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Carnaval 2024: Lins Imperial, uma final de samba diferente

Final na Lins Imperial. Foto: SRzd

*Por Eliane Souza, comentarista do SRzd

Rio. O compositor Clóvis de Freitas me mandou esta mensagem às 3h10, porque nós saímos da quadra impressionados com a forma como foi escolhido o hino oficial 2024 da Lins Imperial no final de semana que passou.

“Já vi várias formas de escolha de samba-enredo, até na bala, por imposição de ‘dedo fora da escola’ , mas como fez a Lins Imperial, foi a primeira onde vi lisura. Havia uma urna que foi vistoriada diante da plateia e lacrada. Uma comissão de segmentos da agremiação é quem opina. E cada um, ao final da disputa, no palco, foi retirando de sua pasta de julgador com as letras, o samba de sua preferência e colocando na urna. Após o depósito de todos os votos ela foi aberta na presença do presidente Flávio Mello, no palco, e, assim começa a separação dos prospectos! Do samba que teve o maior número de letras ali depositado, é passado uma cópia para o intérprete da escola, que antes de dar o grito de guerra e cantar o samba vencedor, canta alguns refrões de sambas anteriores, até o samba do desfile até o de 2023 e, daí sim, faz o seu grito de guerra, conclamando toda a escola a cantar. Para surpresa de muitos a quadra explode numa verdadeira apoteose, e todos aclamam o samba vencedor”, contou Clóvis.

Deste modo aconteceu e foi aclamado hino oficial o samba 4, parceria de Jorginho Imperial, Pedro Vapor, Wallace Flabuçu, Bruno Rezende, Yanick Mazinni, Lucas Martins e Vitor Canavarro. Confirmando o que dissera em seu discurso, Eduardo Gonçalves, o carnavalesco da Lins Imperial, celebrou: “uma escolha democrática”. E o hino nos fala com seu forte refrão: “nosso samba resistiu contra todo preconceito, Jovelina é a voz do povo preto”!

O evento aconteceu no sábado (21), com presenças da filha de Jovelina, Cassiana Belfort, da Corte do Carnaval Carioca, da carnavalesca Maria Augusta, de Pedro Silva, presidente da Superliga e sambistas das agremiações Império Serrano, Renascer de Jacarepaguá, Tuiuti e Salgueiro.

Às 16h, aconteceu a abertura da quadra, com preparativos organizados pela direção da escola, direção de carnaval e a laboriosa equipe de harmonia, comandada por Charles Lopes e Carlos Portela, todos trajados com seus uniformes, impecáveis e no enredo 2024.

A festa iniciou com a etapa final do concurso para a nova Musa Lins Imperial, sob a coordenação da Rainha de Bateria Diva Oliveira e apresentação de Joyce Santos, segunda porta-bandeira da agremiação, com a participação de ritmistas da bateria “Verdadeira Furiosa” sob comando de Mestre Bradock.

A disputa foi acirrada e o corpo de julgadores, formado por Gabriel Castro, Tatiana Rosa, Aldione Senna, Marlon Cruz e Rafaela Dias, teve “trabalho para escolher”. A vencedora, que recebeu 149 pontos dos julgadores do concurso, foi Adryelle Mousinho de 24 anos, que trabalha como auxiliar de creche.

Logo a seguir, ocorreu um “esquenta” da bateria que provocou os sapateados de sua majestade Anderson Reis, e os segmentos da Lins Imperial, se apresentaram com muita alegria e vibração!

Sambas ontológicos e marcantes na história da agremiação foram lembrados, cantados e dançados: quem não se lembra de “Por um lugar ao sol”? Pois então, o primeiro casal da escola Jackson Senhorinho e Manoela Cardoso, em trajes belos e vistosos, na presença da Velha Guarda pomposa e perfilada, dançaram e fizeram a distribuição do axé do ancestrais que vieram benzer a festa!

Logo a seguir, as baianas dançaram “O monarca do samba”, uma homenagem a Monarco da Portela; e o Grupo Show dançando “Gênio da ilusão”, “Tenda dos Milagres” e “Tudo isso é Brasil”, fez a quadra delirar! A ala de passistas se exibiu, e muito samba no pé foi dançado ao som de “ZiCartola” e “Pinah”.

Como que voltando no tempo, o muso Diego Douratto nos fez cantar “Madame Satã”, relembrando os versos do samba de 1990: “Satã é mais um anjo que o inferno acolheu 
A Lapa é um mundo que jamais ele esqueceu”. E tivemos a força e a beleza da ala Plus Size, que sambou ao som de “Bezerra da Silva”.

Chegou, então, a hora de apreciar a graciosidade e beleza do bailado executado ao som de “Mussum”, na performance dos casais da escola, o segundo: Fabian Fernandes e Joyce Santos e, o terceiro: João Victor e Karolliny Fernandes, uma lindeza de bailado!

E fechando o show, ouvimos o samba de 2023, “Madame Satã “, o enredo em releitura pela escola, que foi dançado numa performance espetacular de dançarinos do Grupo Show em perfeita união com o primeiro casal da agremiação!

Márcia Miceli, da equipe de harmonia escreveu: “Eu achei a festa linda, quadra lotada”!, celebrou.

E assim, num clima de alegria e harmonia, iniciou-se a final de samba enredo, na qual o hino 2024 da escola foi, de forma diferenciada, escolhido!

Atento, Alexandre Fellipe, membro da equipe de harmonia, comentou: “Torci para vencer o melhor samba para ajudar a Lins retornar à Série Ouro. Venceu a comunidade e com a força da comunidade voltaremos a Sapucaí, na Série Ouro. A voz do povo é a voz de Deus. E salve o povo preto! Viva a Lins Imperial”.

Muito atencioso aos detalhes, Magno Alexandre, harmonia responsável e apresentador do primeiro casal, assim me escreveu: “ A festa foi linda, como eu ainda nunca tinha visto na Lins Imperial… Venceu, de verdade, o samba que representará bem a Agremiação no desfile. Parabéns a parceria Campeã. Agora é trabalhar e trabalhar, em busca das notas máximas! Vamos deixar a emoção de lado e buscar o resultado – quesito a quesito – e voltar a nosso Palco Sagrado, que é a Marquês de Sapucaí”, contou.

Foi um momento mágico, tudo em paz e na democracia! Eu, que tenho a primazia de ser membro da equipe do primeiro casal, cheguei em casa muito feliz e emocionada com o que vi, com a elegância da diretoria e com a reação da comunidade! Salve a Lins Imperial!

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