João Soares: o “Pequeno Notável” do samba no pé

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Quem frequenta a quadra da Grande Rio já se acostumou. Virou rotina. Quando a ala de passistas da escola começa seus ensaios, uma pequena figura vai tomando vulto, numa evolução de samba eletrizante e irrequieta, em meio ao furdunço do samba. Numa esfuziante e inusitada combinação de giros, saltos, movimentos de subida e descida, ele […]

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Hélio Rainho

14/11/2018 | 6 min de leitura

João Soares: o “Pequeno Notável” do samba no pé
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Quem frequenta a quadra da Grande Rio já se acostumou. Virou rotina.

Quando a ala de passistas da escola começa seus ensaios, uma pequena figura vai tomando vulto, numa evolução de samba eletrizante e irrequieta, em meio ao furdunço do samba. Numa esfuziante e inusitada combinação de giros, saltos, movimentos de subida e descida, ele ganha o chão e as alturas sucessivamente, exibindo trejeitos da vertente do samba malandreado, performance peculiar e uma explosão contagiante de intenso samba no pé. Na última semana, um vídeo produzido pelo cinegrafista e fotógrafo J.M. Arruda durante exibição da Tricolor de Caxias na quadra da Estácio de Sá repercutiu e espalhou aos quatro cantos o talento irresistível de João Soares, conhecido como Joãozinho, o “Pequeno Notável” do samba no pé.

“O que eu sinto é que ele tem a total consciência de que é um artista. Creio que ele sabe que pode criar. Diversificar seus passos. Há algo de moleque, mas com muita consciência”, afirmou Arruda, que, além de documentarista, é também doutor em Filosofia e estuda, com suas imagens, o corpo artístico em movimento, sendo um notável pesquisador da dança dos passistas, detentor do maior acervo existente desse segmento.

João também participa de quadrilhas juninas. Foto: Adriano Rodrigues

A vida desse pequeno grande João é simples como as palavras que ele usa para explicar seu samba inovador e diferenciado, um misto de algumas referências das danças populares e, sobretudo, dos ciclos juninos, dos quais ele sempre participou nas quadrilhas. O menino de 17 anos, filho único, acorda diariamente às 5:50 da manhã para iniciar sua rotina. Vai à escola, volta para casa para ajudar a mãe nas rotinas do lar, sai às 16h para a escola de dança e, nos dias de ensaio, segue a pé até a quadra da Grande Rio para revelar-se o artista genuíno que tem conquistado admiradores da arte do passista.

Sua entrega ao samba é fato recente. No ano de 2016, começou a frequentar as quadras com o amigo e também passista Neto Santos. Na oportunidade, foi apresentado à diretora Tina Bombom, da Inocentes de Belfort Roxo, que imediatamente percebeu tratar-se de um talento diferenciado:

“Esse menino, quando chegou na Inocentes, logo senti que ele seria um destaque. Fiz o meu melhor como faço por todos que passam por mim. E ele é mega dedicado. Não faltava projeto, estava em todos os eventos. E sempre reconhece de onde veio o aprendizado, nunca esquece da Inocentes”, lembra Tina.

Da Inocentes de Belfort Roxo, outro ilustre do samba, o diretor Avelino Ribeiro, fez a ponte para que João pudesse integrar seu elenco de passistas da Grande Rio. “O João conseguiu dar uma contemporaneidade ao seu estilo de sambar, mesclando passos rápidos e sincronizados de samba com dança de quadrilha e jazz contemporâneo. Esta mistura resulta num bailado que enche os nossos olhos de prazer”, diz o diretor Avelino, orgulhoso.

“Ele é um fenômeno!”, afirma Fábio Batista, comentarista do SRzd, coreógrafo e ex-passista, considerado uma referência em dança do samba. “João é um talento daqueles que só nasce um em mil. Tem acesso para múltiplas expressões artísticas no quesito artes cênicas. Despretensiosamente, ele encanta pela naturalidade fantástica, traça seus pés tão bem que acaba por envolvê-los e desenvolvê-los plenamente tanto no samba quanto na quadrilha, onde já é uma estrela consagrada. Ele tem giros, grand pliés, fuetês tão fluidos que o fazem bailar sem rótulos. Acho que dentro do seu corpo se relacionam tão bem a dança junina e a dança do samba que elas tratam de se misturar e se alimentar, dando a ele uma perfomance individual sem traços de uma dança escolar”, complementa, destacando, ainda, a autenticidade de seus movimentos, marcada, segundo Fabinho, por “um desapego à reprodução e à marca de professores, o que ajuda a revelar uma personalidade forte e prazerosa de se testemunhar!”.

O talentoso e versátil George Louzada, coreógrafo e diretor de passistas da Mocidade Independente, que por muitos anos foi o mais jovem diretor de passistas do Grupe Especial, não poupou elogios a João: “Ele tem a essência da nova geração. O vigor, o sabor, o encantamento, a garra. Mostrou novos passos, uma harmonia perfeita que encanta e prende o olhar de qualquer público. Ele soube unificar movimentos clássicos da quadrilha com os riscados e floreios do samba no pé. É um monstro! Retrata tudo que há de novo no cenário passista”.

“Ao vê-lo sambar, vejo claramente um artista do samba. Sinto como se seus pés estivessem levitando e com um expressão corporal magnífica, vejo seu corpo vibrar ao som da bateria. Sem dúvida nenhuma, João Soares é uma grande revelação de sambistas desta geração”, afirma Marcos Maya, coreógrafo e diretor de passistas da Estácio de Sá.

João Soares em apresentação com a Grande Rio. Foto: J.M Arruda

Valci Pelé, reconhecido por ter fundamentado princípios teóricos para a dança dos passistas, também admira a potencialidade e a contribuição do garoto ao segmento passistas:

“O Joãozinho é um solista capaz de contribuir como agente transformador da realidade da nossa arte e, ao mesmo tempo, mostra-se responsável pelo próprio corpo, expressando-se e comunicando-se artisticamente através da Arte da Dança do Samba. Ele tem uma característica peculiar: usa movimentos previamente estabelecidos por sua essência junina – coreografia – e movimentos improvisados que são sua dança do samba”, pontua Pelé, hoje diretor de passistas da Unidos do Viradouro.

João está em seu auge. Aclamado, admirado, procura ter os pés no chão para não perder suas referências. Ainda menino, alimenta o sonho de formar-se futuramente em Educação Física. Por enquanto, segue aprimorando seus dons, apostando na versatilidade de quem estuda jazz, balé, hip hop, dança moderna e vai fundindo um pouco de cada fundamento à sua performance como notável passista.

E vai assim… caminhando, seguindo seus passos de quem acorda cedo e vislumbra, na avenida da vida, os mesmos holofotes que o têm revelado como passista.

Ele sabe que, para ser grande, é preciso fazer-se muitas vezes pequeno. Ele sabe que, mesmo sendo pequeno, sua sina é ser grande.

Notável!

Joãozinho já é o “Pequeno Notável” do samba carioca!

Veja a apresentação do passista:

Quem frequenta a quadra da Grande Rio já se acostumou. Virou rotina.

Quando a ala de passistas da escola começa seus ensaios, uma pequena figura vai tomando vulto, numa evolução de samba eletrizante e irrequieta, em meio ao furdunço do samba. Numa esfuziante e inusitada combinação de giros, saltos, movimentos de subida e descida, ele ganha o chão e as alturas sucessivamente, exibindo trejeitos da vertente do samba malandreado, performance peculiar e uma explosão contagiante de intenso samba no pé. Na última semana, um vídeo produzido pelo cinegrafista e fotógrafo J.M. Arruda durante exibição da Tricolor de Caxias na quadra da Estácio de Sá repercutiu e espalhou aos quatro cantos o talento irresistível de João Soares, conhecido como Joãozinho, o “Pequeno Notável” do samba no pé.

“O que eu sinto é que ele tem a total consciência de que é um artista. Creio que ele sabe que pode criar. Diversificar seus passos. Há algo de moleque, mas com muita consciência”, afirmou Arruda, que, além de documentarista, é também doutor em Filosofia e estuda, com suas imagens, o corpo artístico em movimento, sendo um notável pesquisador da dança dos passistas, detentor do maior acervo existente desse segmento.

João também participa de quadrilhas juninas. Foto: Adriano Rodrigues

A vida desse pequeno grande João é simples como as palavras que ele usa para explicar seu samba inovador e diferenciado, um misto de algumas referências das danças populares e, sobretudo, dos ciclos juninos, dos quais ele sempre participou nas quadrilhas. O menino de 17 anos, filho único, acorda diariamente às 5:50 da manhã para iniciar sua rotina. Vai à escola, volta para casa para ajudar a mãe nas rotinas do lar, sai às 16h para a escola de dança e, nos dias de ensaio, segue a pé até a quadra da Grande Rio para revelar-se o artista genuíno que tem conquistado admiradores da arte do passista.

Sua entrega ao samba é fato recente. No ano de 2016, começou a frequentar as quadras com o amigo e também passista Neto Santos. Na oportunidade, foi apresentado à diretora Tina Bombom, da Inocentes de Belfort Roxo, que imediatamente percebeu tratar-se de um talento diferenciado:

“Esse menino, quando chegou na Inocentes, logo senti que ele seria um destaque. Fiz o meu melhor como faço por todos que passam por mim. E ele é mega dedicado. Não faltava projeto, estava em todos os eventos. E sempre reconhece de onde veio o aprendizado, nunca esquece da Inocentes”, lembra Tina.

Da Inocentes de Belfort Roxo, outro ilustre do samba, o diretor Avelino Ribeiro, fez a ponte para que João pudesse integrar seu elenco de passistas da Grande Rio. “O João conseguiu dar uma contemporaneidade ao seu estilo de sambar, mesclando passos rápidos e sincronizados de samba com dança de quadrilha e jazz contemporâneo. Esta mistura resulta num bailado que enche os nossos olhos de prazer”, diz o diretor Avelino, orgulhoso.

“Ele é um fenômeno!”, afirma Fábio Batista, comentarista do SRzd, coreógrafo e ex-passista, considerado uma referência em dança do samba. “João é um talento daqueles que só nasce um em mil. Tem acesso para múltiplas expressões artísticas no quesito artes cênicas. Despretensiosamente, ele encanta pela naturalidade fantástica, traça seus pés tão bem que acaba por envolvê-los e desenvolvê-los plenamente tanto no samba quanto na quadrilha, onde já é uma estrela consagrada. Ele tem giros, grand pliés, fuetês tão fluidos que o fazem bailar sem rótulos. Acho que dentro do seu corpo se relacionam tão bem a dança junina e a dança do samba que elas tratam de se misturar e se alimentar, dando a ele uma perfomance individual sem traços de uma dança escolar”, complementa, destacando, ainda, a autenticidade de seus movimentos, marcada, segundo Fabinho, por “um desapego à reprodução e à marca de professores, o que ajuda a revelar uma personalidade forte e prazerosa de se testemunhar!”.

O talentoso e versátil George Louzada, coreógrafo e diretor de passistas da Mocidade Independente, que por muitos anos foi o mais jovem diretor de passistas do Grupe Especial, não poupou elogios a João: “Ele tem a essência da nova geração. O vigor, o sabor, o encantamento, a garra. Mostrou novos passos, uma harmonia perfeita que encanta e prende o olhar de qualquer público. Ele soube unificar movimentos clássicos da quadrilha com os riscados e floreios do samba no pé. É um monstro! Retrata tudo que há de novo no cenário passista”.

“Ao vê-lo sambar, vejo claramente um artista do samba. Sinto como se seus pés estivessem levitando e com um expressão corporal magnífica, vejo seu corpo vibrar ao som da bateria. Sem dúvida nenhuma, João Soares é uma grande revelação de sambistas desta geração”, afirma Marcos Maya, coreógrafo e diretor de passistas da Estácio de Sá.

João Soares em apresentação com a Grande Rio. Foto: J.M Arruda

Valci Pelé, reconhecido por ter fundamentado princípios teóricos para a dança dos passistas, também admira a potencialidade e a contribuição do garoto ao segmento passistas:

“O Joãozinho é um solista capaz de contribuir como agente transformador da realidade da nossa arte e, ao mesmo tempo, mostra-se responsável pelo próprio corpo, expressando-se e comunicando-se artisticamente através da Arte da Dança do Samba. Ele tem uma característica peculiar: usa movimentos previamente estabelecidos por sua essência junina – coreografia – e movimentos improvisados que são sua dança do samba”, pontua Pelé, hoje diretor de passistas da Unidos do Viradouro.

João está em seu auge. Aclamado, admirado, procura ter os pés no chão para não perder suas referências. Ainda menino, alimenta o sonho de formar-se futuramente em Educação Física. Por enquanto, segue aprimorando seus dons, apostando na versatilidade de quem estuda jazz, balé, hip hop, dança moderna e vai fundindo um pouco de cada fundamento à sua performance como notável passista.

E vai assim… caminhando, seguindo seus passos de quem acorda cedo e vislumbra, na avenida da vida, os mesmos holofotes que o têm revelado como passista.

Ele sabe que, para ser grande, é preciso fazer-se muitas vezes pequeno. Ele sabe que, mesmo sendo pequeno, sua sina é ser grande.

Notável!

Joãozinho já é o “Pequeno Notável” do samba carioca!

Veja a apresentação do passista:

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