão” (“Pergunte ao Criador/ Quem pintou esta aquarela/ Livre do açoite da senzala/ Preso na miséria da favela”), do carnaval de 1988, um dos sambas mais emblemáticos da história da Mangueira. Mas, mais do que isso, os três têm um brilhante “conjunto da obra” – personificando, com suas carreiras e criações, a arte e a magia do carnaval carioca.

Rachel Valença é colunista e comentarista do SRzd. Foto: Reprodução Youtube

Cada um dos autores escreve sobre o compositor do samba preferido de sua escola do coração. A imperiana Rachel Valença narra a trajetória do (como ele próprio costuma se apresentar) “internacionalmente desconhecido Aluísio Machado” – com 14 composições de sua autoria entoadas na Avenida, tendo seis delas sido agraciadas com o Estandarte de Ouro de Melhor Samba-Enredo. Já o portelense Leonardo Bruno homenageia David Corrêa, o maior vencedor de sambas-enredo na azul e branco de Madureira (mas que também foi responsável por um dos mais cantados da história do Salgueiro e por um refrão da Estácio de Sá que extrapolou o mundo do carnaval). E o mangueirense Gustavo Gasparani fala da vida e da obra de Hélio Turco, que, segundo ele mesmo, “não toca, não bate, não canta, não samba e, também, não é turco”, ainda assim, desde 1957 se mantem fiel à verde e rosa, tendo levado a Mangueira a seis campeonatos – tornando-se o maior vencedor da escola e um dos maiores de todo o carnaval.

“Descobrimos que um doou para a caridade a porta do quarto da filha, o outro tinha uma mulher que falou mal do parceiro das composições no cabeleireiro, e o prosaico, o cotidiano vão nos apresentando, por trás das canções, os homens. Os três poetas aqui perfilados representam a tenacidade das gerações que se sucedem buscando a batida perfeita”, escreveu Milton Cunha no texto de orelha.

Além disso, na primeira parte do livro, os autores traçam panorama do gênero samba-enredo, esboçando um painel de sua evolução e suas transformações ao longo do tempo. Esse texto é construído, no melhor espírito carnavalesco, em tom de conversa: assim como fazem os poetas do carnaval ao criarem suas obras, os autores se sentaram em roda e jogaram palavras no ar, esmiuçando com muita propriedade o mundo dos fazedores de samba.

Como define no prefácio o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral, Três poetas do samba enredo “é uma espécie de farol para quem deseja navegar, a qualquer hora do dia ou da noite, pelo mundo do samba”.

Capa do livro. Foto: Divulgação

Sobre os autores

Leonardo Bruno é jornalista, escritor e roteirista. É autor dos livros Canto de rainhas, Zeca Pagodinho – Deixa o samba me levar, Explode Coração – Histórias do Salgueiro e Cartas para Noel – Histórias da Vila Isabel, entre outros. Durante 16 anos assinou uma coluna sobre as escolas de samba no jornal Extra, no qual atuou também como repórter, editor e gerente de negócios. Foi apresentador do programa Roda de Samba Ao Vivo, editor da revista Rio, Samba & Carnaval e criador do Carnaval Histórico. É pesquisador do Observatório do Carnaval, no Museu Nacional (UFRJ). Foi comentarista dos desfiles da Série A na TV Globo em 2020. Desde 2013 é jurado do prêmio Estandarte de Ouro.

Gustavo Gasparani é dramaturgo, ator e diretor, além de um dos fundadores da CIA DOS ATORES. Por seu trabalho recebeu os principais prêmios de teatro do país. Nos últimos anos desenvolve uma dramaturgia genuinamente brasileira para o nosso teatro musical, realizando espetáculos de sucesso como Otelo da Mangueira, Samba Futebol Clube, Zeca Pagodinho – Uma história de amor ao samba, Bem sertanejo e SamBRA – 100 anos de samba, entre outros. Dirigiu o prêmio Estandarte de Ouro por 10 anos, tendo participado do júri em 2010 e 2011. Desfila como passista da Mangueira há 32 anos. Tem três livros publicados: Em busca de um teatro musical carioca, Na companhia dos atores e As matriarcas da Avenida.

Rachel Valença é pesquisadora, jornalista e escritora. É mestre em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense, com dissertação sobre a retórica do samba-enredo: Palavras de purpurina. Pesquisadora da Casa de Rui Barbosa entre 1977 e 2010, foi diretora do Centro de Pesquisa da instituição por 12 anos. Mantém desde 2011 uma coluna no Portal SRzd. Tem vários livros e artigos publicados sobre Carnaval, em especial Serra, Serrinha, Serrano: O Império do samba, em segunda edição. Faz parte do júri do prêmio Estandarte de Ouro desde 2014. No Império Serrano há quase 50 anos, ocupou a vice-presidência da escola por cinco anos e hoje faz parte da Galeria da Velha Guarda.

Ficha técnica

Título: Três poetas do samba-enredo: compositores que fizeram história no carnaval
Autor: Gustavo Gasparani, Leonardo Bruno e Raquel Valença
Capa: Leticia Antonio
Número de páginas: 240 páginas
ISBN: 978-65-5691-028-4
Formato: Brochura
Dimensões: 14 x 21 cm
Preço: R$ 54,00
Editora: Cobogó

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