Prêmio SRzd Carnaval 2017: Leia as justificativas dos jurados para cada escolhido

Prêmio SRzd Carnaval 2017. Foto: Arquivo/SRzd

Prêmio SRzd Carnaval 2017. Foto: Arquivo/SRzd

O Prêmio SRzd Carnaval 2017 é o reconhecimento ao talento dos nossos artistas do samba. A festa que será realizada no sábado, dia 25 de março, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, tem o propósito de valorizar o esforço, empenho, dedicação e paixão de todos que se empenham para fazer um espetáculo de padrão internacional.

Os repórteres e comentaristas do SRzd Carnaval, como sempre, votaram com isenção, liberdade e transparência. Leia os argumentos para cada escolha:

Grupo Especial

MELHOR ESCOLA: Portela

O SRzd Carnaval considerou o desfile da Majestade do Samba o melhor do Carnaval 2017. Para os comentaristas, a escola teve canto e evolução perfeitos, uma bateria que desfilou sem cometer erros técnicos e apresentou uma plástica convincente para descrever seu enredo sobre os rios. Os carnavalescos Paulo Barros e Paulo Menezes tiveram momentos altos em alegorias criativas e fantasias de extremo bom gosto, num desfile emocionante.

O carro que lembrava a tragédia de Mariana e a exaltação aos personagens históricos da escola no encerramento do desfile foram destaques absolutos, causando grande emoção ao público presente,

MELHOR SAMBA-ENREDO: Beija-Flor

O samba da Beija-Flor reuniu ousadia e qualidade. Fugiu completamente dos padrões com um refrão gigantesco que apostou na sonoridade de palavras como Juremê e Jurema. Mas o maior mérito do samba é conseguir passar a história de Iracema de forma didática, mas muito poética. As pausas do início da segunda parte são bastante incomuns para os padrões de hoje. O samba, como um todo, favorece demais o canto dos componentes com rara beleza melódica. Samba nota 11.

MELHOR CARNAVALESCO: Alexandre Louzada (Mocidade)

Com o enredo “As Mil e Uma Noites de uma Mocidade pra lá de Marrakesh”, o carnavalesco Alexandre Louzada fez, segundo o júri do Prêmio SRzd, o mais completo trabalho de alegorias e adereços do Grupo Especial. Com muito luxo e bom gosto, o enredo teve leitura fácil e muita originalidade nas soluções.

MELHOR BATERIA: Imperatriz

A “Swing da Leopoldina” fez um desfile incrível. Andamento adequado ao samba, bossas dentro da melodia, criativa e com um conjunto técnico de extrema qualidade. Mestre Lolo, diretores e ritmistas estão de parabéns com mais uma linda apresentação em seu segundo ano no grupo especial.

O fato do Lolo ter pego uma bateria que não existia há dois anos, o ano passado tê-la transformado 100% e hoje ela ter vindo praticamente pronta foi outro ponto positivo. Quem viu a Imperatriz há dois anos, viu que a escola estava desmontada, sem bateria. E, por isso, para ela foi muito mais difícil do que para outras baterias que atuam há 10, 12, 15 anos.

MELHOR COMISSÃO DE FRENTE: Mocidade

A comissão trouxe para a avenida uma pequena encenação do clássico Aladdin. Um roteiro muito bem equilibrado entre momentos coreográficos e cênicos. Um tripé que servia de estrutura em momento algum atrapalhou a encenação. A direção conseguiu fazer com que olhássemos para o lugar certo na hora certa. O passeio de Aladdin sobre um tapete motorizado e o surgimento das odaliscas foram o pano de fundo para o ápice do trabalho. O voo do Aladdin (drone) pela Marquês de Sapucaí foi criativo, inovador e mesmo assim… clássico.

MELHOR INTÉRPRETE: Tinga (Unidos da Tijuca)

Apesar do grau de dificuldade que a escola estava passando, o intérprete Tinga não esmoreceu e não deixou nada afetar a sua voz. Ele manteve sua performance como se fosse um desfile normal. O que Tinga fez foi empolgar a escola toda, a comunidade, as alas. Ele chamava a escola para não desistir, para lutar e ainda manteve afinação, manteve pegada. O carro de som também estava bastante concentrado. Além de ser uma equipe de profissionais de alto nível. Essa junção toda fez com que ele fosse escolhido como melhor intérprete.

Quem estava no Setor 1, antes do início do desfile, presenciou todo o acidente, presenciou também o casal Rute e Julinho, a bateria do Mestre Casagrande e o carro de som comandado pelo Tinga. Todo aquele sentimento foi visto, foi testemunhado por esses três segmentos. Mestre Casagrande e Tinga não deixaram a peteca cair e o intérprete cantou maravilhosamente o samba durante todo o tempo como se nada estivesse acontecendo. Ele teve a frieza de um profissional. Só que nos olhos dele caíam lágrimas. Ele chorava triste e emocionado, mas a voz dele não deixava transmitir para ninguém. Isso é o bastante para premiar Tinga. Além de ser um dos maiores puxadores do Carnaval carioca atual.

MELHOR CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: Phelipe Lemos e Dandara Ventapane (União da Ilha)

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da União da Ilha do Governador, Phelipe Lemos e Dandara Ventapane, apresentou uma coreografia bem construída com um grau de dificuldade elevado. A dupla mostrou elegância, nobreza, sincronia, sintonia, técnica e romance, características fundamentais para o sucesso deste quesito. Phelipe apresentou passos complexos e um riscado primoroso. Já Dandara, mais uma fez, demonstrou enorme evolução em sua dança. Os jurados reconheceram o trabalho e a dupla conseguiu a pontuação máxima para a escola.

MELHOR ALA DE PASSISTAS: Portela

Os passistas da Portela foram os mais votados pela elegância e desenvoltura com que exibiram a força do samba no pé, com muita vibração e uma evolução compacta durante todo o desfile.

MELHOR ALA DE BAIANAS: Mangueira

O carnavalesco Leandro Vieira esbanjou criatividade com suas baianas representando os saquinhos de doces de São Cosme e São Damião, no enredo “Só com a ajuda do santo”. Além de criativa, a fantasia tinha belo efeito e muita sigeleza no uso de cores.

Série A

MELHOR ESCOLA: Unidos de Padre Miguel

Pelo terceiro ano consecutivo, a UPM mostra a força de seus componentes e a competência de sua equipe técnica. Fez desfile de Grupo Especial, com alegorias imponentes e fantasias volumosas, além de uma leitura fácil de seu enredo. Com destaque ao minucioso acabamento dos carros e à empatia da escola com o samba bastante cantado em toda a avenida.

MELHOR SAMBA-ENREDO: Renascer de Jacarepaguá

Contar uma história é a missão do samba-enredo. Misturar duas histórias é uma aventura. O samba da Renascer de Jacarepaguá viveu esta aventura. João Cândido e Carolina de Jesus viraram poesia nas mãos de Moacyr Luz, Cláudio Russo e Diego Nicolau. Eles não tiveram medo de ousar. A melodia inebriante junta mundos paralelos e nos faz viajar na relação entre o papel e o mar. Que samba-enredo, desatando os nós, que obra de arte nos trouxe a Renascer!

MELHOR CARNAVALESCO: João Vitor Araujo (Rocinha)

Para o júri do Prêmio, 2017 foi o ano da confirmação do talento diferenciado de João Vitor Araujo como um dos grandes carnavalescos da nova geração. Com seu enredo “No Saçarico da Marquês, Tem Mais um Freguês: Viriato Ferreira”, o tributo prestado ao saudoso carnavalesco conseguiu consolidar um trabalho de pesquisa apurada da obra de Viriato a uma leitura autoral e original de João Vitor.

MELHOR BATERIA: Renascer de Jacarepaguá

A bateria da Renascer de Jacarepaguá fez um desfile tecnicamente perfeito. Mestre Dinho deu aula de swing e manutenção rítmica. Naipes e timbres muito bem definidos e precisos.

MELHOR COMISSÃO DE FRENTE: Estácio de Sá

A comissão de frente coordenada por Márcio Moura trouxe para a avenida um tripé alusivo a comunidade de São Carlos, moradia de Gonzaguinha no início de sua vida. Deitado no tripé, um enorme boneco manipulado pelos 14 integrantes. A comissão trouxe ainda três elementos alegóricos que interagiam com o tripé: uma pipa; um peão e um violão. O resultado visual e plástico da comissão agradou em muito aos jurados e ao público. O figurino fazia com que os bailarinos se camuflassem na estrutura dando mais veracidade ao boneco quando o mesmo acordava (ponto alto do trabalho). Comissão que cumpriu todos os quesitos de interação com o público.

MELHOR INTÉRPRETE: Zé Paulo (Viradouro)

Bicampeão do prêmio, o intérprete Zé Paulo Sierra confirmou, em 2017, sua ascensão artística ano após ano. Além da qualidade de voz e afinação, tornou-se um showman na avenida, apostando, inclusive, no uso de fantasias relacionadas ao enredo. A energia que ele passa para a escola é contagiante.

Zé Paulo conduziu o samba da Unidos do Viradouro com técnica e alma. Bem assessorado pelos integrantes do carro de som e apoiadores, estimulou os desfilantes da escola e a Viradouro apresentou excelente rendimento no quesito harmonia. Zé Paulo é um dos intérpretes da nova geração que tem se destacado ao longo dos últimos carnavais.

MELHOR CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: José Roberto e Alcione Carvalho (Estácio de Sá)

José Roberto e Alcione formaram um casal muito bem sincronizado na dança. Muitíssimo bem ajudados pela bela indumentária. José Roberto sofreu uma crítica muito veemente nos ensaios técnicos por ele ter colocado o joelho no chão. Quando chegou no Carnaval, ele surpreendeu porque não fez nada daquilo que apresentara no ensaio técnico.

A Alcione prestou muita atenção no José Roberto porque era a primeira vez que os dois dançavam juntos. Eles fizeram a dança tradicional na característica do bailado de mestre-sala e porta-bandeira. O casal ocupou com eficiência o espaço da passarela, na lateral esquerda, direita, frente e fundo. Ele fez uma proteção digna de que o mestre-sala tem que fazer. Evidentemente o olho no olho – o cortejo –  foi o mais importante para levar o prêmio.

MELHOR ALA DE PASSISTAS: Viradouro

Dirigida por Pretinha Gomes, a ala de passistas da Viradouro teve uma evolução perfeita e mostrou a virtude do samba no pé com muita força no canto e comunicação com o público.

MELHOR ALA DE BAIANAS: Acadêmicos do Cubango

As baianas representando Clara Nunes no enredo sobre João Nogueira causaram comoção na avenida e foram o grande destaque no desfile da escola de Niterói.

Personalidade do Carnaval

De forma excepcional, esta premiação consagrará três personagens que tiveram suas vidas interligadas ao mesmo acontecimento. Trata-se da porta-bandeira Jéssica Ferreira, do mestre-sala Vinícius Antunes e do professor Mestre Manoel Dionísio.

A porta-bandeira Jéssica Ferreira foi vítima de um acidente imprevisível. Mesmo com a entorse no joelho, ela manteve a bandeira em pé, o que é a demonstração mais fidalga de respeito ao pavilhão.

Seu parceiro, Vinícius Antunes, mesmo diante do acidente, continuou o espetáculo demonstrando respeito ao público e aos jurados. Ele soube manter a elegância, consideração e devoção ao seu ofício.

O mestre Manoel Dionísio, comentarista do SRzd, e professor de muitos casais de porta-bandeira e mestre-sala, ultrapassou a grade e foi em direção ao casal para ajudar Jéssica Ferreira, que acabara de se acidentar. Ele foi seu professor e a conhece desde os oito anos de idade. Não bastasse o impulso humano de ajudar o semelhante, ele ainda orientou a direção da escola a chamar uma porta-bandeira substituta para continuar o desfile.

A perplexidade de todos naquele momento foi substituída por ação prática, objetiva e que contribuiu para o prosseguimento da apresentação. Caso o mestre Dionísio não tivesse interferido, tudo indicava que a Escola demoraria a achar uma solução.

Intendente Magalhães:

MELHOR ESCOLA: Tradição

A equipe do SRzd Carnaval, presente aos desfiles da Série B, na Passarela da Intendente Magalhães, justificou a escolha da Tradição como a melhor escola por trazer uma versão da obra “O Lago dos Cisnes” para a Avenida em seus quatro atos. A união do clássico com o erudito, conforme adiantou o carnavalesco da escola, Leandro Valente, transformou o desfile da azul e branca num grande espetáculo.

O carnavalesco criou belas fantasias, com destaque para as alas de bailarinas e as baianas. O samba foi de fácil leitura e cantado pelos componentes com entusiasmo. O enredo se apresentou de forma fiel à obra original, com seus personagens e as tramas divididas em atos. Apesar da dramaticidade da proposta, no Carnaval a história teve um final feliz, em meio a confetes e serpentinas.

MELHOR SAMBA-ENREDO: Unidos de Bangu

Com relação ao samba-enredo, a equipe foi unânime em escolher a obra da Unidos de Bangu, dos compositores Tem-Tem Jr, Richard Valença, Diego Nicolau, Marquinho Art Samba, Dudu Senna, Rafael Prates, André Baiacu, Professor Fernando, Renan Diniz, Rafael Tinguinha, Kevin Sardou, Márcio Campos Sp e Wallace Tafakgi, por ela estar dentro do enredo proposto sobre o “Fogo”. Além de ser o mais completo, tendo a melhor melodia e interpretado com maestria por Nil Souza. O samba-enredo da Unidos de Bangu mostrou-se completo em termos de letra e melodia.

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