Lins Imperial sofre com problema em alegoria em desfile sobre Madame Satã

Lins Imperial tem problema com alegoria em desfile sobre Madame Satã

Lins Imperial tem problema com alegoria em desfile sobre Madame Satã. Foto: SRzd

A Lins Imperial foi a segunda escola da primeira noite de desfiles do Grupo de Acesso do Rio de Janeiro 2023 na Marquês de Sapucaí, a Série Ouro carioca.

Com um enredo super atual e bem carioca, a agremiação sofreu logo no início de sua apresentação com a quebra de uma das partes do segundo carro, que não entrou e foi rebocado ao final da passagem pela Avenida. Colorido, simpatia e muita vontade de resistir, foram os destaques da exibição.

+ em busca do Acesso:

No Carnaval de 2023, a Lins Imperial levou para a Avenida, sob uma abordagem contemporânea e em forma de manifesto, diferentemente de 1990, a história de João Francisco dos Santos, o Madame Satã, nordestino, preto e homossexual. O bicha malandro que, durante a primeira metade do século XX, fez da Lapa o seu mundo.

Hoje, suas histórias ainda habitam os becos e as vielas do bairro, sendo símbolo de reexistência. A escolha também vai ao encontro da agremiação ao falar sobre personalidades pretas e celebrar sua comunidade. O enredo faz parte da agenda dos 60 anos da escola, que será comemorado em março.

O cartaz, assinado pelo carnavalesco Edu Gonçalves, pelo designer Ney Júnior e pelo diretor cultural Igor Damásio, faz referência ao O Pasquim, jornal de grande circulação na época de Satã, que divulgava recorrentemente os causos envolvendo o bicha malandro, assim como ele se autointitulava.

Madame Satã: resistir para existir foi o título escolhido para o tema da verde e rosa desenvolvido pelos carnavalescos Edu Gonçalves e Ray Menezes.

+ comentaristas do SRzd avaliam desfile:

Célia Souto: “Lins Imperial entra na Avenida chamando a escola para a vibração, garra, canto forte e superação. A escola demonstra maior empenho no refrão do canto, porém não se observa o mesmo empenho na totalidade do samba em relação ao canto, alguns componentes desconcentrados quanto a totalidade do samba. Destaque para os intérpretes que dominam o samba com musicalidade. Em relação a evolução, o ritmo se apresenta com pouca fluência e leveza, sendo assim podemos notar uma irregularidade no ritmo do desfile em relação ao chão”.

Cadu Zugliani: “O samba da Lins, que para mim é um dos melhores da safra da Série Ouro, passou com um andamento um pouco pra frente, o que tira um pouco da beleza dele. Mas a escola cantou bastante e ajudou a levar o desfile que começou com alguns problemas. Muitas partes do samba valem destaque, mas, a que eu mais gosto é; ‘A sua vida foi um palco de teatro, negro drama do asfalto, flor que ensina a resistir, ó entidade, de bonecas e mendigos, renegados e vadios, baixe na Sapucaí'”.

Rachel Valença: “Com um desfile cheio de incidentes, como quebra de carro, a Lins não perdeu o pique. Embalados por um excelente samba, os componentes se empenharam para superar os imprevistos”.

Jaime Cezário: “A Lins Imperial trouxe o enredo a homenagem à Madame Satã. Uma excelente proposta de recontar a vida deste personagem folclórico da cidade do Rio de Janeiro. A ideia é ser um enredo manifesto, exaltando essa ‘Bicha Malandro’. Uma proposta completamente adequada a modernidade atual, onde os enredos em defesa das minorias, como racismo, xenofobia e homofobia estão no topo da moda carnavalesca. Esse enredo junta todas essas fobias, pois Satã era nordestino, preto e homossexual. Na apuração, deverá perder uns décimos pela falta da segunda alegoria, melhor dizendo, a segunda parte da alegoria. No abre alas foi percebida a ausência de um destaque. Atrás da segunda alegoria, havia uma ala que no roteiro fornecido não estava explicada. Nos figurinos, trouxe um belo colorido inicial, causando um impacto visual. Destaque para a ala das baianas com um belo colorido. Mas em termos do conjunto visual, cometeu pequenos pecados de acabamento, assim como, resplendores dobrando nas costas dos componentes das alas. Sobre as alegorias; teve impacto o colorido utilizado no seu abre alas, embora perceptíveis algumas falhas no acabamento. No conjunto, foram notadas que algumas esculturas apresentaram pequenos problemas de acabamento e falhas na pintura de arte”.

Wallace Safra: “Com o figurino “Madame Satã em atos – Tesistie para existir”. A comissão do coreógrafo Carlos Bolacha apresentou uma coreografia divertida, conectada ao enredo, trazendo vida à história de Madame Satã, agregando elementos religiosos como força da homenageada. Os componentes da comissão apresentaram uma dança tênue e faltou sincronismo na corografia, mas buscaram somar energia e intensidade nas expressões, interagindo também com o elemento coreográfico que expressava o palco da homenageada em forma de chapéu”.

Cláudio Francioni: “A bateria da Lins Imperial fez um desfile correto, porém, com algumas oscilações normais para a Série Ouro. Mestre Atila optou por bossas longas e, uma delas, em particular, dialogava muito bem com o público, quando os ritmistas abaixavam-se durante o refrão de baixo. Algumas dificuldades apareceram na compreensão nas nuances de chocalhos e tamborins que foram se acertando no decorrer do desfile. Pouco após a apresentação na primeira cabine de julgamento, percebe-se um desencontro entre as caixas de som, prejudicando por alguns segundos a levada rítmica. Em frente ao setor 5, o ritmo foi corrigido”.

Eliane Souza: “Com uma performance criada pela dupla Jackson Senhorinho e Manoela Cardoso, o primeiro casal da escola atravessou a Avenida com alegria e potência, apresentando um bailado atualizado no qual a manutenção dos movimentos obrigatórios da coreografia de cada um foi preservado. Profissionais de Educação Física e cultivadores das artes corporais, o casal fluiu com graça, demonstrando grande felicidade por portarem o glorioso pavilhão de sua escola! E eu, emoção pura, conduzida por Magno, nosso diretor de harmonia e apresentador do casal, acompanhei de perto a evolução do mesmo pela Avenida! Uma travessia mágica! Viva Jackson e Manoela”.

+ veja a galeria de fotos do desfile

(veja a ordem de desfiles do Acesso):

+ sexta-feira , 17 de fevereiro:

1ª – Arranco do Engenho de Dentro
2ª – Lins Imperial
3ª – Vigário Geral
4ª – Estácio de Sá
5ª – Unidos de Padre Miguel
6ª – Acadêmicos do Sossego
7ª – São Clemente

+ sábado , 18 de fevereiro:

1ª – União de Jacarepaguá
2ª – Unidos da Ponte
3ª – Unidos de Bangu
4ª – Em Cima da Hora
5ª – Unidos do Porto da Pedra (escolha de posição feita pela escola)
6ª – União da Ilha do Governador
7ª – Império da Tijuca
8ª – Inocentes de Belford Roxo

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