Leandro Vieira deixa Imperatriz e encaminha renovação com a Mangueira

Leandro Vieira. Foto: Leandro Milton - SRzd

Leandro Vieira. Foto: Leandro Milton – SRzd

Dividido entre Imperatriz, que defendeu na Série A, e Mangueira, que assinou no Grupo Especial, Leandro Vieira precisou escolher em qual das duas agremiações seguiria no Carnaval 2021. Prevaleceu a verde e rosa. Na noite desta segunda-feira (3), o carnavalesco publicou um texto de despedida da Imperatriz e confirmou seu desligamento da verde e branco.

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No ‘adeus’ à agremiação, Leandro lembrou de 2014, ano em que trabalhou na escola como assistente, para justificar que precisou voltar em 2020 para fechar um ciclo. Nesse Carnaval, o artista reeditou o enredo ‘Só da Lalá’, campeão em 1981, e faturou o título da Série A, fazendo a Imperatriz retornar ao Especial em 2021.

“Segue Imperatriz. Segue cantando, sorrindo, sonhando e sambando que eu estarei daqui te aplaudindo, na torcida e agradecido por ti e por tudo que você representa de forma particular para mim, e de forma coletiva, para o carnaval carioca. Obrigado por tudo, e sobretudo, por tanto”, escreveu Leandro Vieira. (leia a íntegra da carta ao final da matéria)

Mais um ano em verde e rosa…

Com a saída da Imperatriz, Leandro está praticamente renovado com a Mangueira. Assim como em anos anteriores, houve sondagem e propostas de outras escolas, mas tudo indica que o artista seguirá na verde e rosa. Será seu sexto ano na agremiação. Em cinco carnavais, venceu dois.

Situação igual é a dos coreógrafos da comissão de frente, Priscilla Mota e Rodrigo Negri. Até dias atrás, a dupla não dava como certa a permanência na escola por interesses de outras agremiações. Com o ‘fico’ de Leandro, o ‘casal segredo’ decidiu continuar a parceria de sucesso.

Desfile Mangueira 2020 Foto: Juliana Dias/SRzd.

Carta de despedida de Leandro da Imperatriz

Toda trajetória é também um ciclo. Essa coisa de fechar ciclos é um entendimento fundamental para toda caminhada. Um ciclo que se fecha é também a abertura para o ciclo que se abre. Em 2014, eu era um assistente na Imperatriz Leopoldinense. Ali, de alguma forma, um ciclo foi aberto, ao mesmo tempo em que também as circunstâncias da vida interromperam outro. Desse ciclo interrompido, abriu-se o ciclo que levou o Leandro até Pilares e a seguir, até à Estação Primeira. Ciclo aberto também é ciclo em movimento. E o movimento é o que deixa a trajetória de todos nós em ebulição, viva e contínua.

O ciclo que me trouxe até aqui também interrompeu um ciclo que eu precisava concluir. Já disse mais de uma vez que foi entre 2013 e 2014 que descobri que podia fazer carnaval. Já disse também que descobri isso lá na Imperatriz. Voltar para ela tantos anos depois foi uma possibilidade de me encontrar. E eu acredito que um artista também vive de reencontrar-se e feliz daquele cuja vida oferece a possibilidade de voltar a algum lugar para continuar algo que precisava ser concluído.

Em 2020, eu voltei pra Imperatriz como carnavalesco e uma festa interior imensa. O convite do Luizinho, desde o princípio, me causou alegria. Da alegria do convite veio a alegria de rever tanta gente querida em seu barracão, a alegria de voltar a sua quadra, abraçar sua comunidade e desenhar para vesti-la novamente.

Fazê-la no acesso e trazê-la ao especial me enche de orgulho e talvez seja um feito dos quais eu mais me orgulhe nessa minha trajetória tão recente. Com o campeonato, tanto pra mim quanto pra ela, um ciclo se encerra para que outro se abra. Pra mim, se encerra o ciclo interrompido em 2014 e se abre o ciclo de quem, com o dever cumprido, abre portas e mantém os caminhos livres. Para ela, encerra-se um período de desgosto para abrir-se o ciclo de quem volta de forma triunfal ao seu lugar, com a cabeça erguida e o sangue quente.

A ela, que me abraçou de forma generosa, desejo o melhor. Sua gente, os trabalhadores de seu barracão, o time – Marquinhos, mestre Lolo, Rafaela Theodoro, Thiaguinho, Hélio e Bete Bejane, Arthur Franco, Preto Jóia, Jorge Arthur e Wagner Araújo – seus torcedores e sua comunidade merecem o melhor. Agradeço a cada um de vocês a troca de sorrisos e estímulos, pedindo licença para agradecer à família Drumond, em especial ao presidente e a sua filha Kátia – dois braços de trabalho com disposição generosa – por toda a acolhida traduzida em afeto e entusiasmo.

Segue Imperatriz. Segue cantando, sorrindo, sonhando e sambando que eu estarei daqui te aplaudindo, na torcida e agradecido por ti e por tudo que você representa de forma particular para mim, e de forma coletiva, para o carnaval carioca. Obrigado por tudo, e sobretudo, por tanto.

Leandro Vieira, Março de 2020.

Desfile Imperatriz 2020. Foto: Henrique Matos

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